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Estudando a série André Luiz
Ano 6 - N° 282 - 14 de Outubro de 2012

MARCELO BORELA DE OLIVEIRA
mbo_imortal@yahoo.com.br
Londrina, Paraná (Brasil)
 

Sexo e Destino

André Luiz

(Parte 1)

Iniciamos hoje o estudo da obra Sexo e Destino, de André Luiz, psicografada pelos médiuns Waldo Vieira e Francisco Cândido Xavier e publicada em 1963 pela Federação Espírita Brasileira.

Questões preliminares 

A. Com que finalidade, na visão de Emmanuel, a Doutrina Espírita foi enviada ao mundo?

Ela foi enviada pelo Senhor para assere­nar os corações e comunicar aos homens que o amor é a essência do Uni­verso, que as criaturas nasceram do hálito divino para se amarem umas às outras, que o sexo é legado sublime, que o lar é refúgio santifi­cante, que o amor e o sexo plasmam responsabili­dades naturais na consciência de cada um e que ninguém lesa alguém nos tesouros afetivos, sem dolorosas reparações. (Sexo e Destino, "Prece no Limiar", pp. 7 e 8.)

B. Quais são os temas da obra em estudo?

Os temas deste livro, segundo seu autor, são sexo e destino, amor e consciência, liberdade e compromisso, culpa e resgate, lar e reencarnação. Os nomes de seus protago­nistas foram substituídos, mas a história – afirma André Luiz – é real e não foi retirado dela um só til. (Sexo e Destino, mensagem inicial de André Luiz, p. 9.)

C. Que é que muitos Espíritos sofrem após a desencarnação?

Eles sofrem o desencanto de todos os que esperam pelo céu teológico, fácil de granjear. A verdade lhes aparece, então, por alavanca renovadora. Padecendo espessa amnésia, relativamente ao passado re­moto, são então defrontados por velhos preconceitos. De semelhantes conflitos, por vezes terríveis e extenuantes, nos recessos da mente, muitos saem abatidos ou revoltados para extensas incursões no vampirismo ou no desespero, mas a maior parte dos desencarnados, a pouco e pouco, se acomoda às cir­cunstâncias e aceita a continuidade do trabalho na reeducação própria, à espera da reencarnação que lhes possibilite renovação e recomeço. (Sexo e Destino, capítulo I, pp. 13 e 14.)

Texto para leitura

1. O livro Sexo e Destino – Este é o 12º livro da Coleção “A Vida no Mundo Espiritual”, iniciada com a publicação do livro Nosso Lar, de autoria de André Luiz. O prefácio de Emmanuel e a apresentação da obra, feita por André Luiz, são datados de 4 de julho de 1963. O livro é dividido em duas partes, cada qual com 14 capítulos. A 1ª parte foi psicografada pelo médium Waldo Vieira; a 2ª parte, pelo médium Francisco Cândido Xavier. (Introdução à obra.) 

2. Ninguém lesa alguém, sem dolorosas reparações - Emmanuel lem­bra em seu prefácio o episódio da mulher apanhada em adultério, que escribas e fariseus apresentaram a Jesus, e a célebre sentença profe­rida pelo Mestre: –  Quem estiver sem pecado, atire a primeira pe­dra!... Jerusalém, agora, é o mundo, onde o materialismo empenha-se na dissolução dos valores morais, com escárnio manifesto à dignidade hu­mana, enquanto religiões veneráveis digladiam com a Natureza, tentando bloquear a vida, qual se quisessem ilaquear a si próprias. A Doutrina Espírita foi enviada pelo Senhor – assevera Emmanuel – para assere­nar os corações e comunicar aos homens que o amor é a essência do Uni­verso, que as criaturas nasceram do hálito divino para se amarem umas às outras, que o sexo é legado sublime e que o lar é refúgio santifi­cante, esclarecendo, porém, que o amor e o sexo plasmam responsabili­dades naturais na consciência de cada um e que ninguém lesa alguém nos tesouros afetivos, sem dolorosas reparações. Com este livro, André Luiz mostra que, sob a bênção do Pai, os delinquentes de ontem, hoje redimidos, se transfiguram em mensageiros de redenção para aqueles que lhes caíram, outrora, nas ciladas sombrias. Finalizando seu prefácio escrito em forma de prece, Emmanuel recorda-nos também que a existên­cia física, seja na infância ou na mocidade, na madureza ou na ve­lhice, é sempre dom inefável que nos cabe honorificar e que, mesmo de­tendo um corpo carnal rastejante ou disforme, mutilado ou enfermiço, devemos repetir sempre diante do Criador: –  Obrigado, meu Deus! ("Prece no Limiar", pp. 7 e 8.) 

