VINÍCIUS LIMA LOUSADA
vlousada@hotmail.com
Bento Gonçalves, RS (Brasil)
Entenda o
sofrimento
Buda ensinava
que a única
função da vida é
a luta pela
vitória sobre o
sofrimento.
Empenhar-se em
superá-lo deve
ser a constante
preocupação do
homem. - Joanna
de Ângelis[1]
Seguindo na
trilha reflexiva
do Iluminado e
calcada no
pensamento
espírita-cristão,
Joanna de
Ângelis nos
ensina que o
sofrimento é uma
experiência
comum a todos os
seres, portando,
por sua vez, um
caráter
burilador no
sentido da
evolução
espiritual.
Sua origem na
trajetória do
princípio
espiritual
remete ao
mecanismo das
Divinas Leis,
cujo propósito
consiste em
despertar a
consciência,
desde as
vivências mais
simples e, sem
saber, à
sensibilidade e
à emoção
equilibrada que
no estágio de
humanização
ganha o suporte
da razão.
Em nossa
caminhada
espiritual, ao
lograrmos os
dias da
racionalidade
fazendo-nos
capazes de
escolher e fazer
juízos éticos,
possuímos
consciência do
sofrimento, não
raramente
adormecida pelas
paixões
inferiores.
Dia virá em que
faremos cessar
os nossos
sofrimentos e
dele nos
libertaremos
quando
encarnarmos na
prática e em sua
completude o
ensinamento do
Mestre Jesus que
se refere à Lei
de Amor.
Considerando que
todos os seres
em algum momento
sofrem e que
estamos
jungidos, dada a
nossa condição
evolutiva, ao
sofrimento,
parece oportuno
compreendermos
um pouco a
natureza do
sofrimento para
dele extrairmos
as lições que
nos são
necessárias.
O sofrimento
pode se
apresentar sob
três formas: “o
sofrimento do
sofrimento; o
sofrimento da
impermanência e
o sofrimento
resultante dos
condicionamentos”.[2]
O sofrimento por
si só gera um
contingente de
aflição, um
conjunto de
dores, que pode
ser agravado
conforme
venhamos a
encará-lo, ou
seja, a revolta
ou o desespero
podem amplificar
o desconcerto
íntimo inicial
gerado pelo
sofrimento,
produzindo
estados ainda
mais
perturbadores.
Por outro lado,
a aceitação
(resignação)
pode gerar um
estado contínuo
de serenidade
que permite ao
indivíduo
compreender a
causa de seu
sofrimento em
momentos de
meditação,
aprender com ele
no sentido de
ver a vida sob
outro prisma e
amadurecer, a
tal ponto que se
encoraje a
ajudar outras
pessoas a
compreender a
“marcha da vida
e ir tocando em
frente”, como
diz a letra da
música do
violeiro Almir
Sater.
O sofrimento da
impermanência
nasce em nosso
modo apegado de
lidar com as
coisas,
circunstâncias e
pessoas. O
estado de
impermanência é
uma
característica
da vida, tudo é
transitório e
por falta de
observação não
nos apercebemos
disso. Na
ignorância sobre
a impermanência
queremos reter
valores
materiais de
forma
acumulativa,
vincular
emocionalmente a
nós as pessoas,
e procuramos
cristalizar as
condições em que
nos movemos.
Entretanto, tudo
passa. A vida
material é um
momento fugaz na
imortalidade.
Para lidar com
sabedoria ante a
transitoriedade
da vida é
preciso aprender
a meditar na
natureza
impermanente das
coisas e
obedecer,
conscientemente,
à dinâmica das
Leis do Criador.
Nossos
condicionamentos
inferiores
também produzem
sofrimentos que,
no caso,
poderíamos
evitar. Toda
transgressão
ética gera
conflitos na
consciência
culpada que
reclama
reparação,
resgate e
alteração
comportamental
do infrator,
estando no corpo
ou desencarnado,
algum dia.
Levemos em
conta, alma
amiga, as
considerações
dos Numes
Tutelares acerca
da relação da
condição
aflitiva dos
Espíritos
imperfeitos com
as paixões
inferiores que
nutrem, elas
“retardam o
progresso”[3],
fazendo-nos
viver atrelados
a sofrimentos
diversos,
semeados por nós
mesmos na
lavoura da
existência.