Veja se está correta esta
frase: “Sou do tempo que se
oferecia flores às
namoradas”.
Não. A frase contém dois
erros. Corrigida, ela ficará
assim: “Sou do tempo em
que se ofereciam
flores às namoradas”.
Ao dar esta resposta a um
dileto amigo, este nos
perguntou quais são as
normas aplicáveis aos dois
casos.
Vejamos:
Os estudiosos do idioma
português entendem que
expressões temporais desse
tipo exigem a preposição
em antes do que:
- O momento em que a vi,
fiquei admirado.
- O dia em que for avô,
serei muito feliz.
- A hora em que a encontrar,
nem sei como agirei.
- No ano em que chegou ao
Brasil, vivíamos em plena
ditadura.
- No dia em que mudamos,
chovia torrencialmente.
A omissão da preposição
em caberá somente em
casos especiais ou quando a
eufonia o exigir.
Em construções desse tipo o
pronome se funciona
como partícula apassivadora,
porque o sujeito – “flores”
– encontra-se claramente
determinado.
Recordemos uma antiga regra:
quando o pronome se
tem a função de partícula
apassivadora, ocorre a
seguinte estrutura:
- o verbo fica na terceira
pessoa (singular ou do
plural), em concordância com
o sujeito
- há um substantivo (ou
palavra equivalente) não
precedido de preposição
- é possível a transformação
na voz passiva com o verbo
ser, a que damos o
nome de voz passiva
analítica.
A frase “Sou do tempo em que
se ofereciam flores às
namoradas” pode ser assim
redigida: “Sou do tempo em
que flores eram oferecidas
às namoradas”.
Como o sujeito da oração é
“flores”, o verbo deve estar
na forma plural.