LEDA MARIA
FLABOREA
ledaflaborea@uol.com.br
São Paulo, SP
(Brasil)
Reflexões sobre o
cotidiano
“Não
estamos no mundo para
aniquilar o que é
imperfeito, mas para
completar o que se
encontra inacabado”. –
Emmanuel (2)
Na II Epístola aos
Coríntios, capítulo 13,
versículo 7, Paulo de
Tarso diz textualmente:
“Estamos orando a Deus
para que não façais mal
algum, não para que
simplesmente pareçamos
aprovados, mas para que
façais o bem...”.
É interessante notar a
postura que cada um de
nós assume ante o
compromisso de fazer o
bem. Quase sempre
desejamos que seja feito
da forma como
idealizamos e, não se
podendo executar dessa
maneira, preferimos nada
fazer.
Vaidade ou fuga?
Presunção ou preguiça?
Melhor será que, diante
de tal situação,
examinemos com juízo
qual é o sentimento
verdadeiro que nos move
a ação. A transparência
no julgamento íntimo é
base fundamental para
que possamos encarar as
nossas imperfeições e
fragilidades.
Tentar a fuga do
compromisso, imaginando
que o outro é o culpado
pela nossa desistência
é, no mínimo, uma
atitude infantil.
Pretender que somente a
solução que temos para
resolver a questão seja
a única, por ser a
melhor, e que, portanto,
deve ser seguida por
todos, mostra,
certamente, quanto o
egoísmo ainda se faz
presente nas nossas
atitudes, fazendo-nos
imaginar que somos o
centro do mundo, seja no
círculo doméstico ou
não.
A assertiva de Paulo nos
propõe, assim, um exame
mais cuidadoso dessas
nossas atitudes, frente
às inúmeras
oportunidades que temos
para fazer o bem e não o
fazemos.
Examinemos essa
colocação por alguns
instantes: estamos
inseridos em um grupo
familiar que é, na
verdade, uma terra
fértil a ser cultivada.
Não ignoramos seja o lar
a primeira escola de
amor que frequentamos na
nossa jornada evolutiva
e, portanto, torna-se
fundamental que
aprendamos a lutar para
que a harmonia ali se
instale – e permaneça –
entre todos os seus
membros. É
imprescindível
verificarmos o quanto
cada um pode fazer pelos
demais, colocados que
estamos, todos, no mesmo
cadinho, ajudando-nos
mutuamente a crescer
moralmente.
Ampliando um pouco mais
essas relações humanas,
encontramos nosso local
de trabalho, não
importando se é para o
sustento material ou
espiritual. Também ele
é, sem sombra de dúvida,
uma terra a ser tratada,
na medida em que esses
companheiros de jornada
configuram-se como
plantas a serem
amparadas para que
floresçam e produzam o
melhor.
Mas também vivemos em
sociedade, em
comunidades maiores que
com suas chagas sociais
– compreensíveis numa
coletividade de
Espíritos imperfeitos –
movimentam nossas
emoções e nos oferecem
imensas possibilidades
de correção e
aperfeiçoamento das
nossas próprias mazelas,
permitindo, a cada um de
nós, um proceder honesto
de apoio aos semelhantes
com a força moral do bom
exemplo. Não se resolve
problema algum
criticando a atitude do
outro. Ensina-se com o
exemplo. Aprende-se com
ele.
Gostaríamos, sem dúvida,
de secar as lágrimas de
todos os sofredores da
Terra; entretanto, isso
não é possível e, por
causa disso, nada
fazemos. Mas será que
não teríamos condição de
atenuar o sofrimento de
um amigo, de um vizinho,
mostrando a ele que o
amor não desapareceu do
planeta e que a
esperança deve persistir
em seu coração? A
pessoa, quando se sente
só e desesperançada, não
precisa de muito.
Bastam, às vezes,
palavras de conforto, de
confiança, de
compreensão do seu
problema. Ela necessita,
tão-somente,
compartilhar a sua dor,
e essa atitude de
solidariedade que
podemos ter – e não nos
custa nada – pode fazer
toda a diferença para
quem sofre.
Desejaríamos que nossos
familiares não tivessem
problemas, mas é
impossível evitá-los.
Todavia, nada e nem
ninguém nos impede de
ajudar aquele mais
necessitado; e mesmo
nessa impossibilidade é
possível cooperar para
que a tranquilidade na
casa possa ser
instalada. Emmanuel
alerta: “O Senhor nunca
nos solicitou o
impossível e nem nunca
exigiu da criatura
falível espetáculos de
grandeza compulsória”.
(1)
Existem sobre o planeta,
é verdade, inúmeros
desertos, mas também
encontramos pequeninas
fontes, fecundando o
chão por onde passam.
Deus sabe das nossas
limitações e não podemos
ter a pretensão de ser
Seus colaboradores nas
grandes obras – isso Ele
realiza sozinho –, mas,
sim, de nos
conscientizarmos de que
somos peças fundamentais
nas pequeninas.
Meditemos: o que seria
do mar se não fossem as
pequenas fontes que
correm em sua direção?
“Não nos é facultado
corrigir todos os erros
e extinguir todas as
aflições que campeiam
nas trilhas da
existência, mas todos
podemos atravessar o
cotidiano, melhorando a
vida e dignificando-a,
em nós e em torno de
nós.” (1)
Bibliografia:
1 – EMMANUEL (Espírito)
– Palavras de Vida
Eterna, [psicografia
de F. C. Xavier], 20ª
ed., CEC Editora –
Uberaba, MG – Lição 78.
2 - Vinha
de Luz, [psicografia
de F. C. Xavier], 14ª
ed., FEB Editora –
Brasília, DF – Lição 32.