JANE MARTINS
VILELA
jane.m.v.imortal@gmail.com
Cambé, PR
(Brasil)
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Degraus de
ascensão
“Através dos
tempos, por
cima dos
séculos, rola
a triste
melopeia dos
sofrimentos
humanos; o
lamento dos
desgraçados
sobe com uma
intensidade
dilacerante,
que tem a
regularidade
de uma vaga
...” (Léon
Denis, em O
problema do
Ser, do
Destino e da
Dor.)
Defrontamo-nos
com o espectro
da dor em
todos os seres
na vida
terrena. A dor
alheia
ferreteia a
alma,
compungindo
aqueles que já
têm um
coração
compassivo.
Não é à toa
que ela surge.
Caminha conosco
como socorro
divino para o
despertar do
amor.
Como diz Léon
Denis, no
livro referido
“suprimi a
dor e
suprimireis ao
mesmo tempo o
que é mais
digno de
admiração
neste mundo,
isto é, a
coragem de
suportá-la. O
mais nobre
ensinamento
que se pode
apresentar aos
homens não é
a memória
daqueles que
sofreram e
morreram pela
verdade e
pela justiça
?...”
“...É
necessário
sofrer para
adquirir e
conquistar. Os
atos de
sacrifício
aumentam as
radiações
psíquicas. Há
como que uma
esteira
luminosa que
segue, no
espaço, os
Espíritos dos
heróis e dos
mártires...”
“...Há, já
nesta vida,
um não sei
quê de grave
e enternecido
nos rostos
que as
lágrimas
sulcaram
muitas vezes.
Tomam uma
expressão de
beleza austera,
uma espécie
de majestade
que
impressiona e
seduz...”
As leis de
causa e
efeito nos
revelam muitas
das dores sem
resposta. “Por
que sofro
tanto se não
mereço?” A
dor não fere
apenas a quem
tem culpas
no antes, em
encarnações
passadas. Na
Terra, a dor
ainda fere a
todos. Um dia,
isso passará,
quando o amor
viver em
todos. Por
enquanto, mesmo
grandes
Espíritos
imergem em
encarnações
dolorosas para
darem exemplos
de resignação,
de serenidade
no sofrimento.
O Espírito sobe
degraus de
luz na
obediência e
na resignação.
Aflições no
atual estágio
evolutivo do
planeta, todos
enfrentam.
O Espiritismo é
misericordiosa
luz divina a
se espalhar,
abençoada, no
tempestuoso
plano terreno,
onde
vagarosamente
os Espíritos
que aqui
estamos
encarnados
aprendem a
amar.
Pudemos ser
testemunha de
uma grande dor.
Alguns que
conheceram o
fato e
desconhecem a
reencarnação
se perguntavam
como era
permitido por
Deus tanto
sofrimento para
duas crianças?
Naquele momento
para elas era
assim, pois há
dores
superlativas e
maiores,
ignoradas
muitas vezes.
Uma menina de
15 anos
chegou em
estado de
choque ao
nosso setor
de trabalho.
Tinha acabado
de desmaiar e
sido levada
para lá pelos
parentes
desesperados.
Deitada na
maca, olhos
desmesuradamente
abertos, sem
expressão,
vazios... Era
uma máscara
de dor. Corpo
minúsculo, de
criança,
cabelos muito
pretos, rosto
perfeito, tez
morena, cílios
grandes e
muito negros,
olhos
verdíssimos,
lindíssima!
Seria o sonho
de qualquer
jovem da
atualidade a
beleza dela...
Mas a dor
campeia ...
As tias contaram
a história
rapidamente.
Estavam elas e a
irmã mais nova
dela, de 12
anos, indo
para o
Hospital do
Câncer para
se despedirem
da mãe, que
estava em fase
terminal. Não
havia para essa
mãe esperanças
de sobreviver
na Terra.
Mandaram
chamá-las. No
caminho, a
jovem de 15
anos desmaiou
no carro.
“Está
morrendo!” -
gritavam as
tias
desesperadas.
“Precisa de
remédio!”...
Calma, não está
morrendo, é só
um choque
emocional,
dissemos
enquanto nos
certificávamos
de que
fisicamente
tudo estava
bem. O problema
era emocional.
História triste.
Tinham ficado
órfãs de pai um
ano atrás. A
mãe estava
sendo
acompanhada
por
neurologista,
que lhe
ministrava
antidepressivos,
devido à
queixa de
cansaço
extremo,
desânimo...
