JOSÉ ANTÔNIO
VIEIRA DE PAULA
depaulajoseantonio@gmail.com
Cambé, PR
(Brasil)
Histórias que nos
ensinam
O notável escritor
francês Victor Hugo, em
sua magistral obra “Les
Miserables” (“Os
Miseráveis”), narra a
luta de um homem, Jean
Valjean, contra a
injustiça de um país,
que o condenou, no
princípio, a 5 anos de
prisão, pena esta que se
estendeu para 19 anos,
devido às tentativas de
fugas insistentes.
O motivo da prisão: o
roubo de um pão...
Valjean tornara-se órfão
muito cedo e é criado
por sua irmã, que se
torna viúva com sete
filhos.
Ele passa a ajudá-la.
Mas, num rigoroso
inverno, não conseguindo
encontrar trabalho,
desesperado, rouba um
pão para levar para o
sustento de sua família.
É preso, julgado e
levado às Galés, onde é
obrigado a trabalhar em
serviços forçados,
destinado aos piores
criminosos. Ali, ele
desenvolve uma revolta
muito grande contra a
humanidade. Revolta que
seria interminável, não
fosse por determinado
momento, criado pelo
novelista, onde um
antídoto, tão possível
quanto eficaz, lhe é
oferecido, o que muda
profundamente o
andamento da história.
Após ser colocado em
liberdade condicional,
não encontra a aceitação
da sociedade para um
ex-prisioneiro. Várias
vezes vê-se expulso das
estalagens por onde
passa... E, não bastasse
o desprezo que recebia,
era ainda perseguido por
um policial – Javert -
que o odiava e que, não
acreditando em sua
possível regeneração,
esperava apenas um
próximo delito para
levá-lo de volta à
prisão.
Certo dia, cansado e
faminto, Jean Valjean
encontra uma igreja que
estava sob os cuidados
do Bispo Myriel, na
cidade de Digne. Esse
sacerdote era mais
conhecido pelo apelido
“Bienvenu” - em
português, o equivalente
a “Boas-vindas” – tal a
generosidade com que
tratava os pobres e
miseráveis do lugar.
Ali, Valjean é acolhido
fraternalmente, recebe
alimentos, cobertor e um
lugar para pernoitar,
junto de outros
famintos.
Antes do amanhecer,
porém, Valjean acorda e,
observando algumas peças
de prata no local, toma
alguns talheres,
coloca-os em pequeno
saco e foge... Quando
amanhece o dia, vê-se
cercado pelos policiais
de Javert. E, tendo eles
encontrado as peças de
prata, levam-no
imediatamente ao
sacerdote, para que
fosse constatado o roubo
e justificado o
flagrante. Porém, nem o
coração impiedoso de
Javert nem o coração
revoltado de Valjean
imaginariam que estavam
a poucos minutos de um
grande exemplo de
bondade.
Quando adentraram a
sacristia, depois de
exposto o fato pelo
soldado, o pároco,
sensibilizado, olha
complacentemente para
Valjean e o repreende,
dizendo que ele saíra
com muita pressa, tendo
levado os talheres, mas
esquecido os
candelabros, que ele
também havia dado para
que recomeçasse sua nova
vida.
Todos se quedam
surpreendidos... E
então, o Bispo conclui
recomendando a Valjean
que não esquecesse a
promessa que lhe havia
feito – promessa da qual
Jean nem sequer tinha
ideia: tornar-se um
homem de bem e útil à
sociedade.
Ao sair dali, tocado por
um sentimento
completamente diferente
do que alimentara todos
esses anos sobre o ser
humano, encontra um
menino e, numa atitude
automática, toma-lhe a
moeda que ele levava, e
segue alguns passos, o
suficiente para se
lembrar da bondade
daquele pastor de
ovelhas e de suas
palavras. Então, volta,
procura o menino e lhe
devolve o valor tomado.
Lá adiante, Victor Hugo
nos apresenta um
ex-prisioneiro revoltado
transformado agora em um
benfeitor de uma pobre
cidade do interior da
França,
Montreuil-sur-Mer, onde
se tornou prefeito
honrado e respeitado,
conforme o desejo do
Bispo Bienvenu.
*
Quando Allan Kardec
pergunta aos Espíritos
Superiores qual seria o
verdadeiro sentido da
palavra caridade,
conforme Jesus a
entendia (questão 886 de
“O Livro dos Espíritos),
ele recebe como
resposta:
“Benevolência para com
todos, indulgência para
com as imperfeições
alheias e perdão das
ofensas”.
Os bons Espíritos,
quando falam sobre a
Indulgência e o Perdão,
costumam afirmar:
“São virtudes que
iluminam aqueles que os
doam e renovam aqueles
que os recebem”
(veja o livro “Pelos
Caminhos de Jesus”, do
Espírito Amélia
Rodrigues, através do
médium Divaldo Franco,
no capítulo:
Perdão-terapia).