CLAUDIA
GELERNTER
claudiagelernter@uol.com.br
Vinhedo, SP
(Brasil) |
|
Por que comigo?
– Entendendo o
papel da dor em
nossa vida
“Embora a dor e
o pranto, não
permitas
Que a tua fé
sublime se
abastarde...
Abraça a luta e
segue para a
frente,
Antes que seja
tarde”
Espírito João
Coutinho *
Emmanuel, o
orientador
Espiritual de
Francisco
Cândido Xavier,
ditou para o
Médium
brasileiro a
lição intitulada
“A Mestra
Divina”, parte
do livro “Ceifa
De Luz”, do
mesmo autor.
Neste belíssimo
texto, o
Espírito comenta
os benefícios
causados pela
dor àqueles que
compreendem a
corrigenda,
saindo da
experiência,
melhorados.
Explica que a
dor “devolve-nos
todos os golpes
com que
dilaceramos o
corpo da vida,
para que não
persistamos na
grade do erro ou
nos cárceres do
remorso”.
(EMMANUEL, 1979,
p. 119.) Afirma,
ainda, que a
Mestra Divina “aqui
corrige, adiante
esclarece, além
reajusta, mais
além aprimora”
(p. 120),
explicando,
portanto, até
onde a Dor pode
atuar em nós,
caso permitamos
nos favoreça com
suas sagradas
lições.
Dentro dos
postulados
Espíritas,
aprendemos que
pertencemos, no
atual estágio
evolutivo, à
categoria de
Espíritos
Imperfeitos,
portanto,
incompletos, em
muito
ignorantes, e,
em muitos casos,
ainda maus,
essencialmente.
Daí a
necessidade de
residirmos,
temporariamente,
em um mundo que
reflete nosso
estado íntimo,
ou seja, em um
planeta
classificado
como sendo de
“provas e
expiações”.
Tal
classificação
nos ajuda a
entender o
caráter da dor
que nos atinge,
na atualidade.
Podemos ser
despertados por
ela, a fim de
resgatarmos
débitos
contraídos no
passado [tanto
remoto como
atual], ou ainda
para
provarmos se
já conseguimos
desenvolver em
nós as virtudes
necessárias e
possíveis para o
momento.
“Não fiz nada
para merecer
isto! É um
absurdo!”,
afirmam muitos.
Por certo, estes
ainda não
tomaram
consciência de
que muito temos
a aprender na
escola da vida;
que aqui estamos
na figura de
devedores,
buscando a
regeneração,
pelas vias da
reencarnação e
que toda
experiência
difícil nada
mais é que
oportunidade de
aprendizagem.
Instrumento
perfeito, que
serve:
Para uns, na
aquisição da
paciência.
Para outros, da
humildade.
Outros, ainda,
da resignação e
da fé.
Ou de todas
estas virtudes,
concomitantemente.
Certo é que a
Dor surge para
crescermos. Este
é o seu
objetivo. O que
faremos, com a
sua visita,
corre por nossa
conta.
Diante das
adversidades da
vida, podemos
buscar o que nos
cabe aprender,
fazendo o
melhor, ou,
revoltosos e
indignados,
podemos nos
rebelar contra
Deus,
desfazendo-nos
em muxoxos
intermináveis e
incabíveis.
Viktor Frankl, o
eminente
psiquiatra
vienense, devido
ao fato de ser
judeu, foi
perseguido e
preso em campos
de concentração,
na Alemanha
nazista. A
esposa grávida,
seus pais e
irmãos pereceram
nestes campos.
Entretanto, o
desafortunado
homem sobreviveu
e, estando em
situação de
completa
fragilidade,
buscou, acima
das dores, um
sentido para seu
sofrimento.
Quando conseguiu
a liberdade,
lutou por
divulgar suas
percepções.
Frankl passou a
ensinar que o
sentido da vida
pode ser
encontrado por
uma pessoa
através de três
caminhos:
O primeiro diz
respeito ao
exercício de um
trabalho que
seja importante,
ou a realização
de um feito, uma
missão, que
dependa de seus
conhecimentos e
de sua ação, e
que faça com que
a pessoa se
sinta
responsável pelo
que faz; o
segundo caminho
é o do amor a
uma pessoa ou a
uma causa, uma
ideia, o que
estabelece uma
responsabilidade
para com a
pessoa amada ou
à causa
defendida e, por
último, quando
diante de um
sofrimento
inevitável,
assumir uma
postura de
buscar um
significado e
utilidade para a
dor, pois
através da
experiência cada
pessoa pode
contribuir para
a vida de outras
pessoas.
Afirmou ele que
“dentro de cada
um de nós há
celeiros cheios
onde nós
armazenamos a
colheita da
nossa vida. O
significado está
sempre lá, como
celeiros cheios
de valiosas
experiências.
Quer sejam as
ações que
fizemos, ou as
coisas que
aprendemos, ou o
amor que tivemos
por alguém, ou o
sofrimento que
superamos com
coragem e
resolução, cada
um destes
eventos traz
sentido à vida.
Realmente,
suportar um
destino terrível
com dignidade e
compaixão pelos
outros é algo
extraordinário.
Dominar seu
destino e usar
seu sofrimento
para ajudar os
outros é o mais
alto de todos os
significados
para mim”. (FRANKL,
1985).
Espírito
valoroso, soube
ouvir e entender
a dor, retirando
dela o que tinha
de melhor.
