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Estudando as obras de Manoel Philomeno de Miranda
Ano 6 - N° 282 - 14 de Outubro de 2012

THIAGO BERNARDES
thiago_imortal@yahoo.com.br
 
Curitiba, Paraná (Brasil)  
 

Nas Fronteiras da Loucura

Manoel Philomeno de Miranda 

(Parte 8)

Damos continuidade ao estudo metódico e sequencial do livro Nas Fronteiras da Loucura, de Manoel Philomeno de Miranda, obra psicografada por Divaldo P. Franco.

Questões preliminares

A. Há no meio espírita pessoas que se negam ao estudo sistemático, mesmo quando têm oportunidade de fazê-lo?

Sim. Segundo Manoel Philomeno de Miranda, tais pessoas existem e não são poucas. Elas acercam-se do Espiritismo desinformadas e, negando-se ao estudo sistemático da doutrina e preferindo as leituras rápidas, em que não se aprofun­dam, ainda pretendem submeter a Doutrina ao talante das suas opiniões. (Nas Fronteiras da Loucura, cap. 8, pp. 64 a 66.)

B. Morrer é fácil?

Diz o Dr. Bezerra de Menezes que morrer é fácil, sim. Liberar-se da morte, depois dela, é que se torna difícil. Encerrando-se um capítulo da vida, outro se inicia em plenitude de forças. “Acabar, ja­mais!", afirma o conhecido benfeitor espiritual. (Obra citada, cap. 8, pp. 68 e 69.)

C. Quando o consumo de drogas no Ocidente se expandiu?

Ele se expandiu especialmente após a Segunda Guerra Mundial e os la­mentáveis conflitos no sudeste asiático, quando tomou conta, particular­mente, da juventude imatura. O desprezo pela vida, a busca do aniqui­lamento resultantes de filosofias apressadas, sem estruturação lógica nem ética, respondem pelo progressivo consumo das drogas de toda natu­reza. Segundo Dr. Bezerra, os valores ético-morais que devem sustentar a sociedade vêm so­frendo aguerrido combate e desestruturando-se sob os camartelos do ci­nismo que gera a violência e conduz à corrupção, minimizando o signi­ficado dos ideais da beleza, das artes e das ciências. (Obra citada, cap. 9, pp. 72 e 73.)  

Texto para leitura 

35. Um exemplo positivo - Philomeno, relatando a experiência de Genézio, lembra-nos que não são poucas as pessoas que se acercam do Movimento Espírita desinformadas e, negando-se ao estudo sistemático do Espiritismo, preferindo as leituras rápidas, em que não se aprofun­dam, pretendem submeter a Doutrina ao talante das suas opiniões. O Espiritismo, graças ao seu tríplice aspecto, atende a todos os tipos de necessidade do homem terreno, oferecendo campo de reflexões e res­postas em todas as áreas do conhecimento, além de contribuir de forma eficaz para a eliminação dos mitos e tabus contra os quais luta a ciência. Separá-lo, pois, de qualquer uma das suas faces é o mesmo que o desfigurar. O exemplo de Genézio Duarte é expressivo. Constatada a legitimidade da sobrevivência da alma, adentrou-se pelo estudo da sua filosofia, enquanto prosseguiam as experiências no campo da mediuni­dade para incorporar à vivência pessoal o comportamento ético-reli­gioso proposto pela Doutrina. Habituado à fé responsável e ao clima de trabalho, ajustou-se com facilidade à Esfera definitiva, onde pediu e obteve do seu Amigo e Instrutor permissão para engajar-se na ação pro­fícua do bem, a que já vinha se dedicando nos últimos vinte anos. Cha­mado por Dr. Bezerra, Philomeno o acompanhou no atendimento de urgên­cia a uma jovem mulher em estado de coma. Ao lado da enferma encon­trava-se veneranda anciã que parecia ser sua avó. A jovem desencarnara havia pouco mais de quatro horas. Cessado o intercâmbio do fluido vi­tal com o corpo, seu Espírito fora retirado do local onde o cadáver permanecia. A jovem estava sendo preparada para uma pequena cirurgia que, segundo Dr. Bezerra, objetivava "drenar as cargas de energia ve­nenosa geradas pelo medo e que poderiam trazer demorada perturbação ao Espírito recém-liberto". (Cap. 8, pp. 64 a 66) 

