Culpa
e resgate
Antônio Valentim da
Costa Magalhães
– Senhora, compaixão! –
a moça triste implora.
– Não merece perdão a
mulher que se aluga!...
Acabarei contigo, infame
sanguessuga!... –
Grita no espancamento a
impassível senhora.
A vítima doente anseia,
tomba e chora,
Tremendo, a soluçar, sob
o pé que a subjuga...
Rompe-se um grande
vaso... E o sangue rola
em fuga.
A morte arranja o fim...
Tudo é silêncio agora...
A ré que ninguém viu,
como se nada houvera,
Continua a viver qual
flor na primavera,
Mas a Lei vigilante
assinala-lhe a trilha.
E antes que a dama nobre
em remorsos se adentre,
A alma da moça triste
acolhe-se-lhe ao ventre
E ela estende-lhe o
seio, enlaçando-a por
filha...
Diretor-fundador do
celebre jornal literário
A Semana e membro
fundador da Academia
Brasileira de Letras,
Valentim Magalhães foi
romancista, poeta,
crítico literário,
teatrólogo, contista e
jornalista. O soneto
acima integra o livro
Antologia dos Imortais,
obra psicografada pelos
médiuns Waldo Vieira e
Francisco Cândido
Xavier.
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