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Estudando a série André Luiz
Ano 6 - N° 295 - 20 de Janeiro de 2013
MARCELO BORELA DE OLIVEIRA
mbo_imortal@yahoo.com.br
Londrina, Paraná (Brasil)
 

 

Sexo e Destino

André Luiz

(Parte 14)

Damos continuidade ao estudo da obra Sexo e Destino, de André Luiz, psicografada pelos médiuns Waldo Vieira e Francisco Cândido Xavier e publicada em 1963 pela Federação Espírita Brasileira.

Questões preliminares 

A. Gilberto concordou com o pedido de Cláudio?

Sim. Ele concordou com o plano assentado e autorizou o senhor Cláudio Nogueira a comunicar a Marita, na noite mencionada, que faltara ao encontro em virtude do agravamento da saúde materna. (Sexo e Destino, capítulo XII, pp. 142 a 144.)

B. Como André Luiz procedeu para fazer-se visível ao obsessor de Cláudio?

Ele recolheu-se em um ângulo tranquilo, à frente do mar, e orou, buscando forças. Meditou, fundo, compondo cada parti­cularidade de sua configuração exterior, espessando traços e mudando o tom de sua apresentação habitual. Quase uma hora de elaboração difícil esgotou-se, até que percebeu estar pronto para empreender a conversa­ção desejada. (Obra citada, capítulo XIII, pp. 145 a 147.) 

C. Para salvar Marita do perigo a que se expunha, André Luiz buscou o concurso de várias pessoas encarnadas. Por que não teve êxito?

Em vão André Luiz girou da pensão ao escritório, do escritório à loja, da loja ao banco, do banco ao apartamento no Flamengo, mas não encontrou ninguém estendendo antenas espirituais, ninguém orando, ninguém refletindo. Em todos os lugares, os pensamentos eram sobre sexo ou dinheiro. Até mesmo um dos chefes de Marita, do qual André se acercou, tentando in­suflar-lhe a ideia de reter a jovem até mais tarde, ao sentir-lhe a imagem na tela mental, transmitida por André, como etapa inicial do entendimento, acreditou estar pensando consigo mesmo, inclinando o as­sunto para questões salariais e concentrando-se, de pronto, em temas  de ordem financeira e conexos. Todas as diligências foram, desse modo, inúteis. (Obra citada, capítulo XIII, pp. 149 a 151.) 

Texto para leitura 

66. Cláudio obtém o apoio do rapaz - Afirmando contar com seu concurso, Cláudio revelou ao rapaz, em caráter confidencial, que Ma­rita lhe enviara um bilhete e, para provar o que dizia, recitou de cor o pequeno texto, sílaba a sílaba. Prosseguindo a farsa, indagou a Gil­berto se ele havia recebido tal recado. Ante a resposta negativa, ro­gou, então, ao rapaz dois favores: responder afirmativamente, por es­crito, que estaria no local indicado, e abster-se de comparecer no mo­mento preciso. Fantasiou que a menina andava desorientada, enferma, e temia um choque. Não dispunha, pois, de outro remédio senão pedir-lhe aquele tipo de cooperação, porque naquele mesmo dia estava providen­ciando os documentos necessários para que Marita fosse à Argentina, em companhia de Márcia, numa viagem de refazimento e recreio. Não seria prudente estragar-lhe o ânimo, naquela hora, com uma negação formal. O plano de Cláudio encantou o filho dos Torres. A proposta pareceu-lhe uma peça vazada em profundo bom-senso e –  o mais importante –  ajudá-lo-ia a libertar-se de um compromisso que lhe pesava demasiado na consciência. Completamente desinibido, ajustou a máscara fisionômica que julgou cabível às suas próprias conveniências e asseverou que de­dicara a Marita uma boa amizade, de irmão para irmão, nada mais. Destacou que, efetivamente, anotara nela determinadas alterações que o haviam desgostado, e, já que se sentia inequivocamente atraído para Marina, afastara-se, cauteloso, na esperança de que tempo e distância funcionassem. Cláudio o escutava, boquiaberto, admirando-lhe a deli­cada frieza das justificações e indagando a si mesmo qual deles dois seria maior na arte de fingir. Gilberto concordou, portanto, com o plano assentado e autorizou o senhor Nogueira a comunicar a Marita, na noite mencionada, que faltara ao encontro em virtude do agravamento da saúde materna. Em seguida, separaram-se com efusivo abraço, enquanto André foi até o apartamento no Flamengo, intrigado, conjeturando sobre o que estaria por acontecer. (Cap. XII, pp. 142 a 144) 

