PAULO ARTUR
GONÇALVES
pauloarturgoncalves@gmail.com
Paraisópolis, MG
(Brasil) |
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Jesus e o Novo
Testamento
O
Novo Testamento contém
os quatro Evangelhos
(Marcos, João, Mateus e
Lucas) e ainda uma série
de documentos (atos,
epístolas etc.).
O conteúdo do Novo
Testamento transcende em
muito a doutrina de
Jesus tal como ele a
pregou, introduzindo
dogmas, doutrinas que
absolutamente Jesus não
ensinou nem referenciou.
Para entender como estes
credos chegaram até os
dias de hoje é
necessário conhecer um
pouco da vida do
Imperador Constantino
(272 a 337 d.C.).
Ele foi o primeiro
imperador romano cristão
e patrocinador do
Concílio de Niceia em
325, o primeiro deles.
Encontramos uma suposta
explicação (2) que
descreve desavenças de
credos em que se
envolveram os cristãos a
partir da morte de Jesus
e faz um resumo parcial
de fatos da vida de
Constantino.
Sobre a desavença de
credos, temos: (2)
Nos
três primeiros séculos
do Cristianismo, os
cristãos estavam
supostamente divididos
em dois grupos:
- O primeiro grupo,
denominado Paulista
(seguidores de São
Paulo), que não teve
contato direto com a
pregação de Jesus. Este
grupo defendia a
divindade de Jesus, a
santíssima trindade, o
pecado original, a
redenção dos pecados
pela fé em Jesus (que
morreu na cruz para
pagar nossos pecados)
etc.
- O segundo grupo,
denominado Apostólico
(seguidores de São
Pedro, Barnabé e
outros), que teve
contato direto com a
pregação de Jesus. Este
grupo Apostólico
rejeitava alguns dogmas
do grupo Paulista, como
a divindade de Jesus e a
santíssima trindade, por
ser fiel ao ensinamento
da Unicidade de Deus.
Por outro lado, ele
introduzia ensinamentos
da lei judaica, tais
como: circuncisão, tipos
de carnes proibidas
etc., que o grupo
Paulista não aceitava.
OBS: É muito difícil
estabelecer com precisão
o conteúdo exato destes
textos, pois há quem
afirme que houve
alteração (3) no
primeiro artigo de fé do
“Credo” – “Eu creio em
Deus, Pai
Todo-Poderoso...”, onde
a palavra “Pai” foi
acrescentada entre 180 e
210 d.C.. Se houve uma
alteração, pode ter
havido mais.
Sobre a vida de
Constantino, temos: (2)
Constantino, para
assegurar sua própria
posição de Imperador,
mandou matar o seu filho
mais velho, Crispus, que
estava muito prestigiado
para sucedê-lo. (OBS: Há
outras versões dos
motivos pelos quais ele
mandou matar o filho.)
Colocou a culpa no
enteado e também mandou
matá-lo. Acuado pela
rainha e seus
seguidores, ele foi
pedir ajuda dos padres
do tempo romano e ouviu
dos sacerdotes de
Júpiter – que se
recusavam a apoiá-lo –
que não existia oração
ou sacrifício que
apagassem estes crimes.
Ficando em situação
insustentável em Roma,
ele se mudou para
Bizâncio, rebatizando-a
com seu nome:
Constantinopla.
Lá conheceu o
Cristianismo (OBS:
provavelmente pelas mãos
de sua mãe Helena, que
era simpatizante do
Cristianismo) e aprendeu
que com arrependimento e
penitências seus pecados
seriam perdoados.
Aliviou a sua
consciência com a
confissão e continuou
sua saga como imperador
pagão. Vendo a
importância política de
ter os cristãos ao seu
lado, os apoiava e, da
mesma forma, a Igreja
passou a tirar partido
do poder. Os padres dos
cristãos lhe foram muito
úteis nas guerras
menores em que venceu,
atuando até como seus
espiões.
(4)
Disputando o controle do
Império Romano com
Magêncio, Constantino
sonhou que, se pintasse
as duas primeiras letras
gregas do nome de Jesus
Cristo ("X" e "P"
superpostos) nas suas
armas, venceria.
Fez isto e venceu
Magêncio na Batalha da
Ponte Mílvio, perto de
Roma, tornando-se, no
ano 312 d.C., imperador
do Império Romano.
OBS: 1: Na antiguidade,
a crença de que os
deuses ajudavam nas
batalhas era forte.
Assim, Constantino
acreditou que a batalha
fora vencida com ajuda
do deus (guia) dos
cristãos, Jesus.
OBS: 2: É crença de
alguns que este fato
marcou a conversão de
Constantino para o
Cristianismo,
entretanto, há outras
versões (4) e (5) de que
Constantino só se tornou
cristão no final de sua
vida. O batismo oferecia
a absolvição a todos os
pecados anteriores.
Constantino, por força
do seu ofício de
imperador, pode ter
percebido que suas
oportunidades de pecar
eram grandes e não
desejou "desperdiçar" a
eficácia absolutória do
batismo antes de haver
chegado ao fim da vida.
(2) Como apoio aos
cristãos, e para
diminuir o poder dos
padres do Templo de
Júpiter em Roma, que não
o apoiaram, Constantino
incentivou os cristãos a
criarem uma igreja em
Roma.
Ele continuou pagão,
porém, as disputas das
duas correntes do
Cristianismo o
incomodavam, já que não
se entendiam e
hostilizavam entre si.
Desta forma, em 325 ele
convocou o Concílio
Ecumênico de Niceia,
congregando os dois
grupos.
