ALTAMIRANDO
CARNEIRO
alta_carneiro@uol.com.br
São Paulo, SP
(Brasil)
A maior história de
todos
os tempos
Apesar de todas as
evidências da passagem
de Jesus na Terra, não
faltaram estudiosos e
pesquisadores
descrentes, para dizerem
que esta passagem não
teria existido. A ideia
de que Jesus teria sido
um mito levou
pesquisadores europeus a
escreverem livros a
respeito. Mas toda a
iniciativa neste sentido
foi em vão, diante das
provas inquestionáveis
da existência de Jesus.
Jesus não está na
História. Ele fez a
História. O escritor,
filósofo, filólogo e
historiador francês,
Ernesto Renan, disse que
o nascimento de Jesus
foi tão importante que o
seu berço não coube na
História da Humanidade.
O mundo em que vivemos é
o mundo cristão, nascido
dos ensinamentos de
Jesus.
Também na época de hoje
alguns descrentes dizem
que não se pode
acreditar numa história
contada pelos
Evangelhos, escritos
muitos anos depois da
passagem do personagem
principal.
Sim. Os Evangelhos foram
escritos depois da
passagem de Jesus na
Terra, mas tem um
detalhe. Conforme
explica Léon Denis, no
primeiro capítulo da
obra Cristianismo e
Espiritismo (FEB), as
palavras de Jesus, que
nada escreveu, foram
disseminadas ao longo
dos caminhos,
transmitidas de boca em
boca e, posteriormente,
transcritas em
diferentes épocas, muito
depois da sua morte. Uma
tradição religiosa
formou-se pouco a pouco,
sofrendo constante
evolução até o século
quatro.
“Durante esse período de
trezentos anos, a
tradição cristã jamais
permaneceu estacionária,
nem a si mesmo
semelhante”. (...)
“Durante perto de meio
século depois da morte
de Jesus, a tradição
cristã, oral e viva, é
água corrente em que
qualquer um pode saciar.
Sua propaganda se fez
por meio de prédica,
pelo ensino dos
apóstolos, homens
simples, iletrados, mas
iluminados pelo
pensamento do Mestre.”
Uma nota de rodapé
excetua Paulo, versado
nas letras. Lembramos
também que Lucas foi um
médico grego que viveu
na cidade grega de
Antioquia, na Síria
Antiga. Foi discípulo de
Paulo.
Os rabinos judeus diziam
que um bom discípulo é
semelhante a uma
cisterna sem rachaduras.
Assim como a cisterna
não deixa escapar uma
gota sequer de água, o
bom discípulo não deixa
escapar nada daquilo que
aprendeu de seus
mestres.
“Não é senão do ano 60
ao ano 80 que aparecem
as primeiras narrações
escritas, a de Marcos, a
princípio, que é a mais
antiga, depois as
primeiras narrativas
atribuídas a Mateus e
Lucas, todas, escritos
fragmentários e que se
vão acrescentar de
sucessivas adições, como
todas as obras
populares.”
Em nota de rodapé, Léon
Denis informa que A.
Sabatier, diretor da
Seção dos Estudos
Superiores, na Sorbone,
em Os Evangelhos
Canônicos, pág. 5, diz
que a Igreja sentiu a
dificuldade em encontrar
novamente os verdadeiros
autores dos Evangelhos.
Daí a fórmula por ela
adotada: Evangelho
segundo...
Foi somente no fim do
século I, de 80 a 98,
que surgiu o Evangelho
de Lucas, assim como o
de Mateus, o primitivo,
atualmente perdido;
finalmente, de 98 a 110,
apareceu, em Éfeso, o
Evangelho de João.
Quando Jesus começou a
ensinar as suas lições,
vigoravam as chamadas
Leis de Deus, os Dez
Mandamentos, recebidos
por Moisés no Monte
Sinai, e as leis civis
ou disciplinares,
criadas por Moisés para
disciplinar o povo da
época. Jesus substituiu
as leis criadas por
Moisés, que eram
baseadas no olho por
olho e no dente por
dente, por leis baseadas
na caridade, na
humildade e no amor ao
próximo e simplificou os
Dez Mandamentos em dois
mandamentos apenas: amar
a Deus e amar ao
próximo.
