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A incrível saga da
modelo somali Waris
Dirie |
Waris Dirie |
A luta dessa jovem
mulher para superar as
dificuldades da vida
constitui um notável
exemplo para todos nós
“Amarás o teu próximo
como a ti mesmo. Toda a
lei e os profetas se
acham contidos nesses
dois mandamentos.” Mt
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Inúmeras mudanças
ocorrem em muitas partes
da Terra e às vezes não
nos damos conta de sua
relevância, por não
serem melhor divulgadas.
Num tempo de egoísmo
exacerbado, questões
aparentemente
desimportantes para a
maioria assumem caráter
extraordinário para
minorias sofridas. E,
embora singulares e nem
sempre percebidas de
pronto, resultam em
benefícios para toda a
Humanidade, eis que,
somadas, essas pequenas
ações conduzem-nos a um
mundo melhor.
O planeta eleva-se
espiritualmente quando,
em qualquer parte,
alguém defende ou
promove os frágeis, os
excluídos de toda
espécie; aqueles a quem
falta o respeito à sua
dignidade de seres
humanos; a quem faltam
oportunidades de se
educarem, de preservarem
a saúde; de crescerem
como indivíduos filhos
de Deus, iguais aos
demais.
Esses pequenos
progressos libertam
nosso orbe de costumes
bárbaros, de opressões
consentidas, de
sofrimentos às vezes
milenares. E a atmosfera
espiritual de nossa Casa
Planetária se renova, a
todos nos favorecendo.
Ora ocorrem na forma de
uma Lei (Lei Áurea; Lei
Maria da Penha; Lei da
Ficha Limpa), ora como
uma campanha (Ação da
Cidadania Contra a Fome,
a Miséria e Pela Vida –
liderada, à época
(1993), por Herbert José
de Sousa – o Betinho).
Esta última prossegue em
todo o Brasil, não
apenas doando alimentos,
mas oferecendo cursos
profissionalizantes a
jovens e a adultos
carentes; ou seja,
executa a ação social,
mas não se limita a ela,
eis que busca promover o
cidadão, através da
educação.
Quantos hoje arrecadam
cestas básicas na
comemoração do próprio
aniversário, ou do
Natal; ou gêneros
alimentícios em
quaisquer outros eventos
(gincanas estudantis;
shows artísticos, etc.),
como decorrência do
hábito criado por essa
Campanha!
Waris Dirie nasceu no
deserto, de família
nômade
Waris Dirie – modelo
somali – é um desses
casos impressionantes de
quem se insurgiu contra
a opressão e a crueldade
impostas não só às
mulheres somalis –
simplesmente por sua
condição feminina –, mas
a mulheres de muitos
países africanos e
asiáticos, com a
ablação, para que sejam
‘puras, limpas’.
Foi vítima desse costume
bárbaro que se mantém em
pleno Século XXI!
Nasceu no deserto, de
família nômade. Não sabe
sua idade (no deserto
não há papéis!).
Com os pés descalços,
pastoreou cabras e
camelos.
Aos cinco anos foi
submetida à ablação (na
Somália retiram, além
dos lábios menores da
vagina, também o
clitóris). A ferida é
costurada, deixando-se
apenas pequena abertura
para a urina e a
menstruação. Essa
prática ocorre sem
anestesia e sem
assepsia!
Como é de esperar,
muitas morrem com o
sangramento que sobrevém
a essa estupidez! A
própria irmã da modelo
não sobreviveu a essa
tortura física e mental.
Quando o pai ia casá-la
com um homem de sessenta
anos, em troca de cinco
camelos, fugiu para
Mogadício, aos 13 anos!
Dali, três anos após,
seguiu para Londres,
trabalhando como criada
em casa de uma tia,
casada com diplomata
somali.
Em Londres foi
‘descoberta’ por um
fotógrafo e tornou-se
modelo internacional e,
com o sucesso e a fama,
ferrenha ativista contra
a circuncisão feminina.
Sua história, contada
por ela no livro "Flor
do Deserto", virou filme
com o mesmo nome
(exibido no Brasil em
julho de 2010).
Foi embaixadora da ONU
contra a mutilação
feminina, de 1997 a
2003. Afastou-se dessa
Organização, porque
prefere a ação às
reuniões e aos longos e
inócuos discursos.
Fundou uma organização
que leva seu nome, para
lutar contra essa
barbárie.
Para isso, busca também
formar professores que
eduquem as crianças e as
mães, em sua terra
natal.
Além de Flor do Deserto
(escrito em 1997),
escreveu Amanhecer no
Deserto (2002), Meninas
do Deserto (2005) e
Cartas a minha mãe
(2007).
A mutilação ainda ocorre
em várias partes do
mundo
“Estou confrontando a
mutilação na minha
própria família. Meu
irmão tem seis meninas,
todas menores de idade e
que vivem no deserto.
Minha cunhada quer
mutilá-las. Por causa
disso eu estou tentando
trazer as meninas para
um lugar seguro. Isso
tira meu sono todas as
noites. (...)
Estimativa da
Organização Mundial da
Saúde (OMS) aponta que
entre 100 e 140 milhões
de meninas e mulheres
vivem hoje sob
consequências da
mutilação – a maioria na
África. A organização
tem uma campanha contra
a prática, que considera
prejudicial à saúde da
mulher e uma violação
dos direitos humanos.
A mutilação ocorre em
várias partes do mundo,
mas tem registro mais
frequente no leste, no
oeste e no nordeste da
África e em comunidades
de imigrantes nos EUA e
Europa. Em sete países
africanos – entre eles
Somália, Etiópia e Mali
– a prevalência da
mutilação é em 85% das
mulheres.”
(Do site
http://g1.globo.com/mundo/noticia/2010/07/e-impossivel-descrever-dor-diz-modelo-sobre-circuncisao-feminina.html
.)
Quantas peripécias
superou essa brava
mulher, para empreender
essa nobre missão!
Vê-se, nitidamente, que
não foi o acaso a
levá-la por esse
caminho; e que há mão
invisível a conduzi-la
para esse destino
grandioso, de renúncias,
sim, mas de
extraordinário
sentimento de
solidariedade! Ela
própria confessa, como
se vê no texto indicado
logo abaixo, que teve a
intuição de que lhe
estava reservada imensa
e transformadora tarefa!
Como a dessa corajosa
mulher, há belas e
nobres vidas a nos
exemplificar o que pode
o amor, que jamais se
omite, diante da
opressão e da injustiça!
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