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Estudando as obras de Manoel Philomeno de Miranda
Ano 6 - N° 292 - 23 de Dezembro de 2012
THIAGO BERNARDES
thiago_imortal@yahoo.com.br
 
Curitiba, Paraná (Brasil)  
 


Nas Fronteiras da Loucura

Manoel Philomeno de Miranda 

(Parte 18)

Damos continuidade ao estudo metódico e sequencial do livro Nas Fronteiras da Loucura, de Manoel Philomeno de Miranda, obra psicografada por Divaldo P. Franco.

Questões preliminares

A. A ação das Trevas pode produzir um acidente e levar alguém à morte?

Pode, sim. Contudo, evidentemente, contrapõe-se a essa ação malévola a atividade dos nossos benfeitores espirituais. Foi esse o caso, relatado nesta obra, em que o líder de um grupo de baldoeiros e sequazes da Treva objetivava levar à morte, em um aci­dente que eles engendrariam, dois casais ini­ciantes na Doutrina Espírita. A trama foi, no entanto, desfeita a tempo graças à intervenção do Dr. Bezerra de Menezes e seus amigos. (Nas Fronteiras da Loucura, cap. 23, pp. 163 a 165.)

B. É verdade que o período inicial da educação mediúnica ocorre sempre sob ações tormentosas?

Sim. Segundo palavras do autor desta obra, o período inicial da educação mediúnica ocorre sempre sob ações tormentosas, porque o médium, Espírito endividado em si mesmo, com vasta cópia de compromissos a resga­tar quanto a desdobrar, traz matrizes que facultam o acopla­mento de mentes perniciosas do Além-túmulo, que o impele ao trabalho do autoburilamento, quanto ao exercício da caridade, da paciência e do amor para com as mesmas. Cobradores invisíveis sitiam-lhe a casa men­tal, criam-lhe armadilhas e situações difíceis, predispõem mal aquele que os sofrem e cercam-no de incompreensões. É, portanto, um calvário abenço­ado – as­severa Philomeno – a fase inicial do exercício e desdobra­mento da me­diunidade e ninguém há, nesse campo de trabalho, que não experimente esse período de testemunhos silenciosos, em que a oração, o estudo e a meditação fazem-se indispensáveis para resguardar o ini­ciante. (Obra citada, cap. 23, pp. 165 e 166.)

C. Que ocorre ao médium que fuja do estudo e do exercício correto de suas faculdades mediúnicas?

Tratando desta questão, Manoel P. de Miranda é incisivo: "Qualquer médium que fuja do estudo e do exercício correto das suas faculdades medianímicas, por mais empáfia com que se apresente, encontra-se em período de obsessão, sob comando equívoco... Permanece-lhe, quiçá, a mediunidade para o seu e o escarmento dos que afinem com tal disposição, no entanto, sob comando maléfico ou simplesmente alienado...". (Obra citada, cap. 23, pp. 166 a 168.) 

Texto para leitura

85. A sintonia é lei da vida - Dezoito sofredores – que tinham permanecido nos círculos vibratórios da Crosta, mergulhados nas densas faixas de desespero que eles mesmos liberaram e mantinham – haviam sido recolhidos e começavam, no Posto de socorro, uma vida nova. Ma­noel P. de Miranda lembra-nos que a mente plasma, no fluido cósmico, sob o império da vontade, o que ela mais ambiciona, vitalizando com suas ações – decorrência dos desejos acalentados – aquilo que lhe servirá  de suporte para a ascensão ou armadilha para a queda. Em luga­res onde o comportamento mental é pernicioso, idêntico em muitas pes­soas pela gama de interesses vividos, surgem redutos de incúria e so­frimento espiritual, que se ampliam de acordo com a continuidade das exteriorizações psíquicas, o volume e o teor delas. E a recíproca é também verdadeira: onde se concentram tônus psíquicos superiores, abrem-se vias de comunicação com as Esferas elevadas, surgem cons­truções de paz e Espíritos benignos convivem com as almas que se lhes afinam. É que a sintonia, no Universo, como a gravitação, é lei da vida. Vive-se no lugar e com quem se deseja psiquicamente, mesmo que não o fruamos fisicamente. Há um intercâmbio vibratório em todos e em tudo, respondendo pela harmonia universal. O carnaval, naquela manhã de quarta-feira, chegava a seu clímax e já  passava de uma hora da ma­drugada quando Dr. Bezerra foi notificado de uma nefasta cilada que baldoeiros e sequazes da Treva armavam, para alcançar dois casais de foliões, adeptos do Espiritismo, quando retornassem a seus lares. O objetivo do líder do grupo trevoso era levá-los à morte num aci­dente que eles engendrariam, em trama terrível. Os dois casais, ini­ciantes na Doutrina Espírita, não eram pessoas viciadas. Ao contrário; tempe­ramentos joviais, brincavam conforme os pa­drões da época, sem dar-se conta dos riscos desnecessários a que se expunham. Dr. Otávio era médico dedicado e Júlia, sua esposa, ini­ciava-se no campo da mediuni­dade. Marcondes era engenheiro civil e sonhava em realizar uma obra social de amparo ao menor, ideia que fascinava também sua es­posa, Rau­linda, recém-formada em Serviço Social. (Cap. 23, pp. 163 a 165) 

