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Crônicas e Artigos

Ano 6 - N° 281 - 7 de Outubro de 2012

JOSÉ ANTÔNIO VIEIRA DE PAULA
depaulajoseantonio@gmail.com
Cambé, PR (Brasil)

 

Histórias que nos ensinam


O notável escritor francês Victor Hugo, em sua magistral obra “Les Miserables” (“Os Miseráveis”), narra a luta de um homem, Jean Valjean, contra a injustiça de um país, que o condenou, no princípio, a 5 anos de prisão, pena esta que se estendeu para 19 anos, devido às tentativas de fugas insistentes.

O motivo da prisão: o roubo de um pão...

Valjean tornara-se órfão muito cedo e é criado por sua irmã, que se torna viúva com sete filhos.

Ele passa a ajudá-la. Mas, num rigoroso inverno, não conseguindo encontrar trabalho, desesperado, rouba um pão para levar para o sustento de sua família. É preso, julgado e levado às Galés, onde é obrigado a trabalhar em serviços forçados, destinado aos piores criminosos. Ali, ele desenvolve uma revolta muito grande contra a humanidade. Revolta que seria interminável, não fosse por determinado momento, criado pelo novelista, onde um antídoto, tão possível quanto eficaz, lhe é oferecido, o que muda profundamente o andamento da história.

Após ser colocado em liberdade condicional, não encontra a aceitação da sociedade para um ex-prisioneiro. Várias vezes vê-se expulso das estalagens por onde passa... E, não bastasse o desprezo que recebia, era ainda perseguido por um policial – Javert - que o odiava e que, não acreditando em sua possível regeneração, esperava apenas um próximo delito para levá-lo de volta à prisão.

Certo dia, cansado e faminto, Jean Valjean encontra uma igreja que estava sob os cuidados do Bispo Myriel, na cidade de Digne. Esse sacerdote era mais conhecido pelo apelido “Bienvenu” - em português, o equivalente a “Boas-vindas” – tal a generosidade com que tratava os pobres e miseráveis do lugar.

Ali, Valjean é acolhido fraternalmente, recebe alimentos, cobertor e um lugar para pernoitar, junto de outros famintos.

Antes do amanhecer, porém, Valjean acorda e, observando algumas peças de prata no local, toma alguns talheres, coloca-os em pequeno saco e foge... Quando amanhece o dia, vê-se cercado pelos policiais de Javert. E, tendo eles encontrado as peças de prata, levam-no imediatamente ao sacerdote, para que fosse constatado o roubo e justificado o flagrante. Porém, nem o coração impiedoso de Javert nem o coração revoltado de Valjean imaginariam que estavam a poucos minutos de um grande exemplo de bondade.

Quando adentraram a sacristia, depois de exposto o fato pelo soldado, o pároco, sensibilizado, olha complacentemente para Valjean e o repreende, dizendo que ele saíra com muita pressa, tendo levado os talheres, mas esquecido os candelabros, que ele também havia dado para que recomeçasse sua nova vida.

Todos se quedam surpreendidos... E então, o Bispo conclui recomendando a Valjean que não esquecesse a promessa que lhe havia feito – promessa da qual Jean nem sequer tinha ideia: tornar-se um homem de bem e útil à sociedade.

Ao sair dali, tocado por um sentimento completamente diferente do que alimentara todos esses anos sobre o ser humano, encontra um menino e, numa atitude automática, toma-lhe a moeda que ele levava, e segue alguns passos, o suficiente para se lembrar da bondade daquele pastor de ovelhas e de suas palavras. Então, volta, procura o menino e lhe devolve o valor tomado.

Lá adiante, Victor Hugo nos apresenta um ex-prisioneiro revoltado transformado agora em um benfeitor de uma pobre cidade do interior da França, Montreuil-sur-Mer, onde se tornou prefeito honrado e respeitado, conforme o desejo do Bispo Bienvenu.

*

Quando Allan Kardec pergunta aos Espíritos Superiores qual seria o verdadeiro sentido da palavra caridade, conforme Jesus a entendia (questão 886 de “O Livro dos Espíritos), ele recebe como resposta: “Benevolência para com todos, indulgência para com as imperfeições alheias e perdão das ofensas”.

Os bons Espíritos, quando falam sobre a Indulgência e o Perdão, costumam afirmar: “São virtudes que iluminam aqueles que os doam e renovam aqueles que os recebem” (veja o livro “Pelos Caminhos de Jesus”, do Espírito Amélia Rodrigues, através do médium Divaldo Franco, no capítulo: Perdão-terapia).

 

 


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O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita