O confrade Mauricio Moura,
de Bauru-SP, em carta
dirigida à redação desta
revista, pergunta-nos se o
sonambulismo, no tocante à
mediunidade, é o mesmo
fenômeno que ocorre em
inúmeras famílias, no qual o
indivíduo se levanta e
caminha dormindo pela casa.
O tema sonambulismo foi
tratado por Kardec nas
questões 425 a 438 e também
na questão 455 d´O Livro
dos Espíritos.
A doutrina espírita define o
sonambulismo como um estado
de independência da alma,
mais completo do que no
sonho, estado em que maior
amplitude adquirem suas
faculdades, porque então ela
tem percepções de que não
dispõe no sonho, que é
considerado um estado de
sonambulismo imperfeito.
No sonambulismo, a alma ou
Espírito está na posse plena
de si mesma. Quando se
produzem os fatos do
sonambulismo, a que o leitor
se refere, é que o Espírito,
preocupado com uma coisa ou
outra, se aplica a uma ação
qualquer, para cuja prática
necessita de utilizar-se do
corpo. Serve-se então deste,
como se serve de uma mesa ou
de outro objeto material no
fenômeno das manifestações
físicas, ou mesmo como se
utiliza da mão do médium nas
comunicações escritas.
Em seus comentários à margem
da questão 431 do livro
citado, Kardec diz que a
experiência revela que os
sonâmbulos podem também
receber comunicações de
outros Espíritos, que lhes
transmitem o que devam dizer
e suprem à incapacidade que
denotam. O fato verifica-se
principalmente nas
prescrições médicas. O
Espírito do sonâmbulo vê o
mal, outro lhe indica o
remédio. Essa dupla ação é
às vezes patente e se
revela, além disso, por
estas expressões muito
frequentes: dizem-me que
diga, ou proíbem-me que diga
tal coisa.
No estado sonambúlico, o
sonâmbulo pode ver
indivíduos desencarnados.
Isso é muito comum, embora
às vezes não perceba no
primeiro momento que está
vendo Espíritos, julgando-os
indivíduos encarnados. O
fato se dá principalmente
com os que, nada conhecendo
de Espiritismo, não
compreendem a essência dos
Espíritos.
Os fenômenos do sonambulismo
natural produzem-se
espontaneamente e independem
de qualquer causa exterior
conhecida. Mas, em certas
pessoas dotadas de especial
organização, podem ser
provocados artificialmente,
pela ação do agente
magnético.
A chamada mediunidade
sonambúlica é tratada por
Kardec no cap. XIV, itens
172 a 174, d´O Livro dos
Médiuns, em que ele
afirma que nesse caso dois
tipos de fenômenos com
frequência se acham
reunidos.
O sonâmbulo propriamente
dito age sob a influência do
seu próprio Espírito; é sua
alma que, nos momentos de
emancipação, vê, ouve e
percebe, fora dos limites
dos sentidos. O que ele
externa tira-o de si mesmo;
suas ideias são, em geral,
mais justas do que no estado
normal, seus conhecimentos
mais dilatados, porque tem
livre a alma. Numa palavra,
ele vive antecipadamente a
vida dos Espíritos. O
médium, ao contrário, é
instrumento de uma
inteligência estranha; é
passivo e o que diz não vem
dele próprio.
Em resumo, o sonâmbulo
exprime seu próprio
pensamento, enquanto que o
médium exprime o de outrem.
Contudo, o Espírito que se
comunica com um médium comum
pode fazê-lo com um
sonâmbulo, e muitas vezes o
estado de emancipação da
alma facilita essa
comunicação.
Como os sonâmbulos veem
perfeitamente os Espíritos,
podem confabular com eles e
transmitir-nos seus
pensamentos. Assim, o que
dizem fora do âmbito de seus
conhecimentos pessoais lhes
é com frequência sugerido
por outros Espíritos.
Verifica-se então uma dupla
ação, em que o Espírito do
sonâmbulo serve de
intermediário – de médium –
a outro Espírito.
Kardec menciona, no item 173
da obra citada, um caso
interessante que ilustra bem
essa dupla ação.
Um rapaz de 14 a 15 anos, de
inteligência muito vulgar e
instrução extremamente
escassa, dava, quando em
estado sonambúlico, provas
de uma lucidez
extraordinária e grande
perspicácia. Isso ocorria
sobretudo no tratamento das
enfermidades, quando ele
pôde operar grande número de
curas consideradas
impossíveis.
Certo dia, dando consulta a
um doente, descreveu a
enfermidade com absoluta
exatidão. Alguém lhe pediu,
então, que indicasse o
remédio. “Não posso”, disse
ele, “meu anjo doutor não
está aqui”. Perguntaram-lhe:
Quem é esse anjo doutor de
quem falas? Ele respondeu:
“O que dita os remédios”.
Vê-se no exemplo citado que
a ação de ver o mal era do
próprio sonâmbulo, e para
isso não precisava de
assistência alguma; mas a
indicação dos remédios lhe
era dada por outro Espírito.
Não estando presente esse
outro, ele nada podia dizer.
Quando sozinho, era apenas
sonâmbulo. Assistido por
aquele a quem chamava seu
anjo doutor, era
sonâmbulo-médium.
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