86. Um calvário abençoado - Acontecia com Júlia o que geralmente se dá  com os médiuns iniciantes, que tanto podem servir de instrumento das Entidades esclarecidas, quanto dos portadores de perturbação, com os quais é mais fácil a sintonia mental. Como se sabe, o período ini­cial da educação mediúnica ocorre sempre sob ações tormentosas. Espírito endividado em si mesmo, com vasta cópia de compromissos a resga­tar, quanto a desdobrar, o médium traz matrizes que facultam o acopla­mento de mentes perniciosas do Além-túmulo, que o impele ao trabalho do autoburilamento, quanto ao exercício da caridade, da paciência e do amor para com as mesmas. Cobradores invisíveis sitiam-lhe a casa men­tal, criam-lhe armadilhas e situações difíceis, predispõem mal aquele que os sofrem e cercam-no de incompreensões. É um calvário abenço­ado – as­severa Philomeno – a fase inicial do exercício e desdobra­mento da me­diunidade e ninguém há, nesse campo de trabalho, que não experimente esse período de testemunhos silenciosos, em que a oração, o estudo e a meditação fazem-se indispensáveis para resguardar o ini­ciante. O exer­cício da mediunidade requer, pois, atenção e disciplina íntima, perse­verança e assiduidade, estudo cuidadoso da Doutrina, da faculdade e de si mesmo, para alcançar as finalidades superiores a que ela se destina, porque a nenhum Espírito responsável apraz lidar com médiuns levianos, indisciplinados e vulgares, o que é fácil de compreender.  (Cap. 23, pp. 165 e 166) 

87. A trama - Concluindo suas considerações em torno da responsabilidade dos médiuns, Manoel P. de Miranda é incisivo: "Qualquer médium que fuja do estudo e do exercício correto das suas faculdades medianímicas, por mais empáfia com que se apresente, encontra-se em período de obsessão, sob comando equívoco... Permanece-lhe, quiçá, a mediunidade para o seu e o escarmento dos que afinem com tal disposição, no entanto, sob comando maléfico ou simplesmente alienado..." Júlia, que ainda não se firmara na gravidade da adoção do comportamento espírita, embora fosse pessoa de excelentes dons morais e culturais, havia pressentido que muito na sua vida, a partir de então, iria mudar, como de fato ocorre. Quem se acostuma com a beleza das paisagens ridentes e elevadas já  não se adapta aos antigos sítios donde procede... Por isso, sob indução dos Espíritos que tramavam o ataque aos dois casais, ela havia sugerido aos amigos: "Divirtamo-nos a valer. Será  nossa despedida do carnaval, já que nos encontramos no pórtico de uma vida nova, a fim de não ficarmos, no futuro, frustrados. Teremos recordações agradáveis, que nos darão alegrias..." E foram ao carnaval, tal como os perturbadores queriam e esperavam, porque no ambiente convulsionado da orgia a médium terminaria por as­similar altas cargas de fluidos perniciosos que lhe perturbariam o equilíbrio, tornando-se fácil presa de situações e influências nefas­tas. Os desafetos, em número de seis, reuniam-se em reduto próprio – a ruína de uma casa dedicada à jogatina e ao comércio carnal. Faziam-se dirigir por cruel ser, de terrível catadura, como os demais, que vociferava contra seus adversários. Ele expôs seu plano: "É do meu desejo alcançar um casal, deixando o outro, que cair  junto, por conta de vocês". "Irei utilizar-me de Júlia, que vocês conhecerão, atirando sobre ela um maníaco sexual, embriagado, para gerar confu­são... Antes, inspirá-la-ei à bebida, a absorver o agradável odor do lança-perfume, para aturdi-la. Enquanto ela se entrega à libação, atuarei sobre Otávio, que relutará, cedendo aos apelos da mulher amada. O amor dessa gente é ótimo veículo para os nossos planos." Sor­rindo sarcasticamente, acrescentou que, ao ser atacada pelo maníaco (que não seria difícil encontrar no ambiente), seria instalada a con­fusão, a degenerar-se em discussão e agressividade. Ele faria, então, com que os quatro saíssem precipitados, quando então se daria o aci­dente que lhes tiraria a vida... "Com a mente desarvorada sob a ação do ódio tomá-lo-ei, arrojando o automóvel contra qualquer outro veí­culo, ou edifício, árvore ou abismo, o que me parecer melhor. Então os teremos..." (Cap. 23, pp. 166 a 168) 

