RICARDO ORESTES FORNI
iost@terra.com.br
Tupã, SP (Brasil) |
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A farmácia do amor
“Simão, filho de Jonas,
amas-me mais do que
estes outros?” – João,
21-15.
Pedro ficou espantado
quando recebeu essa
indagação de Jesus. O
Apóstolo amava o Mestre
sem a necessidade de
procurar dentro de si
mesmo uma resposta.
Amava espontaneamente,
naturalmente,
verdadeiramente, sem
justificativas.
Os enamorados vivem a
trocar juras de amor,
mas sabem realmente o
que é amar?
Segundo Joanna de
Ângelis, amar é abrir o
coração sem reservas,
encontrar-se desarmado
de sentimentos de
oposição, sempre
favorável ao bem e ao
progresso, mesmo quando
discordando das
colocações que são
apresentadas.
Diz mais sobre o amar,
Joanna. Amar, diz ela,
torna-se um hábito
edificante, que leva à
renúncia sem frustração,
ao respeito sem
submissão humilhante, à
compreensão dinâmica,
por revelar-se uma
experiência de alta
magnitude, sempre melhor
para quem o exterioriza
e dele se nutre.
Arrisco a dizer que amar
não é possível definir
com palavras, apenas
sentir e revelar com
atitudes.
Pedro deve ter ficado em
maus lençóis quando
recebeu, de chofre, a
pergunta de Jesus. Simão
o amava com as forças
interiores de sua alma,
mas não sabia definir
como isso acontecia. Era
muito óbvia para ele a
resposta à pergunta do
Mestre, por isso ele
respondeu a Jesus: Tu
sabes que eu te amo.
Pedro sentia
verdadeiramente esse
amor, mas ficava difícil
defini-lo.
Mas, agora, as coisas,
com a evolução da
ciência, ficaram mais
fáceis. Li um artigo
curioso na revista
Super Interessante,
edição 311, de 2012,
intitulado Amor de
Farmácia. Segundo
esse artigo o amor é
mais concreto e menos
impalpável do que a
definição dos poetas ou
dos grandes apaixonados.
Vejamos: “Um remédio que
chegou este ano às
farmácias americanas é o
novo passo da ciência na
busca do amor eterno. E
não é só. Especialistas
acreditam que já é
possível acabar com a
traição. Para tudo isso,
basta manipular os
hormônios e genes
certos.
Amor não é uma vontade
incontrolável de ficar
com seu amante o tempo
todo. O nome disso é
serotonina. Amor não
relaxa o corpo, cria
laços e deixa os
apaixonados felizes. O
nome disso é
ocitocina. É
dopamina.
Biologicamente, paixão é
só um jato de hormônios
e neurotransmissores
disparado pelo cérebro.
E que viciam quase como
droga – as áreas de
prazer e recompensa
ativadas são as mesmas.
Mas uma hora cansa.
Quando a festa hormonal
no cérebro acaba, o amor
chega ao fim.
Com isso em mente, os
neurocientistas Julian
Savulescu e Anders
Sandberg, da
Universidade de Oxford,
Reino Unido, iniciaram
uma busca pela ciência
do amor eterno.
Primeiro, eles
analisaram dados de
divórcio nos Estados
Unidos e viram que, todo
ano, quase um milhão de
casais se divorciam no
país – em média, 16 anos
depois do casamento.
Esse tempo de duração
não é à-toa, segundo os
cientistas. Há milhares
de anos, o cérebro criou
artimanhas químicas para
atrair casais, a fim de
estimular a reprodução
da espécie. Só que,
milhares de anos atrás,
os humanos viviam cerca
de 25, 30 anos. Ou seja,
eles passavam, no
máximo, por volta de 15
primaveras juntos com
alguém. Justamente como
a média de duração dos
casamentos hoje nos EUA
(e também no Brasil,
segundo o IBGE). Ou
seja, do ponto de vista
evolutivo, não é que os
relacionamentos estejam,
necessariamente, durando
menos. É que estamos
vivendo mais. “Nosso
cérebro evoluiu há
milhares de anos para
lidar com relações e
problemas que faziam
sentido naquele ambiente
em pequenas comunidades
de caça e coleta. É um
sistema primitivo, com
limitações”, diz Brian
Earp, psicólogo e
professor da
Universidade de Oxford,
que integra a equipe de
Savulescu e Sandberg.
Segundo eles, até hoje
nosso corpo segue essa
regra. A culpa dos
casamentos durarem
pouco, portanto, é dos
hormônios e
neurotransmissores. Ou
melhor, da falta deles.
Afinal, são eles que
acionam o sistema de
recompensa do cérebro e
desencadeiam a sensação
de prazer e felicidade
do amor correspondido.
Um grupo de cientistas
até já pôs as ideias em
prática. O remédio do
amor vem em um
recipiente de 7,5 ml,
com conta-gotas, ou sob
a forma de spray nasal.
A ocitocina está no ar.
O sistema límbico do
cérebro, responsável
pelas sensações e
sentimentos, produz
ocitocina naturalmente,
seja em um abraço, seja
na amamentação ou
durante o parto,
estimulando as
contrações uterinas. Ela
aparece ainda como a
substância química
responsável pelo
sentimento de conexão
entre duas pessoas. Um
estudo da Universidade
de Bar-Ilan, de Israel,
acompanhou 60 casais e
mediu o nível do
hormônio no sangue
deles. “Meses antes de
terminar o
relacionamento, eles
mostravam uma queda da
quantidade de ocitocina.”
Será que o ato de amar a
outra pessoa pode ser
introduzido em um
indivíduo através de uma
substância química? Na
longínqua Idade Média,
Francisco de Assis seria
possuidor dessas
substâncias? Teria o
santo utilizado em
exagero essa medicação
já que amava a toda a
obra da Criação chamando
a tudo e a todos de
irmãos?
Teria Chico Xavier
descoberto esse novo
segredo da ciência e
realizado a obra imensa
de amor que ele realizou
à custa dessa tal de
ocitocina, serotonina e
dopamina?
É urgente descobrirmos
onde se vende tais
produtos para
distribuirmos
gratuitamente à
população que cada vez
está se agredindo mais e
mais.
Ao invés de loja de
armas, inúmeros postos
de distribuição gratuita
de ocitocina, serotonina
e dopamina e, pronto! A
Terra retornará ao Éden
perdido por Adão e
Eva...