CHRISTINA NUNES
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Rio de Janeiro,
RJ (Brasil) |
|
Templo
Do latim
templu:
lugar misterioso
e respeitável.
Recordação
eterna das ações
memoráveis.
Está em nós!
Dentro de nós...
É por isso,
aliás, o título
Templo – não
exatamente
Igreja, por sua
conotação
venerável. É
mais adequado o
termo, para a
nobreza daquilo
que existe
dentro de nós,
antes de em
qualquer outro
lugar – mas que
ainda passa
despercebido de
muitos.
Não pretendo
aqui desmerecer
qualquer local
estabelecido
para o culto do
sagrado, senão
apenas que
enfatizar a
existência do
sagrado,
preliminarmente,
no nosso íntimo
– não, e nunca,
importando o
local externo
onde estejamos.
Uma das maiores
verdades
pronunciadas é a
assertiva de que
onde o nosso
coração se
encontra, é
exatamente lá
onde nos achamos.
Pois tal
realidade é a
confirmação
prática, o
retrato fiel do
estado do nosso
verdadeiro
Templo interno.
Porque muitas
vezes se afirma
– e é certo –
que, se em
seiscentas vezes
que estejamos
nalgum templo
religioso, os
nossos
pensamentos e
coração ali não
estiverem –
desviados para
preocupações e
pensamentos
outros,
atinentes ao
cotidiano, ou a
quaisquer outros
atrativos –,
seiscentas vezes
perderemos o
nosso tempo. E
nos iludiremos a
respeito de nós
mesmos, julgando
erroneamente que
o fato puro e
simples de nos
situarmos apenas
de corpo, em
mera instituição
onde se realizam
ritos externos
de qualquer
espécie, nos
aproximará, de
fato, de Deus.
Associo mais a
prece à
Natureza, ao
campo, e à
espontaneidade.
Nossas
meditações
dirigidas ao
Supremo ecoarão
muito mais
próximas dEle se
pronunciadas com
a sinceridade
intensa do
coração e da
alma, em cada
expressão e
sentimento,
quando num
momento
solitário diante
da majestade
inspiradora das
montanhas ou dos
mares, do que em
qualquer outra
ocasião em que,
muitas vezes
enfadados, e
irresistivelmente
preocupados com
outros fatores
da vida, nos
obrigarmos, por
mera convenção,
a nos situarmos,
em momento
impróprio e não
condizente com
nossas condições
psicológicas,
físicas ou
emocionais,
dentro de locais
onde as palavras
alheias nada
mais nos
inspiram do que
tédio e o
impulso
incontrolável de
bocejar, ou de
prestar atenção
na cor do cabelo
da mulher
sentada à nossa
frente.
Lugar misterioso
e respeitável.
Recordação
eterna das ações
memoráveis.
Serão os nossos
templos de pedra
lugares
genuinamente
misteriosos e
respeitáveis? E
dali, dos que os
administram e
dos que os
frequentam,
guardar-se-ão de
fato, e
eternamente,
ações
memoráveis?!
Porque,
irrefutavelmente,
o que valida
tudo isso é a
atitude humana –
fora dos
templos, antes
que dentro deles
– e de nada
adiantará tentar
nos iludirmos a
respeito de nós
mesmos!
É chegada uma
época em que,
dada a
transparência de
tudo, em todos e
em todas as
situações,
devemos refletir
seriamente sobre
a veracidade do
nosso Templo
interno – o
único que de
fato importa e
que, de si,
valida todos os
demais templos
exteriores.
Porque é a
partir do nosso
estado íntimo,
refletido em
cada passo e em
cada iniciativa
nossa no
dia-a-dia, nas
menores quanto
nas maiores
coisas, que
criaremos e
frequentaremos,
eventualmente, e
com a devida
autenticidade ou
falsidade, os
templos
exteriores de
quaisquer
procedências ou
de quaisquer
expressões
religiosas.
O que honra o
templo de pedra,
construção
humana, é, e
será sempre, o
Templo íntimo de
cada um. No dia
em que esta
verdade for
plenamente
compreendida e
realizada em nós
mesmos,
saberemos que
tanto faz
estarmos no
campo ou nas
cidades, ou em
nossas casas,
tanto fará
elevarmos nossas
preces nos
templos batistas
ou budistas,
porque, então,
Deus estará de
fato, o mais
próximo
possível, vivo,
dentro de nós! E
tudo mais será
mera
circunstância.
Chegados estes
tempos, o homem
saberá, de fato,
que está na
Presença de
Deus; mas de uma
forma consciente
e desperta! E
enfim teremos os
nossos dias
transmudados no
autêntico
Paraíso! Aqui,
ou onde quer que
estejamos...,
porque
carregaremos o
nosso Paraíso
dentro de nós.