Ser
criança
Quão
criança
você é,
ainda,
às
vezes?
Quanto
se
permite
fazê-lo?
Descobre-se,
encanta-se,
sonha e
vive?
Por que
não?
Envolto
em
tantas
preocupações
e
responsabilidades,
sitiados
ante os
deveres
do
dia-a-dia,
angustiados
por
atender
os
compromissos
inadiáveis,
nem
sempre
temos
tempo e
chance
de
sermos
crianças...
Criança
é quem
ri de si
mesmo,
quando
percebe
que não
sabe
fazer ou
comete
pequenos
equívocos.
Cantarola
sua
canção
preferida,
na rua,
no ponto
de
ônibus,
ou, até
mesmo,
mais
reservadamente,
no
chuveiro,
mesmo
sabendo
que
alguém
pode
ouvir...
Que
senta no
chão com
seu
filho, e
age como
um
menino
que se
deslumbra
com um
brinquedo
novo,
sem
pressa,
parecendo
que
aquele
instante
não irá
acabar...
Que se
apaixona
por seus
sonhos,
tal qual
fez um
dia,
tendo
como
fonte de
desejo a
professora
ou a
prima
mais
velha,
que nem
se davam
conta
que você
existia.
Porque,
o
importante,
naqueles
tempos,
era
ficar
perto
dela um
pouco,
tal qual
fazemos,
hoje, em
relação
ao que
gostaríamos
fosse
verdade.
Que se
imagina
capaz de
resolver
os
problemas
cotidianos,
aqueles
que
ficam em
nossa
mente
até a
hora de
dormir,
do mesmo
modo que
nos
víamos
como
super-heróis,
mocinhos
ou
bandidos,
indestrutíveis
e
poderosos,
nas
brincadeiras
e
fantasias.
Que,
hoje,
toma
banho de
chuva,
por
descuido,
em razão
de ter
esquecido
o
guarda-chuva,
mas não
se
zanga,
por
lembrar
que, na
infância,
mesmo
com a
bronca
dos
pais,
dava um
jeitinho
de tomar
chuva
pra se
refrescar...
Que
procura
amigos
sinceros
entre os
circunstantes,
e, às
vezes,
só tem
colegas
ou
conhecidos,
porque
se
descobre
fechado
em si
mesmo,
com medo
de tudo
e de
todos,
quando,
em
tempos
infantis,
era tão
fácil
fazer (e
manter)
amigos...
Que
precisa
de
proteção,
de
segurança,
mas age
timidamente,
com medo
da
reação
dos
outros,
que o
esperam
e
consideram
forte e
capaz,
quando a
vontade
era ter,
de novo,
o colo e
o ombro
de pai e
mãe para
consolá-lo...
Que
acorda
tarde,
perde a
hora, e
se
enfurece
ao não
poder
atender
o
compromisso,
mas logo
esquece,
pois
sabe que
haverá
outras
manhãs,
e outras
chances,
tal qual
no tempo
em que
descobria
que a
derrota
no
futebol
ou a
nota
baixa
seriam
recuperadas,
logo à
frente.
Ou que
sente a
presença
dos bons
amigos
espirituais,
nas
horas de
desespero
ou
necessidade,
do mesmo
modo em
que
conversava
com
seres
imateriais,
que lhe
pareciam
reais,
embora
ninguém
– além
de você
– os
visse.
Continuamos
sendo
crianças,
em
Espírito,
porque
ainda
tão
pouco
sabemos
das
verdadeiras
Leis da
Vida, o
que não
nos
impede,
todavia,
de
caminhar
e
experimentar.
E, a
cada
descoberta
ou
ventura,
tal qual
a
criança
que se
maravilhava
com o
desconhecido
e o
sobrenatural
– porque
tudo,
naquele
tempo,
era
superior
à sua
natureza
infante
–, nos
sentimos,
hoje,
bem e
satisfeitos,
somente
por
viver, o
que já
nos
basta.
Deixamos,
então,
de ser
pessimistas
ou
excessivamente
cautelosos.
A vida,
assim,
volta a
ter tons
multicores,
sons
harmoniosos
e traços
mágicos.
Deixemos,
então,
que
nosso
lado
criança
fale por
si
mesmo...