88. Um desfecho inesperado - Os desafetos estavam eufóricos e prontos para sair, quando Dr. Bezerra, posto no meio deles, fez-se visí­vel, o que lhes causou instantânea reação de desagrado e revolta. "Irmãos – falou-lhes, de imediato – já  é tempo de cuidardes da vossa paz..." O chefe da turba protestou: "Não o escutem. Ele é conhecido como perturbador dos nossos planos e serve do outro lado da linha..." (A Entidade referia-se à "linha do bem", que distingue os propósitos de cada qual.) Dr. Bezerra, contudo, prosseguiu: "Não desejo interfe­rir nos vossos planos, que vos pertencem. Ocorre que soa o momento de encontrardes a vossa paz. O desequilíbrio é ácido a queimar quem o transporta..." (O sicário, querendo livrar-se, convocou os demais a saírem, mas estes – graças à irradiação de bondade do Mentor – pare­ciam imobilizados, ouvindo-o.) "Examinai", continuou Dr. Bezerra. "Tendes sofrido muito até hoje, sem qualquer resultado; assim ocorre, porque o desejais. Revoltai-vos contra quem vos magoou e repetis o mesmo erro deles, que se rebelarão e volverão à cobrança. Até quando?... Só o amor ao próximo como a vós mesmos solucionará  a difi­culdade. Tende amor a vós mesmos, pensando em vosso progresso, na li­bertação do mal que teima por dominar-vos e, superada essa fase, o amor se dilatará na direção do vosso próximo. Não amanhã, porém, agora, neste momento. Jesus espera por nós, amoroso, sem qualquer exi­gência." O vingador agressivo baldoava, inutilmente, porque o Mentor, com doçura e energia, insistiu: "Veneno com veneno mata mais. Só o an­tídoto da vingança, que é o perdão, liberta a vítima e felicita o co­brador. Aproveitai. Estamos convosco. Vinde à paz. Amigos nossos estão às vossas ordens". Nesse ponto, um cooperador do Dr. Bezerra que fora eminente sacerdote naquela cidade, atendendo ao convite mental do Amigo, aproximou-se e distendeu as mãos aos atônitos sofredores que o contemplavam, sem saber o que dizer ou fazer. No silêncio que se fez, ouviu-se então o chefe da turba exclamar: "Frei Arnaldo!" E, subita­mente dominado por emoções há muito represadas, tombou de joelhos, a suplicar: "Confessai-me, que sou um desventurado, a fim de que possa alcançar o perdão de Deus e consiga rever minha mãe..." O sacerdote lhe recomendou confessasse ao Senhor e se arrependesse sinceramente, quando Dr. Bezerra trouxe amorosa anciã que abraçou o revel, comovida, dizendo: "O Senhor ouviu as nossas preces, meu filho..." Sem delongas, ele se atirou em seus braços como se fora uma criança indefesa, a cho­rar, e os demais – diante do inesperado – cederam ao apelo e pediram ajuda, sendo todos conduzidos ao Posto do Socorro. O grupo de espiritistas estava salvo da trama infeliz. (Cap. 23, pp. 168 a 170) 

89. O trabalhador cuidadoso sempre tem o que fazer - Os atendimen­tos no Posto continuavam, ininterruptos. Ficou estabelecido, então, que a construção permaneceria como Núcleo de Emergência para o coti­diano da cidade, à semelhança de diversos outros existentes, objeti­vando-se, também, os futuros carnavais. O núcleo funcionaria como treinamento de futuros cooperadores do bem, além de hospital para re­cém-desencar­nados. A psicosfera em torno da cidade continuava muito densa, sobre­tudo nas áreas de maior agitação, quando o Sol apareceu, triunfante. Pequenos grupos retornavam a seus lares, um tanto descon­certados pela hora avançada, e a cidade parecia refazer-se da exaus­tão. Dr. Bezerra reuniu, então, os cooperadores mais próximos no Cen­tro de Comunicações, para a oração de agradecimentos, que seria acom­panhada pelos que se encontravam em ativi­dade noutros módulos, atra­vés de aparelhos próprios, previamente insta­lados. Uma sensação de paz e júbilo transparecia em cada semblante, quando o Mentor usou a pa­lavra: "Caros irmãos. O Senhor seja con­vosco! Com a normalidade, que retorna à Cidade, encerramos os compro­missos de emergência neste Posto de socorros. Os quatro dias de aten­dimentos especiais ensejaram-nos valiosas experiências de que não nos olvidaremos, pelas lições saluta­res que pudemos recolher. Vivemos o dever fraternal, ao lado do próximo em sofrimento, sem que excogitás­semos, em demasia, dos motivos e razões da aflição que o assaltou. Candidatamo-nos ao socorro e opor­tunidades nos não faltaram, como não nos serão escassas, se estivermos vigilantes e dispostos ao seu aten­dimento. Ao trabalhador cuidadoso nunca falta o que fazer". (Cap. 24, pp. 171 e 172) (Continua no próximo número.) 


 


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 Revista Semanal de Divulgação Espírita