ÉDO MARIANI
edo@edomariani.com.br
Matão, SP
(Brasil)
Saudade
Dois de novembro
é a data em que
a humanidade
reverencia o dia
dos chamados
“mortos”. O
gesto é
significativo. O
fato de se
reservar um dia
especial para se
lembrar dos que
morreram é, por
si só,
demonstração do
sentimento da
imortalidade da
alma.
De fato, a
crença da vida
após a morte é
marcante nas
criaturas, em
todos os povos e
épocas.
Independentemente
da opção
religiosa ou
filosófica,
parece que o
homem carrega
consigo uma
intuição inata
de que nem tudo
acaba com a
morte do corpo
físico.
Sobre o assunto,
vamos hoje,
homenageando
também os nossos
entes queridos
que já se foram
para o outro
lado da vida – o
mundo espiritual
–, transcrever a
crônica do nosso
companheiro
Octávio Caúmo
Serrano,
publicada na RIE
– Revista
Internacional de
Espiritismo (nº
09 – ano LXXVII),
intitulada
SAUDADE – o
mesmo título
deste artigo.
“O conhecimento
espírita alivia
os sentimentos.
Sem tradução em outras línguas, a
saudade é a
materialização
da tristeza,
mesmo quando
recorda momentos
de alegria.
Novembro, ano
após ano, a
saudade visita
as almas
humanas.
Lembranças
sofridas chegam
aos corações e
uma excursão
pelo passado é
inevitável.
Parentes da
carne ou do
coração se
foram. Alguns,
sem o aviso
prévio que nos
preparasse.
Outros, após
dividir conosco
a dor da
enfermidade. De
uma forma ou de
outra, a
inconformação é
constante.
Parece que Deus
levou um pedaço
de nós mesmos.
Felizmente, o
mesmo Deus que
pensamos nos
tratar com
injustiça e
punição,
manda-nos o
alívio do
socorro. Grande
parte da
humanidade é
hoje esclarecida
quanto à
reencarnação e à
vida eterna do
Espírito. Mesmo
os poucos
descrentes que
restam já se
matricularam na
escola das
dúvidas e das
revelações.
Os espíritas, em
particular,
somos
abençoados. Com
a chegada do
Consolador, foi
a morte quem
morreu. Nossos
entes e amigos
continuam vivos.
“Continuam
vivos”, aliás,
não é uma
expressão
correta. Estão
vivos, porque
nós é que
estamos
temporariamente
mortos,
aprisionados ao
corpo que limita
nossos
movimentos.
A morte é o
retorno à casa
paterna, ao
mundo de origem
e real. Morrer,
no sentido como
entendemos, não
é ponto final,
como nos
ensinaram ao
longo dos
séculos. Nosso
grande problema
continua sendo
viver. A morte
de quem vive na
matéria, com
utilidade, é
simples
libertação, ao
final de
importante
compromisso.
Nestes dias, ao
nos lembrarmos
dos que se
foram, vamos
envolvê-los na
nossa saudade.
Mas numa saudade
feliz, com a
recordação
alegre dos
momentos que
juntos vivemos,
bons ou maus,
porque todos nos
ensinam algo,
sem qualquer
revolta pelo
vazio que
deixaram.
Eles permanecem
conosco quando
estamos com
eles. Lembrá-los
com a certeza de
que um dia vamos
nos reunir será
uma esperança
para as duas
partes.
Evitemos a mágoa
que chega até
eles e os
envenena, porque
também sentem a
nossa falta e
esperam com
ansiedade pelo
reencontro.
Enquanto o nosso
tempo não chega,
ofereçamos um
pouco de luz,
não a das velas,
mas a da sentida
oração.
Até breve
– até já
– é a
provisória
despedida,
porque o tempo
em que estamos
na carne não
passa de
segundos no
relógio da
eternidade.”