Anotação
fraterna
F. Purita
Nós, os
espíritas
desencarnados,
via de regra
estamos perante
a Vida Superior
como alunos
envergonhados,
que se
despediram da
escola com baixa
média de
aproveitamento,
apesar da
excelência do
curso
preparatório,
colocado na
Terra à nossa
disposição.
Conhecemos, mais
que os
profitentes de
outros credos, a
paternidade de
Deus, a
orientação de
Jesus e a bênção
do Evangelho,
com livre
interpretação
pessoal.
Permanecemos
convencidos
quanto à lei de
causa e efeito
que estudamos de
perto, nas
consciências
exoneradas do
vaso físico;
sabemos que a
vida continua
com todo o
império do
raciocínio e da
emoção, além do
túmulo; e somos
aquinhoados por
todo um tesouro
de revelações do
mundo
suprafísico,
capaz de
transformar-nos,
entre os homens,
em verdadeiros
apóstolos do
bem. Contudo, a
morte – que é
sempre o
examinador exato
da vida –
encontra-nos em
condição
deficitária.
Proclamamo-nos
detentores de
uma doutrina com
tríplice
aspecto,
totalizando a
Ciência, a
Filosofia e a
Religião; no
entanto, dela
fazemos uma
ciência
discutidora, uma
filosofia de
dúvidas e uma
religião de
hábitos
cristalizados.
Gritamos que
“fora da
caridade não há
salvação”, mas a
nossa caridade,
comumente, é
aquela do
supérfluo ao
necessitado,
assim como a do
viajante
enfastiado em
navio superfarto,
que atira pão ao
peixe faminto.
Asseveramos que
Jesus é o nosso
Divino Mestre e
Supervisor de
nossas
atividades,
todavia,
entregamo-nos,
bastas vezes, ao
intercâmbio de
fascinação,
dominados pela
fome doentia de
reconforto
individual,
ouvindo oráculos
subservientes e
enganosos e
desertando
sistematicamente
da luta que nos
é necessária à
renovação. E em
muitas ocasiões
bradamos,
ociosos e
ingratos:
– Não quero
reencarnar.
– Não tornarei à
Terra.
Entretanto,
descerrado o véu
que nos encobre
a realidade,
encontramo-nos
estupefatos
diante do tempo
que despendemos
em vão, dos
recursos
terrestres que
consumimos
debalde, das
maravilhas da
vida a nos
desafiarem o
esforço e da
situação
desagradável da
alma, nas
esferas
inferiores, nas
quais somos
compelidos a
estágio longo,
como resultante
de nossa
rebeldia e
indiferença.
Não falamos aqui
como quem
repreende. Somos
ainda um simples
companheiro que
volta,
necessitado de
mais luz. Isso,
porém, não
impede que a
nossa palavra se
converta em
anotação
fraterna, para
compreendermos
que a função
essencial de
nossos
princípios é
aquela da
reconstrução do
Espírito, para
que se nos eleve
a senda do
destino.
Sem Espiritismo
no campo íntimo,
para que a nossa
recuperação se
faça tão
completa quanto
possível na obra
do Senhor,
nossas
convicções e
predicações
podem valer para
os outros, que
se inclinem a
aproveitá-las,
mas não para nós
mesmos que nos
situaremos
voluntariamente
distantes do
trabalho a
realizar.
É por esse
motivo que a
reencarnação
quase que
imediata, para
todos nós,
trânsfugas dos
deveres maiores,
é impositivo
urgente e
recomendável, de
vez que, se
ainda não nos
liberamos do
purgatório da
afetividade mal
conduzida e se
ainda não
abraçamos a
lavoura do bem
por amor ao bem,
a volta ao
educandário da
carne é a maior
concessão que a
Divina
Providência pode
facultar-nos à
sede de
progresso.
Todos os
companheiros,
candidatos a
mais ampla
incursão no
campo da verdade
e do estudo,
depois da morte
física, devem
aproveitar o
tempo da
encarnação como
período valioso
de aprendizado,
adotando a
disciplina como
norma
indispensável à
construção que
pretendem levar
a efeito.
Em suma, os
espíritas
receberam, na
atualidade da
Terra, o quinhão
máximo de
talentos do Céu.
E para que
possam assimilar
em definitivo a
herança do Céu é
necessário se
disponham a
viver no esforço
máximo. Isso
equivale a dizer
cultura
constante do
cérebro e
cultura
infatigável do
coração.
Transmitida
psicofonicamente
por intermédio
de Chico Xavier
em 9 de agosto
de 1956, a
mensagem acima
integra o livro
Vozes do Grande
Além, obra
mediúnica de
autoria de
diversos
Espíritos. F.
Purita foi um
denodado
batalhador da
causa espírita
em Minas, onde
construiu vasto
círculo de
amizades.