36. O caso Ermance - A jovem chamava-se Ermance. Em vida pregressa suicidara-se, atirando contra o próprio peito. Os tecidos sutis do pe­rispírito, lesados pela violência, impuseram-lhe então a modelagem de uma bomba cardíaca deficiente. De organização física frágil, era, aos dezoito anos, portadora de uma beleza lirial e enternecedora. Educada em rígidos princípios religiosos, soubera manter-se com dignidade, re­sidindo em zona suburbana próxima da cidade. Atendendo a insistentes convites de amigos, veio observar o Carnaval e passear, sem dar-se conta dos perigos a que se expunha. O seu grupo, jovial e comunica­tivo, não passou despercebido de rapazes de conduta viciosa, que lo­graram imiscuir-se e participar do programa inocente que movimentava. Ermance não teria uma existência longa, em razão do suicídio anterior, quando subtraíra vários anos ao próprio corpo; poderia, contudo, lo­grar alguma moratória, caso estivesse engajada em atividade de elevado teor que a necessitasse por mais tempo. Iludida por hábil sedutor, que a convidou a descansar em casa de pessoa amiga, próxima da Ave­nida, só quando penetrou a casa Ermance deu-se conta da cilada em que caíra. O medo aterrou-a; a respiração fez-se-lhe difícil e a alta carga de tensão produziu-lhe um choque fatal. O criminoso a conduzira a um bordel e, ante a sua reação, aplicou-lhe um lenço umedecido com clorofórmio, cuja dose forte produziu-lhe uma parada cardíaca. No de­sespero em que se debatera, Ermance lembrou-se dos pais, de sua que­rida avó e da mãe de Jesus, a quem muito amava. Seu apelo de imediato encontrou ressonância. Sua avó Melide, que já a acompanhava, antevendo os acontecimentos, deu-lhe assistência e, no momento azado, rogou so­corro dos Benfeitores Espirituais, que auxiliaram a liberação de Espí­rito da neta, logo que cessou a vida física. (Cap. 8, pp. 67 e 68) 

37. A cirurgia - Dr. Bezerra silenciou por alguns momentos e co­mentou: "Pode-se imaginar a angústia dos amigos, que não a levarão de volta ao lar, dos pais e irmãos, a esta altura e no dia seguinte, até que a polícia localize o corpo, prosseguindo o desespero, dia após dia. O insucesso amargo, porém, sendo bem suportado, será  convertido pelas Leis Divinas em futura paz e renovação da família, que reencon­trará nossa Ermance, mais tarde, em situação feliz". "O grande choque, fator da desencarnação, num atentado ao seu pudor de moça é o capítulo final da tragédia afetiva, culminada, antes, no suicídio. Pena a inge­rência indébita dos criminosos, de que a Vida não necessitava!" Dr. Bezerra afirmou então que tudo, em nossa vida, transcorre sob controle superior, obedecendo ao equilíbrio universal, "de que somente se tem uma visão mais clara e mais completa deste para o plano terreno". Con­cluída a terapia, a avó de Ermance, irmã Melide, seria destacada para acompanhar a família e sustentá-la, enquanto Ermance ficaria ali em repouso para oportuna transferência e posterior despertamento. Na sequência, Dr. Bezerra deu início à cirurgia, na parte superior do cére­bro, na região do centro coronário, deslindando tenuíssimos filamentos escuros e retirando-os, ao tempo em que, valendo-se de um aspirador de pequeno porte, fazia sugar resíduos do centro cerebral, que haviam bloqueado a área da consciência. À medida que a equipe recorria a ins­trumentos muito delicados para aquela microcirurgia, a cor retornou à face da jovem e a respiração foi, a pouco e pouco, sendo percebida, em face dos estímulos aplicados na área cardíaca. Mais ou menos vinte mi­nutos depois, a paciente, em sono reparador, foi conduzida para enfer­maria contígua, enquanto o dedicado médico comentou: "Morrer é fácil. Liberar-se da morte, após ela, é que se faz difícil. Encerrando-se um capítulo da vida, outro se inicia em plenitude de forças. Acabar, ja­mais!" (Cap. 8, p. 68 e 69) 

