Compadece-te e acertarás
No instante de analisar
o comportamento menos
feliz desse ou daquele
irmão, compadece-te e
acertarás.
Na base da solução de
quaisquer problemas, na
ordem moral da vida, a
compaixão é a porta de
acesso.
Em verdade, todos
estamos cercados de
companheiros crivados de
inquietação e de
angústia. Não lhes
agraves a dor.
Este acreditou que fazia
justiça e caiu no
remorso; aquele admitiu
que vigilância fosse
tirania e converteu-se
em verdugo dos entes
mais caros; outro supôs
que afeição se erigisse
unicamente em prazer e
estirou-se em
desequilíbrio; aquele
outro imaginou que a
penúria devesse
alicerçar a economia e
afundou-se em avareza; e
outro ainda entendeu que
a Divina Providência lhe
fosse apoio exclusivo ao
mundo pessoal e
transfigurou a própria
fé em azorrague dos
semelhantes.
Reflete nos enganos a
que se renderam,
desprevenidos, e
compadece-te.
Quando não consigas
aliviar-lhes os
padecimentos, entretece
um véu de esperança que
lhes resguarde a fronte
contra o assalto das
trevas.
Deus é a justiça que se
executa nas leis que o
revelam, mas também é a
misericórdia no amor que
lhe assegura a
onipresença.
Os que se transviam
sabem-se transviados sem
que se faça preciso se
lhes esvurmem
(1)
as chagas íntimas a
golpes de acusação ou
censura.
Todos nós, quando nos
precipitamos em
delinquência,
conhecemos, à saciedade,
o sombrio lugar em que a
nossa mente estagia. Que
nos bastem ao resgate os
sofrimentos da culpa.
A dor existe para
mostrar que não há
desajuste sem
possibilidades de
retificação. E na base
de todo o equilíbrio
reina a Eterna Sabedoria
que nos fez imortais.
Por isso mesmo,
determinou o Senhor se
lhe atribuísse nas
revelações da verdade a
afirmativa inesquecível:
“Misericórdia quero e
não sacrifício”.
(1)
Esvurmem, do verbo
esvurmar, que significa:
limpar (a ferida) do
vurmo ou pus,
espremendo-a; fazer
supurar.
Do cap. 20 do livro
Astronautas do Além,
obra de autoria de Chico
Xavier, J. Herculano
Pires e diversos
Espíritos.