67. André se transfigura e se faz visível - Apreensivo, André ex­pediu comunicação, em despacho rápido, para o irmão Félix, salientando a necessidade de um encontro. A resposta foi imediata, mas Félix o avisou de que poderia encontrar-se com ele apenas à noitinha, não mais cedo, à vista de inadiáveis obrigações. Como não era possível contar com Neves, cabia a André agir só. O momento não comportava vacilações nem aflições inúteis. Era preciso manejar os recursos em mão. André julgou prudente, então, para intervir com segurança, ouvir o obsessor de Cláudio, que ele desconhecia de todo. A princípio, eram dois; entretanto, apenas um deles se mantinha constante, aquele cuja inteli­gência aguçada lhe ferira a atenção. Rememorando experiências anterio­res, em que juntamente com outros amigos desencarnados modificara a apresentação externa, através de profundo esforço mental, André deci­diu fazer-se visível à frente do enigmático companheiro de Cláudio. Poderia transfigurar-se, adensando a forma, como alguém que enverga roupa diferente. Recolheu-se, então, em um ângulo tranquilo, à frente do mar, e orou, buscando forças. Meditou, fundo, compondo cada parti­cularidade de sua configuração exterior, espessando traços e mudando o tom de sua apresentação habitual. Quase uma hora de elaboração difícil esgotou-se, até que percebeu estar pronto para empreender a conversa­ção desejada. Avançou até o prédio e bateu à porta, cerimonioso. O parceiro de Cláudio o atendeu. Olhando-o, desconfiado, de alto a baixo, esquadrinhou-lhe os intuitos. André humilhou-se, vulgarizando a linguagem quanto podia, porque semelhante atitude era indispensável ao objetivo visado, que era recolher informações acerca do caso. Afetando absoluto desinteresse pelos moradores do apartamento, André centrali­zou no vampirizador o núcleo natural de sua atenção. Explicou andar procurando um amigo e perguntou pelo outro camarada que vira ali, dias antes. Vira-os juntos, precisamente naquele local, quando transitava pelo corredor; entretanto, passava apressado, a peso de obrigações. Guardara, porém, a impressão de que o companheiro cujo encontro ambi­cionava era ele.  (Cap. XIII, pp. 145 a 147) 

68. Um caso de "osmose fluídica" - O obsessor de Cláudio pareceu sensibilizar-se com o pedido de André e tratou-o com generosidade. Compleição robusta e enorme, perscrutou, analisou, repisou inquirições e, por fim, inteirando-se do exato momento em que André os vira reuni­dos, esclareceu tratar-se de um amigo que costumava hospedar, de vez em vez, para o reconforto de uns "drinques". Ao que sabia, recreava-se numa casa em Braz de Pina, cujo endereço indicou. Em seguida, a pedido de André, forneceu o próprio nome. Chamava-se Ricardo Moreira. Se hou­vesse necessidade, poderia procurá-lo. Era estimado, possuía numerosas relações, contava com muitas afeições no prédio. Se chegasse a vê-lo, de novo, em companhia do colega ao qual se reportara –  disse ele a André –  que o sacudisse, despertando-lhe a atenção. As coisas iam bem, pensou André, mas era necessário conhecer melhor seu interlocu­tor. Acusando, assim, estar cansado e deprimido, André pediu-lhe permissão para entrar, ainda que por instantes breves, a fim de refazer as forças. Operou-se, no entanto, a reviravolta. Moreira arremessou-lhe olhar terrível, que funcionou sobre André qual punhalada vibrató­ria. Ajuntou frases irônicas e gritou que a casa tinha dono; que, diante dos "descascados" (1), quem mandava ali era ele; que, para atraves­sar a porta, seria preciso removê-lo; que, se queria dormir, dispunha da rua larga para isso; e finalizou, agressivo: "Que tem você aqui? Dê o fora, que não vou com sua laia! Vá se catar, vá se catar!..." Dito isto, arregaçou punhos decididos e avançou sobre André, que não teve outra alternativa senão descer escadas, desabaladamente, à procura do aconchego do mar. Entrando em prece, André readquiriu a condição que lhe era peculiar e retornou ao apartamento, onde o casal se preparava para o almoço. Moreira, que não mais percebia sua presença, instalara-se na cadeira de Cláudio e com Cláudio, de tal modo que se alimentava tão claramente quanto ele, através de um dos numerosos processos em que se catalogam as ações da "osmose fluídica" (2).  (1a parte, cap. XIII, pp. 147 e 148) 