Constantino assumiu a
coordenação geral deste
Concílio, embora fosse
pagão e nada entendia de
assuntos religiosos.
Neste Concílio,
supostamente entrou com
pouco mais de 270
evangelhos dos dois
grupos, dentre os quais
foram escolhidos os 4
(quatro) evangelhos
canônicos atuais.
Como critério de
escolha, a narração é
bizarra, porém, vamos a
ela:
Colocaram todos os
textos debaixo de uma
mesa e todos os bispos
rezaram para que no dia
seguinte os evangelhos
escolhidos estivessem em
cima da mesa.
Retiraram-se, fechando a
sala.
No outro dia, estavam em
cima da mesa os quatro
evangelhos canônicos
atuais, por milagre,
provavelmente de quem
tinha chave da sala
(cópia ou original) ou
tinha outra forma de
entrar.
Os demais viraram
cinzas, porém, algumas
cópias existiam, sendo
que fragmentos de
algumas delas
(evangelhos apócrifos)
foram achadas nas
cavernas das montanhas
do Jordão, perto do Mar
Morto. Estão entre os
Pergaminhos do Mar
Morto.
Todos os bispos
presentes assinaram o
decidido em Niceia, como
respeito ao imperador.
Neste concílio, além da
divindade de Jesus,
existência da santíssima
trindade, pecado
original, redenção dos
pecados etc., ainda
referendou-se que:
– O Sabah cristão
passava do sábado para o
domingo, dia do deus Sol
Invictus.
– No dia 25 de dezembro,
data da comemoração do
deus Sol Invictus, seria
comemorado o Natal,
nascimento de Jesus.
OBS: Com isto,
Constantino, que cunhava
a esfinge do deus Sol
Invictus em suas moedas
(4), unificou as
principais datas
comemorativas dos
cristãos e dos pagãos. A
partir da batalha de
Ponte Mílvio, passou a
cunhar X superposto ao
P.
(2) O grupo dos
Apostólicos assinou as
decisões de Niceia sem
concordar e continuou
não concordando. Alguns
deles pagaram a heresia
da continuidade do culto
de suas crenças com a
morte, sendo então
mártires em continuidade
da prática existente de
martirizar os que não
aceitavam as religiões
pagãs.
Nos anos seguintes, o
Papa se transferiu para
Roma, onde o grupo
Paulista não tinha
opositores e estava bem
relacionado com o poder.
Assim, os dogmas e
teologias do grupo
Paulista foram os
escolhidos e persistem
até hoje.
A Igreja Católica foi
ganhando força e poder,
e Lutero e Calvino se
rebelaram. Eles não
contestaram os dogmas
principais do grupo
Paulista e, sim, os
secundários, como a
adoração de imagens de
santos e outros, o que
não deixa de ser uma
continuidade da
idolatria das religiões
primitivas.
CONCLUSÃO
Albert Einstein dizia:
“Deus é a lei e o
legislador do Universo.
A religião do futuro
será cósmica e
transcenderá um guia
(deus) pessoal, evitando
os dogmas e a teologia”.
Estamos no princípio de
uma nova era e nela as
pessoas tendem a buscar
religiões que buscam ser
cósmicas, como disse
Einstein.
Religião cósmica busca
Deus e não um guia
(deus) pessoal que, se
louvado, atende pedidos
(amorosos, financeiros
etc.), pune, agracia
etc.
Religião cósmica é
isenta de dogmas,
teologias, ritos,
hierarquia
(sacerdotes/pastores,
bispos, ministros etc.),
e não tenta sobrepor
suas crenças às
descobertas da ciência,
nem distorcê-las.
Um exemplo de distorção
é dizer que Darwin
afirmou que o homem
descende do macaco para
ridicularizá-lo. Darwin
afirmou que homem e
macaco têm um ancestral
comum, e isto é outra
coisa.
O Espiritismo é o que
mais se aproxima disto,
com seu conceito de fé
raciocinada e seu
respeito/aderência às
descobertas da ciência.
Os espíritas se dedicam
ao estudo da codificação
de Kardec e, da Bíblia,
ela só inclui a doutrina
de Jesus como ele
pregou.
A Bíblia, apesar de ser
um dos livros mais
vendidos no mundo, não
faz parte da literatura
espírita como livro
sagrado e de fé
religiosa.
Kardec fez citações de
falas de alguns
profetas, objetivando
mostrar a existência da
crença na reencarnação,
devidamente documentada,
desde as mais remotas
épocas, já que a Bíblia
é um livro milenar.
A proposta do
Espiritismo é estudar e
aplicar a Doutrina de
Jesus! Isto é
continuidade da
“doutrina de Jesus como
ele pregou”, o que é bem
diferente de como
pregaram por ele e/ou em
nome dele.
As leis de Deus estão
escritas, de forma
latente, no único livro
sagrado que existe, que
é a consciência do
homem. É necessário
fazer aflorá-las e foi
exatamente isto que
Jesus objetivou com sua
doutrina.
O Espiritismo difere das
demais religiões cristãs
ao apresentar estas leis
sem nenhum dogma que as
tire de evidência.
Referências:
(1) “Jesus, um Profeta
do Islã”, de Muhammad`Atá
Ur-Rahim. Tradução da
Dra. Ana Maria de
Azeredo Lobo Novais.
(2) Articles of the
Apostolic Creed.
Theodore Zahn, pp.
33-37.
(3) Wikipedia.
(4) Cf. Paul Veyne,
Quand notre monde est
devenu chrétien, Paris,
Albin Michel, 2007, pgs.111/114.