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Crônicas e Artigos

Ano 6 - N° 285 - 4 de Novembro de 2012

ESTÊNIO NEGREIROS
estenionegreiros@hotmail.com
Fortaleza, CE (Brasil)
 


As Lendas e os Espíritos
 


(Rememorando o artigo "Os Gobelins - Lendas", publicado na Revista Espírita, de Allan Kardec, edição de janeiro de 1858.)

 A cultura é um atributo do homem e se constitui a partir das relações e das experiências com o mundo que o cerca, como os grupos sociais, a tradição, os costumes, o meio ambiente, a religião etc. Dessa mistura nasce o folclore com suas lendas e crendices. Folclore, cuja acepção é "ciência ou sabedoria do povo", é um vocábulo cunhado pelo arqueólogo inglês Williams John Thoms em 1846. O estudo do nosso folclore começou com Amadeu Amaral (1875-1929), poeta e pesquisador, e prosseguiu depois por outros estudiosos do assunto, entre os quais destacamos Sílvio Romero, Nina Rodrigues, Figueiredo Pimentel e Câmara Cascudo. Vasto é o vocabulário folclórico em todo o mundo e não nos cabe aqui citá-los por não ser o objetivo central deste artigo.  

As lendas e mitos que estão intrinsecamente ligadas ao folclore são tudo aquilo que está vinculado ao maravilhoso e ao fantástico. Podem ser contadas ou inventadas por qualquer pessoa. Existem entre todos os povos desde o aparecimento do homem na Terra. Escritos, ou oralmente, narram feitos heroicos, contam histórias de seres estranhos, medonhos, irreais, pois não existem limites para a imaginação. Riquíssimo é o acervo brasileiro nesse campo em todas as suas regiões geográficas. Citemos alguns deles, a seguir, mas sem descer aos detalhes de suas representações para não comprometer o espaço deste escrito e nem cansar aqueles que se derem ao trabalho de lê-lo: boitatá, boto, curupira, lobisomem, mãe-d'água, corpo-seco, pisadeira, mula-sem-cabeça, mãe-de-ouro, saci-pererê etc. No interior do Estado do Ceará, denominamos "visagem" a toda aparição intangível, em substituição a "alma do outro mundo", ou a qualquer fato de natureza inexplicável do ponto de vista material. E o que dizer das estórias de caçadores que se dizem importunados por seres invisíveis quando, de algum modo, praticam ações que agridem a fauna ou a flora? Há, por parte deles, relatos de açoites, de perseguições, de gritos ou assovios, praticados por entidades que não são vistas.

 Mas desviemos o foco desta composição, saindo do campo das superstições e crenças populares para adentrar no universo real do Espiritismo.

O Codificador da Doutrina Espírita, o francês Hippolyte Léon Denizard Rivail (Allan Kardec), no seu artigo "Os Gobelins - Lendas", publicado na Revista Espírita, de janeiro de 1858, aborda o tema sobre as lendas pela ótica espiritista. Inicia ele aquele escrito, assim se exprimindo: "A intervenção de seres incorpóreos nas minúcias da vida privada faz parte das crenças populares de todos os tempos. Não pode, sem dúvida, caber no pensamento de uma pessoa sensata tomar ao pé da letra todas as lendas, todas as histórias diabólicas e todos os contos ridículos, que se gosta de contar ao lado do fogo". Quer ele aqui, na sua costumeira sensatez, orientar-nos para que interpretemos as aparições contadas nas lendas despojados da ilusão do maravilhoso e do fantástico, considerando-os fatos normais da Natureza. Continua Kardec a sua expressão: "Entretanto, os fenômenos, dos quais somos testemunhas, provam que esses próprios contos repousam sobre alguma coisa, porque o que se passa em nossos dias, pôde e deveu se passar em outras épocas. Que se aparte, desses contos, o maravilhoso e o fantástico dos quais a superstição os vestiu ridiculamente, e se encontrarão todos os caracteres, fatos e gestos dos nossos Espíritos modernos; uns bons, benevolentes, prestativos em servir, como os bons Brownies, outros mais ou menos traquinas, espertos, caprichosos e mesmo maus, como os Gobelins da Normandia, que se encontra sob os nomes de Bogles na Escócia, de Bogharts na Inglaterra, de Cluricaunes na Irlanda, de Puckas na Alemanha. Segundo a tradição popular, esses duendes se introduzem nas casas, onde procuram todas as ocasiões de brincar maldosamente: eles batem nas portas, deslocam os móveis, dão golpes sobre os barris, batem no teto e no assoalho, assoviam baixinho, produzem suspiros lamentosos, tiram as cobertas e as cortinas dos que estão deitados etc.". Refere Kardec que, na Inglaterra, os Bogharts exercem suas ações maliciosas, particularmente sobre as crianças, parecendo a elas terem grande aversão, porquanto "arrancam, frequentemente, sua fatia de pão com manteiga e sua tigela de leite, agitam, durante a noite, as cortinas de seu leito; sobem e descem as escadas com grande ruído, jogam sobre o assoalho as baixelas e os pratos, e causam muitos outros estragos nas casas". Já em algumas localidades da França, os Gobelins são considerados "fantasmas domésticos" e são tratados de maneira especial no que diz respeito à alimentação, pois a eles são reservados as iguarias mais delicadas, pelo simples motivo de trazerem para os donos das casas com os quais convivem, o trigo que furtam de outros proprietários. Tal superstição provém da Gália antiga e dos borussianos do século X, que foram os prussianos do século XIX, cujos "gênios domésticos" eram chamados de Koltkys.

Identifica-se, claramente, nessas passagens citadas por Kardec, Espíritos de Terceira Ordem ou Espíritos Imperfeitos nos quais há muito mais de leviandade, de irreflexão e de malícia do que propriamente maldade, conforme nos ensina ele no Capítulo I – Do Mundo Espírita ou Mundo dos Espíritos – Escala Espírita – de "O Livro dos Espíritos".

Já no Capítulo IX, ibidem, – Da Intervenção dos Espíritos no Mundo Corporal – Ação dos Espíritos nos Fenômenos da Natureza –, Kardec indaga na questão 536-b: "Concebemos perfeitamente que a vontade de Deus seja a causa primária, nisto como em tudo; porém, sabendo que os Espíritos exercem ação sobre a matéria e que são os agentes da vontade de Deus, perguntamos se alguns dentre eles não exercerão certa influência sobre os elementos para os agitar, acalmar ou dirigir?". Ao que respondem os Espíritos: "Mas, evidentemente. Nem poderia ser de outro modo. Deus não exerce ação direta sobre a matéria. Ele encontra agentes dedicados em todos os graus da escala dos mundos".

Finalizando, recordamos novamente o Codificador ao iniciar os "Prolegômenos" do seu antes citado "O Livro dos Espíritos": "Fenômenos alheios às leis da ciência humana se dão por toda parte, revelando na causa que os produz a ação de uma vontade livre e inteligente".


Bibliografia:

"Revista Espírita", janeiro de 1858, de Allan Kardec.

"O Livro dos Espíritos", de Allan Kardec.

 

 


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