CHRISTINA NUNES
meridius@superig.com.br
Rio de Janeiro,
RJ (Brasil)
Linguagem com
luz para
assuntos de luz
Queridos, hoje
desejo comentar
sobre
a linguagem
literária
espírita.
Por possuir
pendores para a
escrita desde a
infância, me
formei em
Letras, depois
de desperdiçar
dois anos num
curso de
Psicologia que
nada me disse ao
íntimo. E, por
esta afinidade,
meus mentores e
amigos da vida
invisível
certamente
planejaram, no
período anterior
à reencarnação,
que
trabalhássemos
em parceria
na divulgação da
mensagem
espírita.
Trata-se de um
dom natural, sem
falsa modéstia.
Assim como
outros respiram
esporte ou
matemática, eu
respiro
Literatura, seja
ela qual for!
Alegre e
prazerosamente!
Lembro-me de
que, muito
generosamente,
na ocasião da
publicação do
meu primeiro
livro, O
Pretoriano,
um crítico
gentil da Rede
Boa Nova elogiou
o meu estilo,
comparando-o ao
de Machado de
Assis. Senti-me
naturalmente
envaidecida,
porque o ato de
se escrever com
correção e
estilo próprio,
a qualquer
tempo, é razão
de realização
profissional a
escritores de
quaisquer
idiomas. Mas não
para que se
envaideça ou
ufane! Porque,
também, qualquer
escritor sensato
e conectado com
o contexto de
época onde vive
conhece que
existem linguagens
adequadas para
cada ocasião,
assim como
trajes
condizentes para
cada fase do
dia. Ninguém vai
a um casamento
de pijama, assim
como também
dormir usando
black tie!
Deste modo é que
sempre recebo do
leitor
comentários e
críticas
construtivas de
dentro de um
senso de
realidade justa,
tanto para com
quem comenta,
quanto para com
o que também sei
que conheço e
domino no meu
trabalho nesta
área tão grata!
Consta da
Doutrina de
Kardec que, para
a literatura de
todas as
modalidades
existentes hoje
nas prateleiras
espíritas, a
Espiritualidade
escolhe
trabalhar com
quem tem um
domínio ao menos
razoável de
vocabulário,
tanto quanto
também dos temas
a ser abordados,
assim como
existem equipes
distintas que
trabalham com
médiuns
especializados
em passes,
desobsessão ou
cura.
Então, fácil se
torna a
compreensão de
que, e ainda que
se levando em
conta a noção de
que todo texto
voltado ao
público deve ser
dotado de
clareza e
objetividade, de
outro lado, não
necessariamente
deve ser ele
produzido
banalizando ou
vulgarizando
a escrita, ao
modo de como
hoje se enaltece
o empobrecimento
linguístico com
a contribuição
nada favorável
do chamado
internetês,
ou da
generalização de
gírias,
palavrões e
incorreções
crassas, que já
se pretendeu
impor ao uso
gramatical
nacional a conta
de linguagem
aceitável e
correta.
Com o perdão da
anotação, diz,
esta tendência,
muito mais das
limitações de
quem lê, do que
de qualquer
impropriedade na
correção e
elaboração mais
trabalhada no
estilo de
escrita. E não
julgo lícito,
por conseguinte,
o empobrecimento
calculado da
linguagem para
mero atendimento
às deficiências
características
dos rudes
contrastes
educacionais
existentes na
população do
nosso país.
É preciso o uso
do
discernimento!
Muito
da realidade
linguística se
prende a fatores
culturais e
contextuais; e
as mensagens
trazidas pela
Espiritualidade
Superior, pelo
tanto de luz de
que se revestem,
pedem, sim, uma
combinação de
clareza com
correção
–
sobretudo,
porém, com
elegância e
estética!
Se é, portanto,
inconveniente
que num texto em
formato de
artigo,
acessível ao
grande
público, se
escreva que o
vitupério
escorchou a dama
de sua proba
dignidade (o
insulto despojou
a senhora de sua
honesta
dignidade),
penso que exigir
também
–
com base no
relaxamento
linguístico
chulo existente
atualmente
–
que se considere
coisa sensata
escrever “os
médium
psicografa"
ou "nós somo
tudo igual", em
texto de teor
espiritualista,
significa um
desrespeito aos
que nos honram
com sua leitura!
Lembremo-nos de
que grandes
pilares da
literatura
espírita, como
Léon Denis e o
próprio Divaldo
Franco, se
expressaram,
cada um em seu
tempo, com
textos e
oratória de
grande beleza,
condizentes com
os estilos
característicos
do dinamismo
linguístico dos
dias em que um
vive hoje, e o
outro, em
séculos
passados.
Cada leitor, por
seu lado,
percebe um texto
em
sincronicidade
com as empatias
do seu universo
interior. Assim,
comentários e
críticas do que
se lê são sempre
úteis e
necessários, mas
que se enfatize
que até para se
criticar há que
se ter
conhecimento de
causa –
de estilos
literários, de
correção
gramatical, e
mesmo da
realidade das
sintonias
individuais para
com cada
conteúdo que se
acessa, sejam em
livros, artigos
ou em mensagens
mais curtas!
Noutro dia, por
exemplo, recebi
comentário de um
leitor
reclamando que
havia repetição
desnecessária de
termos num
artigo meu,
aparentemente
para "encher
linguiça". Fui
lá conferir, e
os dois termos
citados
apareciam, em
todo o texto,
apenas uma vez!
Deste modo,
amigos, se como
escritores
devemos
acompanhar o
dinamismo de
linguagem, para
não obrigar o
leitor a usar um
dicionário para
compreender
termos
rebuscados
demais, arcaicos
e
incompreensíveis,
também se pede
dos leitores um
melhor
entendimento da
língua; dos
múltiplos
fatores que
definem a
construção de um
texto, bem como
da forma como
acontece a
interação entre
o próprio leitor
e o conteúdo que
acessa. Pois,
também aí, nos
serve o ditado
popular do
cada um no seu
quadrado!
Linguagem
poética para
poemas; erudita
para textos
eruditos;
formais para
documentos
oficiais,
coloquial na
linguagem
falada, e, na
escrita, e em
especial nos
textos que
abordam temas
espiritualistas
ou de
autoconhecimento,
um vocabulário
leve, fluente
– mas
não
necessariamente
pobre de
recursos,
esteticamente
sem
brilho, banal,
ou vulgar!
Com o devido
perdão, então, e
de dentro do meu
estilo próprio,
esclareço que,
em absoluto, não
"encho
linguiça". Ao
contrário, luto
bravamente com o
limite de
caracteres de
sites para os
quais colaboro
como colunista
para adequar a
maior parte dos
meus textos
–
e não por buscar
excessos de
vocabulário que
encham
numericamente
parágrafos. Em
assuntos espiritualistas,
sempre há muito
a se dizer! E,
para cada
situação, se
pede não apenas
clareza, mas,
como dito, a
estética da
leitura
agradável e a
correção
gramatical, por
amor da grande
beleza inerente
ao universo
destes temas!
É
admissível usar-se
expressões
coloquiais e
bem-humoradas
–
jamais, porém,
amesquinhando
assuntos relacionados
a temas de
grande
significação
para o espírito
humano, expressando-nos
sobre eles com
termos vulgares
ou que estejam
dentro dos
jargões de mau
gosto da época
de contrastes
caóticos em que
vivemos.