No capítulo
intitulado “O
Poder do Amor”,
do livro “No
Mundo Maior”, de
André Luiz,
psicografia de
Francisco
Cândido Xavier,
irmã Cipriana, a
devotada
tarefeira do
Bem, falando
sobre os
recursos da Dor,
afirma,
categoricamente,
que “muitos
retiram do
sofrimento o
óleo da
paciência, com
que acendem a
luz para vencer
as próprias
trevas, ao passo
que outros dele
extraem pedras e
acúleos de
revolta, com que
se despenham na
sombra dos
precipícios”
(LUIZ, 1947 p.
92).
Sentir a dor é
obrigatório.
Revoltar-se com
ela é opcional,
assim como
seguir pelos
caminhos da
regeneração,
através da
paciência e do
amor.
Na atualidade,
grandes
dificuldades
assolam o
Planeta.
Trata-se do
processo de
transição, no
qual estamos à
mercê de grandes
convulsões,
sejam de ordem
individual,
social,
cultural,
econômica,
política ou
geológicas. São
as “dores do
parto”,
anunciadas
profeticamente
por Jesus. Dores
que nos farão
melhores, a fim
de podermos
habitar um
Planeta também
melhorado,
física e
moralmente.
Portanto,
urgente nos
prepararmos
intimamente para
este momento.
Entendermos que
no planejamento
divino não cabem
equívocos. Que
nenhuma dor nos
chega na
qualidade de
carta endereçada
a outra pessoa.
Com esta
certeza, teremos
força para
ultrapassar as
ventanias que
anunciam a
grande
tempestade, com
os alicerces do
entendimento e
do amor.
Logo mais,
quando o sol
tornar a
brilhar,
concedendo-nos
seus raios
iluminativos e
refazedores,
anunciando um
novo amanhecer
no clima
planetário,
poderemos, uma
vez melhorados,
usufruir da paz
que tanto
almejamos.
Cabe salientar
ainda que
aqueles que já
possuem em si as
ferramentas
íntimas capazes
de darem conta
das
adversidades,
sem tantos
desequilíbrios
emocionais,
estão munidos de
instrumentos que
devem ser
utilizados no
auxílio aos
irmãos por agora
equivocados.
Ainda no livro
“Ceifa de Luz”,
agora no
capítulo
“Desenvolvimento
Espiritual”,
Emmanuel,
falando sobre as
questões de
subdesenvolvimento
humano, se
utiliza da
expressão para
falar dos
subdesenvolvidos
espirituais.
Comenta que
devemos
reconhecer que
existe “uma
retaguarda
enorme de
criaturas
empobrecidas de
esperança e
coragem, não
obstante quase
toda ela
constituída de
companheiros com
destaque
merecido na
cultura e na
prosperidade da
Terra”.
(EMMANUEL, 1979,
p. 207.) E,
indicando nossa
posição diante
de tais irmãos,
pede-nos para
que nos
abasteçamos de
suficiente amor
para
compreendê-los e
auxiliá-los,
pois se tratam
de “amigos
chamados a
caminhar nas
frentes da
evolução, com
áreas enormes de
influência e
possibilidade no
trabalho do bem
de todos, mas
detentores de
escassos
recursos no
campo do
sentimento para
suportarem, com
êxito, as crises
da época de
mudança”
(EMMANUEL, 1979,
p. 208).
Destacamos que o
Espírito
menciona “crises
da época de
mudança”, ou
seja, fala-nos
sobre a
transição, por
nós citada, e
que traz em seu
bojo a marca da
dor, na forma de
medicamento
amargo, porém
necessário,
tanto para o
despertamento
dos que dormem,
nas camas do
materialismo,
como para
impulsionar o
desenvolvimento
espiritual, tão
necessário
nestes tempos de
pós-modernidade,
nos quais
imperam os
desregramentos
morais de toda
ordem.
Tempos difíceis,
que nos pedem
pratiquemos
aquilo que Jesus
nos ensinou há
2000 anos:
Oração e
Vigilância, a
fim de buscarmos
forças para
darmos conta dos
desafios,
através do
contato com as
esferas mais
elevadas da
Vida, e, ao
mesmo tempo,
observando
constantemente
nosso íntimo,
para que não
venhamos a
repetir antigos
erros.
E, assim como
escreveu Renato
Teixeira, na
canção “Tocando
em Frente”,
precisamos ter
em mente que “cada
um de nós compõe
a própria
história e cada
ser em si
carrega o dom de
ser capaz, e ser
feliz”.
Avante!
Referências
Bibliográficas:
EMMANUEL
[Espírito].
Ceifa de Luz.
[psicografado
por] Francisco
Cândido Xavier,
3ª ed. Brasília,
FEB, 1979.
LUIZ, A.
[Espírito]:
No Mundo Maior,
[psicografado
por] Francisco
Cândido Xavier,
1947; 26ª ed. 2ª
reimpressão, Rio
de Janeiro, FEB,
2009.
FRANKL, V. A
Descoberta de Um
Sentido No
Sofrimento,
Entrevista na
África do Sul,
1985, disponível
no Youtube,
http://www.youtube.com/watch?v=5cd2KANOJuU
acessado em 11
de setembro de
2011.
Em busca de
sentido: um
psicólogo no
campo de
concentração.
Petrópolis:
Editora Vozes,
1991.
* Espírito João
Coutinho - Do
livro: Poetas
Redivivos,
Médium:
Francisco
Cândido Xavier -
Espíritos
Diversos.