JOSÉ LUCAS
jcmlucas@gmail.com
Óbidos, Portugal |
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Espiritismo: antídoto
para a violência
O retrato social
parece estar
mais violento
que nunca. Desde
a violência
infantil nos
lares, a
violência
doméstica sobre
mulheres,
violência nas
escolas, gangs,
assaltos,
violência entre
países,
violência social
generalizada,
terrorismo,
enfim, tudo
parece apontar
para estarmos a
viver num
autêntico barril
de pólvora, numa
espécie de
guerra não
declarada,
sempre à espera
do primeiro
estilhaço.
Todos são
unânimes, este
cenário não pode
continuar; todos
nos sentimos
inseguros, a
"mídia" destaca
apenas o mal, na
ânsia do
dinheiro fácil,
sanguinolento,
rematando para o
lixo notícias
que apontem no
sentido do bem,
no sentido da
paz.
Mudemos de
cenário!
Domingo à tarde,
Caldas da
Rainha,
Portugal.
Tinha-me
deslocado com a
esposa e os dois
filhotes
pequenos a uma
superfície
comercial. Ao
sair, com poucos
carros no parque
de
estacionamento,
circulava a uns
20 km/h, ainda a
arrumar um papel
ou outro. Uma
buzinadela
sonora, na
retaguarda,
lembrou-me que
alguém tinha
mais pressa.
Encostei-me à
direita. O
condutor
apressado, ao
passar pela
nossa viatura,
ainda soltou um
sonoro “sai daí,
oh lesma!”, ele
também na
presença da
esposa e de duas
crianças. Mas o
que mais me fez
refletir não foi
a atitude
mal-educada, o
mau exemplo que
deu aos seus
filhos, mas sim
o olhar do
condutor,
colérico,
parecendo deitar
chamas de ódio.
Fiquei
estupefato! Num
fim de tarde de
um domingo, na
presença de
crianças, qual
seria a causa
daquela atitude
intempestiva,
seguida daquele
olhar "mortal"?
Decerto, aquele
condutor, quando
chegasse a casa
e ligasse a TV,
seria o primeiro
a insurgir-se
contra a
violência no
mundo, contra a
corrupção,
contra o roubo,
enfim, contra os
males sociais.
De imediato
centrei-me em
mim próprio,
desligando-me do
tal "olhar
mortífero", e
fiquei a meditar
como sou
imensamente
feliz por ser
espírita. Não
que eu seja
melhor que o
outro condutor
(ele até podia
estar num "dia
mau", a que
todos têm
direito), mas
porque o
conhecimento da
doutrina
espírita dá-nos
outra visão da
vida, menos
imediatista,
mais global, o
que se repercute
inevitavelmente,
pela positiva,
na nossa maneira
de viver no
dia-a-dia.
O espírita
avança no
sentido da
pacificação
interior
Fiquei a pensar
como seria bom
que as pessoas
conhecessem a
ideia espírita
(ciência,
filosofia e
moral), que não
é mais uma seita
nem mais uma
religião, que
soubessem,
sentissem a
certeza de que
somos seres
imortais,
temporariamente
num corpo de
carne. Como
seria bom que
soubessem que a
vida continua
após a morte do
corpo físico,
como quem muda
de casa, que é
possível a
comunicabilidade
com aqueles que
já nos
precederam na
grande viagem,
que conhecessem
o mecanismo da
reencarnação,
única explicação
plausível para
as
dessemelhanças
sociais,
dessemelhanças
de
oportunidades,
de alegrias, de
dores. Como
seria bom que se
embrenhassem na
essência da
doutrina
espírita,
assente na moral
de Jesus de
Nazaré (fazer ao
próximo o que
desejamos para
nós próprios).
Fiquei a pensar
numa pessoa que
há dias me
dizia: "vocês
espíritas são
diferentes",
ao que eu
rematei:
– "mas
nem sempre somos
melhores,
esforçamo-nos
para isso".
O conhecimento
da doutrina
espírita
(começando pelo
"O Livro dos
Espíritos",
"O Evangelho
segundo o
Espiritismo"
e outros livros,
todos de Allan
Kardec) leva o
homem a
tornar-se mais
fraterno, a ter
vontade de
servir, de ser
útil,
desinteressadamente.
Ao sentir essa
mudança íntima,
avança no
sentido da
pacificação
interior, da
alteração de
atitudes no seu
quotidiano, e,
pacificando-se,
pacifica os que
o rodeiam, com
as suas
atitudes, num
contágio
incessante que
abraça todo o
planeta.
Fiquei a pensar
como seria bom
que todo o
planeta tivesse
acesso a este
tesouro
espiritual (a
doutrina
espírita), e da
enorme
responsabilidade
dos espíritas em
divulgá-lo, o
mais e melhor
possível, não no
afã de
arrebanhar
adeptos, mas sim
no sentido de
contribuir para
a pacificação
das
consciências,
dos países e do
mundo. Ou não
fosse o poderoso
deserto composto
de minúsculos e
"desprezíveis"
grãos de
areia...