Imaginava ser
devido à
morte do
marido. Dois
dias antes do
fato que
citamos, a
mãe teve uma
hemorragia
gástrica e foi
levada às
pressas para a
emergência. Ante
os exames, foi
levada com
urgência para
o Hospital do
câncer e
diagnosticada
leucemia em
fase terminal.
Por mais que
tentassem,
naqueles dois
dias ela só
piorou. A mãe,
consciente,
chamou as
meninas para
se despedirem.
Foi algo súbito
.Em dois dias ,
a vida delas
desmoronou. A
de 15 anos não
aguentou. Ali
estava, olhos
muito abertos,
fixos no
vazio, em
choque.
Tranquilamente,
dissemos-lhe
que a morte
não era o
fim, que era
preciso
confiar em
Deus. A morte
era apenas um
abandonar o
corpo e
continuar vivo.
Ela encontraria,
certamente,
quando mais
tranquila, sua
mãe em
sonhos, a
abraçaria e
teria certeza
do
reencontro...
A lucidez veio
voltando ao
seu olhar e
lhe dissemos:
poderíamos
atender suas
tias e você
ser medicada,
mas um
calmante agora
a faria
dormir. Você
precisa ir
despedir-se de
sua mãe, pois,
se não o
fizer, vai
ficar pensando
a vida toda
que poderia
ter-lhe dado
o último
abraço, o
último beijo.
“Você quer
ir?” –
perguntei-lhe.
A lucidez
voltou
completamente
e ela fez
sinal que sim.
“Então,
coragem, força,
levante-se e
vá se
despedir de
sua mãe.” E
ela o fez. A
mãe morreu,
mas ela
conseguiu
dar-lhe o
abraço de que
precisava e
despedir-se.
As pessoas
querem fugir
das dores,
poupar-se em
excesso. Querem
calmantes. Isso
não elimina a
causa. Em
alguns casos
se fazem
necessários,
mas não ali..
Qual seria o
aprendizado
reservado às
duas meninas?
Órfãs de pai e
mãe. Há muitas
dores assim na
Terra, dores até
piores, muito
piores, pois
elas têm
família, serão
cuidadas.
Experiência
difícil, mas
vai
fortalecê-las
para o
futuro.
“Você não viu a
irmã mais nova
de 12 anos, que
estava no
carro, lá fora.
Ainda é mais
linda do que
essa que saiu.
Parece ter o
céu nos olhos
de um azul
lindo, rosto
belíssimo.”. A
dor vai
ampará-las
neste mundo
onde a beleza
física está
sendo
valorizada
demais. O
sofrimento
talvez as poupe
da vaidade,
porque a dor
na Terra é
remédio para
o Espírito.
Muitos pais,
quando
inquiridos
sobre o que
desejam para
seus filhos,
respondem que
querem que
sejam felizes.
Quando mais
amadurecidos,
um dia
responderão
que desejam
que sejam
homens ou
mulheres de
bem, não
importa que
dores tenham que
passar neste
mundo, pois
assim serão
felizes,
testemunhando
o amor, a
bondade, a
compaixão, a
honestidade, a
honra. Não
tentarão
poupá-los das
despedidas na
morte dos
seus queridos,
mas lhes
ensinarão que
a morte não
é o fim, mas
uma temporária
separação, uma
temporária
saudade, uma
das maiores
dores, a
saudade, mas o
reencontro
virá.
Nossa jornada
terrena é de
aprendizagem
do amor. Quando
ele estiver
pleno na
Terra, não
mais dores
presenciaremos,
mas que
estejamos
preparados, pois
na conjuntura
de fatos
opostos ao
amor que estão
ainda na
Terra a dor
caminhará com
os homens, e em
qualquer
circunstância
lembremos
Jesus:
“Permanecei em
mim, que eu
permanecerei em
vós”. “Vinde a
mim todos vós
que vos
encontrais
aflitos e
sobrecarregados,
pois meu
jugo é suave e
meu fardo é
leve, e darei
descanso para
as vossas
almas.”
Caminhemos com
Jesus, pois
com ele tudo
se torna menos
amargo e mais
esperançoso.
Subamos com
coragem os
degraus de luz
que nos são
ofertados,
muitos deles
como dores a
serem
suportadas, e
venceremos.
Um dia a
felicidade
viverá em nós.
Isso acontecerá
talvez como o
disse o
apóstolo Paulo:
“Não sou mais
eu quem vive,
mas o Cristo
quem vive em
mim”. Quando
isso acontecer,
nem doenças
existirão mais
na Terra.