38. O problema das drogas - Para aquela madrugada estava progra­mada, num dos módulos do Posto Central, uma palestra em que Dr. Bezer­ra de Menezes iria abordar o problema das drogas, que afeta a economia social e moral da comunidade brasileira, numa expansão surpreendente entre os jovens. A palestra se destinava a trabalhadores desencarna­dos, em fase de adestramento para socorro às vítimas da toxicomania, e a estudiosos do comportamento, ainda encarnados, que se interessavam pelo magno assunto. O espaço comportava cinquenta pessoas. Philomeno identificou ali alguns espiritistas que se dedicavam à prática psi­quiátrica e à terapia psicológica, pregadores e médiuns, assim como terapeutas não vinculados ao Espiritismo, sociólogos e religiosos em número não superior a vinte. Os demais eram desencarnados. A reunião foi iniciada exatamente às 3h e, tão logo foi proferida a prece, sem qualquer delonga ou inútil apresentação laudatória, Dr. Bezerra levan­tou-se e deu início à sua mensagem, saudando os presentes como os cristãos primitivos o faziam: "Paz seja convosco!" Em seguida, ferindo diretamente o tema da palestra, o Benfeitor asseverou: "As causas bá­sicas das evasões humanas à responsabilidade jazem nos conflitos espi­rituais do ser, que ainda transita pelas expressões do primarismo da razão. Espiritualmente atrasado, sem as fixações dos valores morais que dão resistência para a luta, o homem moderno, que conquistou a lua e avança no estudo das origens do Sistema Solar que lhe serve de berço, incursionando pelos outros planetas, não conseguiu conquistar-se a si mesmo. Logrou expressivas vitórias, sem alcançar a paz íntima, padecendo os efeitos dos tentames tecnológicos sem os correspondentes valores de suporte moral. Cresceu na horizontal da inteligência sem desenvolver a vertical do sentimento elevado". "Como efeito, não re­siste às pressões, desequilibra-se com facilidade e foge, na busca de alcoólicos, de tabacos, de drogas alucinógenas de natureza tóxica... Atado à retaguarda donde procede, mantém-se psiquicamente em sintonia com os sítios, nem sempre felizes, onde estagiou no Além-Túmulo, antes de ser recambiado à reencarnação compulsória." (Cap. 9, pp. 70 a 72) 

39. A gênese da questão - Dr. Bezerra explicou que, em face da ne­cessidade de se promover o progresso moral do planeta, "milhões de Es­píritos foram transferidos das regiões pungitivas onde se demoravam, para a inadiável investidura carnal, por cujo recurso podem recompor-se e mudar a paisagem mental, aprendendo, na convivência social, os processos que os promovam a situações menos torpes". Revelou, no en­tanto, que dependências viciosas decorrentes da situação em que viviam dão-lhes a estereotipia que assumem, tombando nas urdiduras da toxico­mania. O uso de drogas é muito antigo; o que mudou ao longo dos sécu­los foram as justificativas para seu uso. No mundo ocidental o seu uso, hoje, é quase generalizado, ora para fins terapêuticos, sob con­trole competente, ora para misteres injustificáveis sob direção dos manipuladores mafiosos da conduta das massas. "Em razão da franquia de informações que a todos alcançam, encontrem-se preparados ou não, os meios de comunicação – afirmou Dr. Bezerra – têm estereotipado as linhas da conduta moral e social de que todos tomam conhecimento e se­guem com precipitação." Disse então que o consumo de drogas no Oci­dente expandiu-se especialmente após a Segunda Guerra Mundial e os la­mentáveis conflitos no sudeste asiático, tomando conta, particular­mente, da juventude imatura. O desprezo pela vida, a busca do aniqui­lamento resultantes de filosofias apressadas, sem estruturação lógica nem ética, respondem pelo progressivo consumo de tóxicos de toda natu­reza. Os valores ético-morais que devem sustentar a sociedade vêm so­frendo aguerrido combate e desestruturando-se sob os camartelos do ci­nismo que gera a violência e conduz à corrupção, minimizando o signi­ficado dos ideais da beleza, das artes, das ciências... Vive-se apres­sadamente e rapidamente deseja-se a consunção. A incompreensão grassa dominadora, sem que os homens encontrem um denominador comum para o entendimento que deve viger entre todos. O egoísmo responde pelo in­conformismo e pela prepotência, pela volúpia dos sentidos e pela indi­ferença em relação ao próximo. O homem sofre perplexidades que o ate­morizam, desconfiando de tudo e de todos, entregando-se a excessos, fugindo à responsabilidade através das drogas, num momento em que lhe faltam lideranças nobres, inteligências voltadas para o bem geral, que se façam exemplos dignos de serem seguidos... (Cap. 9, pp. 72 e 73) (Continua no próximo número.) 


 


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 Revista Semanal de Divulgação Espírita