Por isso, compreende-se
por que o fariseu doutor
da lei, para O tentar,
lhe perguntou: –
“Mestre, qual é o grande
mandamento da lei?”.
Jesus lhe respondeu: –
“Amarás o Senhor teu
Deus de todo o teu
coração, de toda a tua
alma e de todo o teu
espírito: este é o maior
e o primeiro mandamento.
E aqui tens o segundo,
semelhante a esse:
Amarás o teu próximo,
como a ti mesmo. Toda a
lei e os profetas se
acham contidos nesses
mandamentos”. Realmente.
Se além de amarmos a
Deus, amarmos também o
próximo, não faremos
nada de mal para com o
semelhante e
cumpriremos, assim,
todas as dez proibições
dos Dez Mandamentos. Se
Jesus tivesse apenas
ensinado e não tivesse
dado o exemplo de tudo o
que ensinou, Ele não
teria sido o modelo que
é para a Humanidade.
Neste sentido, na
questão 625 de O Livro
dos Espíritos, há a
pergunta de Allan Kardec
e a resposta dos
Espíritos: – Qual o tipo
mais perfeito que Deus
ofereceu ao homem, para
lhe servir de guia e
modelo?
E a resposta: – Vede
Jesus.
Allan Kardec complementa
o assunto com as
seguintes considerações:
“Jesus é para o homem o
tipo de perfeição moral
a que pode aspirar a
Humanidade na Terra.
Deus no-lo oferece como
o mais perfeito modelo e
a doutrina que ele
ensinou é a mais pura
expressão de sua lei,
porque ele estava
animado do Espírito
divino e foi o ser mais
puro que já apareceu na
Terra. Se alguns dos que
pretenderam instruir os
homens na lei de Deus,
algumas vezes, os
desviaram para falsos
princípios, foi por se
deixarem dominar por
pensamentos demasiados
terrenos e por terem
confundido as leis que
regem as condições da
vida da alma com as que
regem a vida do corpo.
Muitos deles apresentam
como leis divinas
aquelas que eram apenas
leis humanas,
instituídas para servir
às paixões e dominar os
homens”.
Jesus ensinou o homem a
pensar, a usar a fé
raciocinada, como no
episódio do pagamento do
tributo a César (Mateus,
22: 15 a 22), (Marcos,
12: 13 a 17), (Lucas,
20: 19 a 26), quando os
fariseus enviaram seus
discípulos, em companhia
dos herodianos, que
perguntaram a Jesus: –
“É-nos permitido pagar
ou deixar de pagar a
César o tributo?”. Jesus
pediu-lhes para que lhe
apresentassem uma das
moedas que se dão em
pagamento ao tributo. E
tendo eles lhe
apresentado um denário,
perguntou Jesus: – “De
quem são esta moeda e
esta inscrição?”. – “De
César” – responderam-lhe
eles. E Jesus observou:
– “Dai, pois, a César o
que é de César e a Deus
o que é de Deus”.
A fé raciocinada foi
valorizada pelo
Espiritismo. O capítulo
19 de O Evangelho
segundo o Espiritismo (A
fé que transporta
montanhas) explica que a
fé pode ser raciocinada
eu cega. A fé cega é a
que aceita, sem
verificação, tanto o
verdadeiro como o falso
e a cada passo se choca
com a evidência e com a
razão. Quando levada ao
excesso, produz o
fanatismo. E quando
persiste no erro, cedo
ou tarde desmorona. Já a
fé raciocinada, que se
baseia na verdade, nada
tem a temer do
progresso, pois tanto é
verdadeira na
obscuridade, como na luz
meridiana. É a fé
inabalável, que pode
encarar de frente a
razão, em todas as
épocas da Humanidade.
Neste sentido, Allan
Kardec, considerado por
Camille Flammarion como
o Bom Senso Encarnado,
mostrou toda a sua
inteligência, toda a sua
grandeza de espírito, na
Codificação da Doutrina
Espírita.
