MARCELO BORELA DE
OLIVEIRA
mbo_imortal@yahoo.com.br
Londrina, Paraná
(Brasil)
Sexo e Destino
André Luiz
(Parte
1)
Iniciamos hoje o
estudo da obra
Sexo e Destino,
de André Luiz,
psicografada pelos médiuns
Waldo Vieira e
Francisco Cândido Xavier
e
publicada em 1963 pela
Federação Espírita
Brasileira.
Questões preliminares
A. Com que finalidade,
na visão de Emmanuel, a
Doutrina Espírita foi
enviada ao mundo?
Ela foi enviada pelo
Senhor para asserenar
os corações e comunicar
aos homens que o amor é
a essência do Universo,
que as criaturas
nasceram do hálito
divino para se amarem
umas às outras, que o
sexo é legado sublime,
que o lar é refúgio
santificante, que o
amor e o sexo plasmam
responsabilidades
naturais na consciência
de cada um e que ninguém
lesa alguém nos tesouros
afetivos, sem dolorosas
reparações.
(Sexo e Destino, "Prece
no Limiar", pp. 7 e 8.)
B. Quais são os temas da
obra em estudo?
Os temas deste livro,
segundo seu autor, são
sexo e destino, amor e
consciência, liberdade e
compromisso, culpa e
resgate, lar e
reencarnação. Os nomes
de seus protagonistas
foram substituídos, mas
a história – afirma
André Luiz – é real e
não foi retirado dela um
só til.
(Sexo e Destino,
mensagem inicial de
André Luiz, p. 9.)
C. Que é que muitos
Espíritos sofrem após a
desencarnação?
Eles sofrem o desencanto
de todos os que esperam
pelo céu teológico,
fácil de granjear. A
verdade lhes aparece,
então, por alavanca
renovadora. Padecendo
espessa amnésia,
relativamente ao passado
remoto, são então
defrontados por velhos
preconceitos. De
semelhantes conflitos,
por vezes terríveis e
extenuantes, nos
recessos da mente,
muitos saem abatidos ou
revoltados para extensas
incursões no vampirismo
ou no desespero, mas a
maior parte dos
desencarnados, a pouco e
pouco, se acomoda às
circunstâncias e aceita
a continuidade do
trabalho na reeducação
própria, à espera da
reencarnação que lhes
possibilite renovação e
recomeço.
(Sexo e Destino,
capítulo I, pp. 13 e
14.)
Texto para leitura
1. O livro Sexo e
Destino – Este é
o 12º livro da Coleção
“A Vida no Mundo
Espiritual”, iniciada
com a publicação do
livro Nosso Lar,
de autoria de André
Luiz. O prefácio de
Emmanuel e a
apresentação da obra,
feita por André Luiz,
são datados de 4 de
julho de 1963. O livro é
dividido em duas partes,
cada qual com 14
capítulos. A 1ª parte
foi psicografada pelo
médium Waldo Vieira; a
2ª parte, pelo médium
Francisco Cândido
Xavier. (Introdução à
obra.)
2. Ninguém lesa
alguém, sem dolorosas
reparações -
Emmanuel lembra em seu
prefácio o episódio da
mulher apanhada em
adultério, que escribas
e fariseus apresentaram
a Jesus, e a célebre
sentença proferida pelo
Mestre: – Quem estiver
sem pecado, atire a
primeira pedra!...
Jerusalém, agora, é o
mundo, onde o
materialismo empenha-se
na dissolução dos
valores morais, com
escárnio manifesto à
dignidade humana,
enquanto religiões
veneráveis digladiam com
a Natureza, tentando
bloquear a vida, qual se
quisessem ilaquear a si
próprias. A Doutrina
Espírita foi enviada
pelo Senhor – assevera
Emmanuel – para
asserenar os corações e
comunicar aos homens que
o amor é a essência do
Universo, que as
criaturas nasceram do
hálito divino para se
amarem umas às outras,
que o sexo é legado
sublime e que o lar é
refúgio santificante,
esclarecendo, porém, que
o amor e o sexo plasmam
responsabilidades
naturais na consciência
de cada um e que ninguém
lesa alguém nos tesouros
afetivos, sem dolorosas
reparações. Com este
livro, André Luiz mostra
que, sob a bênção do
Pai, os delinquentes de
ontem, hoje redimidos,
se transfiguram em
mensageiros de redenção
para aqueles que lhes
caíram, outrora, nas
ciladas sombrias.
Finalizando seu prefácio
escrito em forma de
prece, Emmanuel
recorda-nos também que a
existência física, seja
na infância ou na
mocidade, na madureza ou
na velhice, é sempre
dom inefável que nos
cabe honorificar e que,
mesmo detendo um corpo
carnal rastejante ou
disforme, mutilado ou
enfermiço, devemos
repetir sempre diante do
Criador: – Obrigado,
meu Deus! ("Prece no
Limiar", pp. 7 e 8.)
3. O conteúdo
deste livro - Em
sua página inicial,
psicografada por Waldo
Vieira, André Luiz
informa que sexo e
destino, amor e
consciência, liberdade
e compromisso, culpa e
resgate, lar e
reencarnação constituem
os temas deste livro,
nascido na forja da
realidade cotidiana.