3. O conteúdo deste livro - Em sua página inicial, psicografada por Waldo Vieira, André Luiz informa que sexo e destino, amor e cons­ciência, liberdade e compromisso, culpa e resgate, lar e reencarnação constituem os temas deste livro, nascido na forja da realidade cotidiana. Obviamente, os nomes de seus protago­nistas foram substituídos, mas a história é real e não foi retirado dela um só til, a fim de que todos que a lerem possam aprender "com a biblioteca da experiência". ("Sexo e Destino", p. 9.) 

4. A decepção após a morte - Qual acontece entre os homens, no Mundo Espiritual que nos rodeia, sofrimento e expectação esmerilam a alma, disciplinando, aperfeiçoando, reconstruindo... Atravessada a fronteira de cinza, eis-nos erguidos à responsabilidade inevitável, ante o reencontro da própria consciência. A vida humana, que prossegue naturalmente no Além, assume a forma de um prélio em dois tempos. O berço inicia; o túmulo desdobra. Com raríssimas exceções na regra, somente a reencarnação consegue transfigurar-nos de modo fundamental. Após a morte, o homem transporta consigo, para outras esferas, os in­gredientes espirituais que cultiva e atrai. Em abandonando o invólucro de matéria mais densa, os Espíritos domiciliados na Terra assemelham-se, figuradamente, aos insetos. Larvas existem que se retiram do ovo e revelam-se na condição de parasitos, enquanto outras se transformam, de imediato, em falenas de prodigiosa beleza, ganhando altura. Há, as­sim, criaturas que se afastam do estojo carnal, entrando em largos processos obsessivos, nos quais se movimentam à custa de forças alhei­as, ao lado de outras que, de pronto, se elevam, aprimoradas e belas, a planos superiores da evolução, existindo entre umas e outras a gama infinita das posições em que se graduam. Após a desencarnação, muitos sofrem, a princípio, o desencanto de todos os que esperavam pelo céu teológico, fácil de granjear. A verdade aparece, então, por alavanca renovadora. Padecendo espessa amnésia, relativamente ao passado re­moto, somos então defrontados por velhos preconceitos. Suspiramos pela inércia que não existe. De semelhantes conflitos, por vezes terríveis e extenuantes, nos recessos da mente, muitos de nós saímos abatidos ou revoltados para extensas incursões no vampirismo ou no desespero, mas a maior parte dos desencarnados, a pouco e pouco, se acomoda às cir­cunstâncias e aceita a continuidade do trabalho na reeducação própria, à espera da reencarnação que possibilite renovação e recomeço. (Capítulo I, pp. 13 e 14.) 

5. O caso Pedro Neves - André pensava em tais assuntos ao ver a tristeza e o cansaço de seu amigo Pedro Neves, devotado servidor do Ministério do Auxílio, na colônia "Nosso Lar". Veterano de empreendi­mentos socorristas, Neves jamais demonstrara desânimo ou fraqueza no desempenho de suas obrigações, por mais pesadas fossem elas. Advogado na última existência, caracterizava-se por extrema lucidez no exame dos problemas que as eventualidades do caminho apresentassem. Sempre denodado e humilde, enunciava, no entanto, nos últimos dias, sensíveis alterações de comportamento. Havendo atendido, na esfera terrestre, a necessidades de ordem familiar, mostrava-se desde então arredio e de­sencantado, copiando o feitio de companheiros recém-chegados da Terra. Isolava-se, pois, em funda reflexão. Fugia à conversação fraterna. Queixava-se disso ou daquilo, e vez por outra, em serviço, denotava lágrimas que não chegavam a cair. André procurou ajudá-lo, de forma que Neves pudesse desabafar. "É a esposa quem o aflige, assim tanto?", indagou-lhe André. Pedro Neves fitou-o com a postura dolorida de um cão batido e respondeu: "Há momentos, André, nos quais será pre­ciso biografar-nos, ainda que superficialmente, para vascolejar o pre­térito e extrair dele a verdade, somente a verdade..." Após ligeira pausa, o amigo prosseguiu: "Há quarenta anos, moro aqui e, há quase quarenta anos, a esposa compeliu-me a absoluto desinteresse do coração. Deixei-a quando a mocidade das energias físicas lhe estuava no sangue, e Enedina, compreensivelmente, não pôde sustentar-se a distân­cia das exigências femininas". Pedro Neves informou então que sua ex-mulher casou-se segunda vez, mas o novo marido arredou-a completamente de sua convivência espiritual. Ambicioso, senhoreou os cabedais que ele ajuntara, logrando multiplicá-los imensamente, à força de astúcia em arrojadas empresas. E agiu com tanta leviandade, que a esposa, dan­tes simples, se apaixonou pelas comodidades demasiadas, gastando o tempo terrestre em prodigalidades e tafulices, até que se rojou às der­radeiras viciações nos desvarios do sexo, porque, observando o ma­rido em aventuras, quis desforrar-se, estabelecendo para si mesma de­sordenado culto ao prazer, mal sabendo que apenas se transviava, em lamentáveis desequilíbrios. (Capítulo I, pp. 15 a 17) (Continua no próximo número.)

 



 


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