Reajustes
Sarah era a filha mais
nova de Margareth. A sua
infância fora um
verdadeiro inferno por
causa do gênio da mãe.
Raivosa, dominadora,
violenta, Margareth
impunha uma vida muito
cruel para seus quatro
filhos.
Assim que foi possível,
Sarah e seus irmãos se
afastaram da impiedosa
mãe. Após alguns anos,
quando Sarah estava se
preparando para casar,
houve uma reaproximação
com Margareth, de tal
forma que o
relacionamento entre as
duas sofreu profundas
modificações.
Conversavam muito e,
pela primeira vez,
Margareth passou a
demonstrar interesse
pela filha sem
criticá-la a todo o
momento. O futuro genro
era muito querido pela
mãe de Sarah. Faltando
dois meses para a
cerimônia do casamento,
enquanto ambas
planejavam a festa, o
vestido e os detalhes,
Margareth morreu.
Apesar da aproximação no
final da vida, Sarah
ficara extremamente
traumatizada com a
infância infeliz e,
através de terapias,
procurou trabalhar seus
sentimentos para que,
numa atitude
inconsciente, não
reproduzisse com seus
filhos os maus tratos
que sofreu em sua
infância. Neste processo
terapêutico, Sarah
conseguiu entender as
difíceis circunstâncias
que aconteceram na sua
vida infantil,
compreendendo que a
infância de sua mãe
também fora terrível,
repleta de agressões, e
ela espelhava na
maternidade o modelo que
havia vivenciado quando
criança. Assim, de certa
forma, conseguiu perdoar
a sua genitora já
desencarnada e teve mais
tranquilidade para ter
os seus filhos.
No primeiro ano de
casada, Sarah deu à luz
a Kyle. No segundo,
nasceu Miles. Com Kyle
era um relacionamento
afetuoso, harmonioso e
tranquilo. Miles se
mostrou desde pequenino
uma criança indócil e
difícil, dominadora e
autoritária, a ponto de
Sarah, por muitas vezes,
desejar ficar afastada
do menino, o que a
deixava ainda com mais
sentimento de culpa.
Normalmente, Miles, após
seus acessos de fúria e
agressões psicológicas,
perguntava à mãe: “Se eu
for mau você ainda vai
me amar? Você sempre vai
me amar?”.
Outra característica
marcante de seu segundo
filho era a obsessão que
tinha por elefantes de
brinquedo. Desejava e
conseguia todos os
tipos: de pelúcia,
porcelana, para o seu
deleite. Certa vez
“obrigou” Sarah a
comprar uma gravura
deste animal desenhada
por um determinado
artista.
Associando a paixão de
Miles por elefantes e
por aquele pintor, que
era a mesma de
Margareth, entre muitas
outras “coincidências”,
Sarah começou a pensar
na possibilidade de seu
filho ser a reencarnação
de sua mãe. Tudo se
encaixava: gostos,
características
comportamentais,
psicológicas,
interesses, a dúvida do
amor incondicional...
Após aceitar esta
possibilidade, Sarah
mudou profundamente a
sua relação com Miles.
Deixou de se culpar pelo
péssimo relacionamento
até então, vendo esta
como uma extraordinária
oportunidade de ajudar a
alma de sua mãe a
quebrar o ciclo de
agressões a que estava
acostumada. Com mais
paciência e tolerância
aprendeu a lidar com o
difícil gênio do filho,
observando, inclusive,
as boas qualidades de
Margareth que ainda
predominavam nele,
construindo assim uma
relação de amor e
carinho.
Esta é apenas uma de
inúmeras histórias
documentadas em que o
entendimento da
reencarnação facilita a
convivência,
possibilitando o
reajuste das almas
imperfeitas que
necessitam umas das
outras para que possam
encontrar o caminho da
paz e do amor. Mesmo
quando não se tem provas
concretas, sabemos que
todos somos Espíritos
entrelaçados nas teias
do passado, que temos a
bênção da reencarnação e
não devemos desperdiçar
esta maravilhosa
possibilidade permitida
por Deus para que
todos seus filhos
encontrem a felicidade
através do autoperdão e
do perdão ao outro.
James Van Praagh, no
prefácio da obra O
amor me trouxe de volta,
de onde foi extraída
esta história, afirma¹:
A Terra é uma escola
do Espírito. É um lugar
para o qual retornamos
muitas e muitas vezes
para avançar na estrada
da autoconsciência.
(...) Somente quando
formos capazes de nos
ver honestamente e
assumir responsabilidade
pessoal, conseguiremos
perceber que estamos
todos conectados com um
ser único e
contemplaremos o
verdadeiro sentido de
Deus.
Manoel Philomeno de
Miranda² esclarece: A
reencarnação é abençoada
concessão da Divindade
para facultar o processo
de evolução moral e
intelectual do Espírito,
ampliando-lhe os
horizontes da emoção e
do discernimento para
ação dignificadora,
aprimorando-lhe sempre
mais e superando os
obstáculos que se lhe
opõem naturalmente pela
via ascensional.
A Doutrina Espírita já
diz e comprova isso há
mais de 155 anos!
Notas:
¹ BOWMAN, Carol.
O amor me trouxe de
volta. Editora
Sextante....
² FRANCO, Divaldo
Pereira. Mediunidade:
Desafios e Bênçãos.
Pelo Espírito Manoel
Philomeno de Miranda.
Salvador: BA: Livraria
Espírita Alvorada
Editora, 2012.