ROGÉRIO COELHO
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Muriaé, MG (Brasil) |
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Interdependência
Uma revolução social produzida na Terra abala igualmente
o mundo invisível
“Influem os Espíritos em nossos pensamentos e atos? Resposta: Muito mais do que imaginais. Influem a tal ponto que, de ordinário, são eles que vos dirigem.” – O Livro dos Espíritos – q. 459.
“Qual dos dois, o Mundo Espírita ou o Mundo Corpóreo, é o principal na ordem das coisas? Resposta: O Mundo Espírita, que preexiste e sobrevive a tudo.” – O Livro dos Espíritos – q. 85.
Analisando superficialmente as duas questões de “O Livro dos Espíritos” em epígrafe, tenderíamos a concluir que somente o Mundo Espiritual influencia o Mundo Corporal. No entanto, não é assim. O Mundo Corpóreo também influencia, e muito, o Mundo Espírita. Afinal, não são os mesmos os Espíritos que habitam ambos os planos da vida? Se os Espíritos que hoje estão domiciliados no Mundo Maior terão que, mais dia menos dia, voltar ao plano terrestre, não fica difícil concluir que eles se interessam por tudo o que ocorre por aqui e que os fatos daqui tenham igual repercussão no lado de lá.
Esclarece o Dr. Barry: “Uma coisa que vos parecerá estranhável, mas que por isso não deixa de ser rigorosa verdade, é que o mundo dos Espíritos, mundo que vos rodeia, experimenta o contrachoque de todas as comoções que abalam o mundo dos encarnados. Digo mesmo que aquele toma parte ativa nessas comoções. Nada tem isto de surpreendente, para quem sabe que os Espíritos fazem corpo com a Humanidade; que eles saem dela e a ela têm de voltar, sendo, pois, natural se interessem pelos movimentos que se operam entre os homens. Ficai, portanto, certos de que, quando uma revolução social se produz na Terra, abala igualmente o mundo invisível, onde todas as paixões, boas e más, se exacerbam, como entre vós.
À agitação dos encarnados e desencarnados se juntam às vezes, e frequentemente mesmo, já que tudo se conjuga em a Natureza, as perturbações dos elementos físicos. Dá-se então, durante algum tempo, verdadeira confusão geral, mas que passa como furacão, após o qual o Céu volta a estar sereno, e a Humanidade, reconstituída sobre novas bases, imbuída de novas ideias, começa a percorrer nova etapa de progresso...
É no período que ora se inicia que o Espiritismo florescerá e dará frutos. Trabalhais, portanto, mais para o futuro, do que para o presente. Era, porém, necessário que esses trabalhos se preparassem antecipadamente, porque eles traçam as sendas da regeneração, pela unificação e racionalidade das crenças. Ditosos os que deles aproveitam desde já. Tantas penas se pouparão esses, quantos forem os proveitos que deles aufiram”.
Esta mensagem encaixa-se perfeitamente com o conteúdo da questão 86 de “O Livro dos Espíritos”, que diz: “O mundo corporal poderia deixar de existir, ou nunca ter existido, sem que isso alterasse a essência do Mundo Espírita. Embora independentes um do outro, é incessante a correlação entre ambos, porquanto um sobre o outro constantemente reage”.
Na obra “Nosso Lar”, no capítulo vinte e quatro, sob o título: “O Impressionante Apelo”, Chico Xavier psicografou as narrativas de André Luiz onde estão esboçados os aflitivos panoramas que antecederam o eclodir da segunda guerra mundial, que mostram como as influenciações recíprocas dos dois mundos se processam.
Portanto, quanto esteja ao nosso alcance, contribuamos para a paz. Inobstante a pequenez de nossa área de atuação, apesar de nossas limitações, trabalhemos pela paz, porque assim estaremos agindo não só em nosso próprio bem, como também em favor dos dois mundos: corporal e espiritual.
Aliás, segundo os Espíritos Amigos, um dos motivos pelos quais reencarnamos, isto é, um dos objetivos da reencarnação é para que possamos fazer a parte que nos toca na obra da Criação. Daí entendermos que nunca seremos tão insignificantes que não possamos fazer algo em favor de nossa evolução, bem como daqueles que estão próximos de nós. Lembremo-nos de que a montanha altaneira é constituída de pequenos grânulos de areia e o Oceano, com toda a sua imponência e beleza, é formado por pequeninas gotas d’água. Portanto, os nossos esforços pela paz, ainda que irrisórios, nos colocam na condição de coadjuvantes da evolução.
KARDEC, Allan. A Gênese. 43. ed. Rio [de Janeiro]: FEB, 2003, cap. XVIII, item 9.
KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. 83. ed. Rio [de Janeiro]: FEB, 2002, q. 132.