Obviamente, os nomes de
seus protagonistas
foram substituídos, mas
a história é real e não
foi retirado dela um só
til, a fim de que todos
que a lerem possam
aprender "com a
biblioteca da
experiência". ("Sexo e
Destino", p. 9.)
4. A
decepção após a morte
- Qual acontece entre os
homens, no Mundo
Espiritual que nos
rodeia, sofrimento e
expectação esmerilam a
alma, disciplinando,
aperfeiçoando,
reconstruindo...
Atravessada a fronteira
de cinza, eis-nos
erguidos à
responsabilidade
inevitável, ante o
reencontro da própria
consciência. A vida
humana, que prossegue
naturalmente no Além,
assume a forma de um
prélio em dois tempos. O
berço inicia; o túmulo
desdobra. Com raríssimas
exceções na regra,
somente a reencarnação
consegue
transfigurar-nos de modo
fundamental. Após a
morte, o homem
transporta consigo, para
outras esferas, os
ingredientes
espirituais que cultiva
e atrai. Em abandonando
o invólucro de matéria
mais densa, os Espíritos
domiciliados na Terra
assemelham-se,
figuradamente, aos
insetos. Larvas existem
que se retiram do ovo e
revelam-se na condição
de parasitos, enquanto
outras se transformam,
de imediato, em falenas
de prodigiosa beleza,
ganhando altura. Há,
assim, criaturas que se
afastam do estojo
carnal, entrando em
largos processos
obsessivos, nos quais se
movimentam à custa de
forças alheias, ao lado
de outras que, de
pronto, se elevam,
aprimoradas e belas, a
planos superiores da
evolução, existindo
entre umas e outras a
gama infinita das
posições em que se
graduam. Após a
desencarnação, muitos
sofrem, a princípio, o
desencanto de todos os
que esperavam pelo céu
teológico, fácil de
granjear. A verdade
aparece, então, por
alavanca renovadora.
Padecendo espessa
amnésia, relativamente
ao passado remoto,
somos então defrontados
por velhos preconceitos.
Suspiramos pela inércia
que não existe. De
semelhantes conflitos,
por vezes terríveis e
extenuantes, nos
recessos da mente,
muitos de nós saímos
abatidos ou revoltados
para extensas incursões
no vampirismo ou no
desespero, mas a maior
parte dos desencarnados,
a pouco e pouco, se
acomoda às
circunstâncias e aceita
a continuidade do
trabalho na reeducação
própria, à espera da
reencarnação que
possibilite renovação e
recomeço. (Capítulo I,
pp. 13 e 14.)
5. O caso Pedro
Neves - André
pensava em tais assuntos
ao ver a tristeza e o
cansaço de seu amigo
Pedro Neves, devotado
servidor do Ministério
do Auxílio, na colônia
"Nosso Lar". Veterano de
empreendimentos
socorristas, Neves
jamais demonstrara
desânimo ou fraqueza no
desempenho de suas
obrigações, por mais
pesadas fossem elas.
Advogado na última
existência,
caracterizava-se por
extrema lucidez no exame
dos problemas que as
eventualidades do
caminho apresentassem.
Sempre denodado e
humilde, enunciava, no
entanto, nos últimos
dias, sensíveis
alterações de
comportamento. Havendo
atendido, na esfera
terrestre, a
necessidades de ordem
familiar, mostrava-se
desde então arredio e
desencantado, copiando
o feitio de companheiros
recém-chegados da Terra.
Isolava-se, pois, em
funda reflexão. Fugia à
conversação fraterna.
Queixava-se disso ou
daquilo, e vez por
outra, em serviço,
denotava lágrimas que
não chegavam a cair.
André procurou ajudá-lo,
de forma que Neves
pudesse desabafar. "É a
esposa quem o aflige,
assim tanto?",
indagou-lhe André. Pedro
Neves fitou-o com a
postura dolorida de um
cão batido e respondeu:
"Há momentos, André, nos
quais será preciso
biografar-nos, ainda que
superficialmente, para
vascolejar o pretérito
e extrair dele a
verdade, somente a
verdade..." Após ligeira
pausa, o amigo
prosseguiu: "Há quarenta
anos, moro aqui e, há
quase quarenta anos, a
esposa compeliu-me a
absoluto desinteresse do
coração. Deixei-a quando
a mocidade das energias
físicas lhe estuava no
sangue, e Enedina,
compreensivelmente, não
pôde sustentar-se a
distância das
exigências femininas".
Pedro Neves informou
então que sua ex-mulher
casou-se segunda vez,
mas o novo marido
arredou-a completamente
de sua convivência
espiritual. Ambicioso,
senhoreou os cabedais
que ele ajuntara,
logrando multiplicá-los
imensamente, à força de
astúcia em arrojadas
empresas. E agiu com
tanta leviandade, que a
esposa, dantes simples,
se apaixonou pelas
comodidades demasiadas,
gastando o tempo
terrestre em
prodigalidades e
tafulices, até que se
rojou às derradeiras
viciações nos desvarios
do sexo, porque,
observando o marido em
aventuras, quis
desforrar-se,
estabelecendo para si
mesma desordenado culto
ao prazer, mal sabendo
que apenas se
transviava, em
lamentáveis
desequilíbrios.
(Capítulo I, pp. 15 a
17)
(Continua no próximo
número.)