Existem dois pontos
destacados por Allan
Kardec na codificação do
Espiritismo, que mostram
toda a sua sapiência. O
primeiro ponto é o da
compreensão de Deus, não
como o Deus do toma lá,
dá cá, da época de
Moisés, que teve de
apresentar Deus dessa
maneira, devido ao
estágio espiritual do
povo da época, mas um
Deus de amor e bondade,
que não castiga nem
premia, e dá o
livre-arbítrio a todos
os seus filhos, a quem
cabe escolher os bons e
os maus caminhos. E como
a semeadura é livre e a
colheita é obrigatória,
todos colhem aquilo que
eles mesmos semearam.
É no Evangelho de João
(4: 23 e 24) que
encontramos um dos
pontos altos do encontro
de Jesus com a mulher
samaritana: – Mas a hora
vem, e agora é, em que
os verdadeiros
adoradores adorarão o
Pai em espírito e em
verdade, porque o Pai
procura a tais que assim
o adorem. Deus é
Espírito, e importa que
os que adoram o adorem
em espírito e verdade”.
A questão 649 de O
Livro dos Espíritos
registra a pergunta de
Allan Kardec e a
resposta dos Espíritos
sobre a adoração: Em que
consiste a adoração? – É
a elevação do pensamento
a Deus. Pela adoração, o
homem aproxima dEle a
sua alma.
Pergunta 653: A adoração
necessita de
manifestações
exteriores? – A
verdadeira adoração é a
do coração. Em todas as
vossas ações, pensai
sempre que o Senhor vos
observa.
Outro ponto é o da
aliança da Ciência com a
Religião. O item 8 do
primeiro capítulo (Não
vim destruir a lei) de O
Evangelho segundo o
Espiritismo, explica: “A
Ciência e a Religião são
as duas alavancas da
inteligência humana: uma
revela as leis do mundo
material e a outra as do
mundo moral. Tendo, no
entanto, essas leis o
mesmo princípio, que é
Deus, não podem
contradizer-se. Se
fossem a negação uma da
outra, uma
necessariamente estaria
em erro e a outra com a
verdade, porquanto Deus
não pode pretender a
destruição de sua
própria obra. A
incompatibilidade que se
julgou existir entre
essas duas ordens de
ideias provém apenas de
uma observação
defeituosa e de excesso
de exclusivismo, de um
lado e de outro. Daí um
conflito que deu origem
à incredulidade e à
intolerância”. Por tudo
isso, Emmanuel, em
mensagem psicografada
por Francisco Cândido
Xavier, fala sobre a
identidade de Jesus com
Allan Kardec. A mensagem
intitula-se “O Mestre e
o Apóstolo". Ei-la:
"Luminosa, a coerência
entre o Cristo e o
Apóstolo que lhe
restaurou a palavra.
Jesus, o Mestre. Kardec,
o Professor.
Jesus refere-se a Deus,
junto da fé sem obras.
Kardec fala de Deus,
rente às obras sem fé.
Jesus é combatido, desde
a primeira obra do
Evangelho, pelos que se
acomodam na sombra.
Kardec é impugnado desde
o primeiro dia do
Espiritismo, pelos que
fogem da luz.
Jesus caminha sem
convenções. Kardec age
sem preconceitos.
Jesus exige coragem de
atitudes. Kardec reclama
independência mental.
Jesus convida ao amor.
Kardec impele à
caridade.
Jesus consola a
multidão. Kardec
esclarece o povo.
Jesus acorda o
sentimento. Kardec
desperta a razão.
Jesus constrói. Kardec
consolida.
Jesus revela. Kardec
descortina.
Jesus propõe. Kardec
expõe.
Jesus lança as bases do
Cristianismo, entre
fenômenos mediúnicos.
Kardec recebe os
princípios da Doutrina
Espírita, através da
mediunidade.
Jesus afirma que é
preciso nascer de novo.
Kardec explica a
reencarnação.
Jesus reporta-se a
outras moradas. Kardec
menciona outros mundos.
Jesus espera que a
verdade emancipe os
homens; ensina que a
justiça atribui a cada
um pelas próprias obras
e anuncia que o Criador
será adorado, na Terra,
em espírito. Kardec
esculpe na consciência
as leis do Universo.
Em suma, diante do
acesso aos mais altos
valores da vida, Jesus e
Kardec estão
perfeitamente conjugados
pela Sabedoria Divina.
Jesus, a porta. Kardec,
a chave.”