MARCUS
VINICIUS DE AZEVEDO
BRAGA
acervobraga@gmail.com
Brasília, DF (Brasil)
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Frodo Bolseiro
A magnífica
obra, “O Senhor
dos Anéis”,
escrita pelo
inglês J. R.R.
Tolkien
(1892-1973), é
de uma beleza
ímpar, inspirada
por um
sem-número de
lendas
europeias, na
construção de um
mundo de
criaturas
mágicas, em uma
densa história
que discute,
entre outras
coisas, o poder
como uma
categoria humana
importantíssima.
O personagem
principal dessa
obra é um hobbit,
chamado “Frodo
Bolseiro”.
Criados por
Tolkien, os
hobbits são uma
espécie de
criatura
mitológica de
pequena
estatura,
pacatos e
habilidosos e
que vivem em
tocas, à feição
de vilas,
passeando
descalços,
ostentando o seu
pé peludo.
Frodo, no épico
“O Senhor dos
Anéis”, recebe
de Gandalf, o
mago, a
atribuição de
conduzir até a
destruição nas
lavas de um
vulcão o “um-anel”,
um dos anéis do
poder, um anel
que possuía
vontade própria
e sempre era
atraído pela
vontade de seu
criador, Sauron,
o vilão dessa
história. O anel
era tão poderoso
que qualquer um
que dele se
apossasse se via
corrompido pelo
poder adquirido,
o que levou o
próprio Gandalf
a entregá-lo a
um hobbit de
coração puro e
alma serena,
como foi Frodo,
para garantir o
sucesso da
empreitada.
Mesmo com a sua
alma pura, Frodo
se viu tentado
pelos apelos do
Poder,
necessitando da
ajuda de seus
amigos para
superar os
obstáculos de
sua missão.
Surge no
decorrer da
história um
personagem
singular, um
outro hobbit,
chamado Sméagol,
que depois vem a
se denominar
Gollum, que teve
em suas mãos o
anel por muito
tempo e se
definhou, em uma
relação
destrutiva com o
poder ali
contido, se
transformando em
um frangalho
humano.
Esse introito
não teve como
objetivo
incentivar o
leitor a
conhecer mais
amiúde a obra de
Tolkien, ainda
que, creio, este
seria um grande
aprendizado a
todos. A
explicação se
deve à
necessidade de
esclarecer a
metáfora que
será utilizada
nesse artigo,
onde
discutiremos a
mediunidade como
potencialidade
da alma e a sua
relação com o
medianeiro.
A mediunidade,
como o anel do
poder, é fonte
de um poder
típico, da
comunicação da
vida terrena com
o país da luz,
da abertura do
portal entre
mundos, trazendo
bens valorizados
no plano
encarnado, como
a cura, a
informação e a
predição do
futuro. Assim, a
mediunidade,
como assombra,
também fascina,
trazendo em si a
carga da
evidência, da
submissão e, em
alguns casos, a
adoração. Esse
anel também é
entregue a
pessoas, com uma
missão que, ao
contrário da
obra tolkeniana,
não é a sua
destruição e,
sim, a sua
reprodução em
bênçãos de
conhecimento e
consolação.
Imagino sempre
que vejo a fala
das pessoas em
relação aos
médiuns famosos,
a carga complexa
que estes levam
às costas e a
necessidade de
equilíbrio
diante do
cotidiano. Não
somos caridosos,
somos exigentes
e críticos, por
vezes, e
esquecemos a sua
dimensão humana,
no endeusamento,
por outras. A
obra “Trilhas da
Libertação”, de
psicografia de
Divaldo Franco,
Espírito de
Manoel Philomeno
de Miranda,
mostra um caso
emblemático da
queda de um
médium sobre
suas próprias
pernas.
O receptáculo
desse presente
necessita, como
Frodo, ter sua
alma pura,
possuir um
espírito
despretensioso e
disciplinado,
que o permita
conviver com
tamanho poder e,
ainda, cumprir a
contento sua
missão, que por
vezes dura
diversas
décadas, entre o
açodamento da
incompreensão
popular e, por
vezes, do
lamentável
interesse
escuso, exigindo
destes médiuns
ostensivos uma
abnegação
incomensurável.
Tomando a lição
de Frodo como
exemplo, vê-se
que este
perseverou e
venceu seus
desafios com o
auxílio dos
amigos, que,
pelas palavras e
pelo apoio
incondicional, o
ajudaram nessa
tarefa de vencer
a si mesmo
diante dos
desafios do
poder. Amigos do
médium, os que o
cercam, bem como
os familiares,
têm nesse
sentido grande
responsabilidade,
no conforto e no
auxílio a este
em suas tarefas,
não esquecendo
jamais a sua
dimensão humana.
Uma bela
história como
essa nos traz
lições diversas,
entre elas sobre
a conduta do
médium, da
importância da
humildade e do
apoio dos amigos
nessa tarefa.
Ser médium é um
fardo, mas
também é uma
bênção. É
missão, mas é
prova. A
mediunidade,
como o poder, é
uma
potencialidade
que nos foi
ofertada por
Deus na
construção de um
mundo melhor.
Mas, como toda
forma de poder,
guarda em si um
potencial
destrutivo, se
não for
observado seu
rumo...