69. André descobre o plano de Cláudio - Enquanto a conversa entre os cônjuges deslizava banal, a dupla Cláudio-Moreira exteriorizava os intentos escusos, nas formas-pensamentos em que as duas mentes enfer­miças de revelavam. Tudo se aclarava, de súbito. Digeriam o plano em silêncio. Abordariam Marita, à feição de dois caçadores colhendo uma lebre. Determinavam-se a surpreendê-la, em casa de Crescina, como se apanha um fruto resguardado na árvore. No intuito de colaborar com eficiência, na preservação da harmonia geral, André dirigiu-se à pen­são de Crescina, onde localizou com facilidade o apartamento número quatro. A vivenda, pela extensão enorme, aparentava profunda calma; entretanto, pela ruidosa conversação dos desencarnados infelizes que ali bulhavam, desocupados, era possível imaginar as agitações da noite. Crescina levou o recado de Marita até o escritório de Gilberto e, de retorno, telefonou para a jovem informando que o rapaz estaria no lugar indicado, às 20 horas. A pobre menina exultou com a notícia, mas André ficou ainda mais inquieto. Era preciso tomar providências; entender-se com algum amigo encarnado, em ligação com o grupo; criar circunstâncias que evitassem a consumação do projeto. Debalde, girou ele da pensão ao escritório, do escritório à loja, da loja ao banco, do banco ao apartamento no Flamengo, mas não encontrou ninguém estendendo antenas espirituais, ninguém orando, ninguém refletindo... Em todos os lugares, os pensamentos eram sobre sexo ou dinheiro. Até mesmo um dos chefes de Marita, do qual André se acercou, tentando in­suflar-lhe a ideia de reter a jovem até mais tarde, ao sentir-lhe a imagem na tela mental, transmitida por André, como etapa inicial do entendimento, acreditou estar pensando consigo mesmo, inclinando o as­sunto para questões salariais e concentrando-se, de pronto, em temas  de ordem financeira e conexos. Todas as diligências foram, desse modo, inúteis. (Cap. XIII, pp. 149 a 151) 

70. Irmão Félix aparece de repente - Às sete e trinta da noite, Cláudio apresentou-se com esmero, sem esquecer-se de pôr uma peruca leve que lhe remoçava as linhas fisionômicas. Em seguida, falando ao telefone com Fafá, o porteiro da pensão, certificou-se de que Marita havia chegado. Fafá informou tê-la visto sozinha, através da porta semicerrada. Estava sentada no leito, folheando revistas. Cláudio pediu-lhe que fizesse um "blecaute", desajustando o fusível na instalação elétrica, por um espaço de quinze minutos. Era o bastante para que ele, na condição de pai, se inteirasse de tudo, sem que ninguém lhe percebesse a presença. Colocando-se no escuro, em ângulo oposto à ilu­minação pública, poderia facilmente identificar o rapaz que iria en­contrar-se com a filha. O funcionário, não obstante semiembriagado, fixou expressão matreira e salientou que era aquilo um problema sério. Satisfaria ao chefe, mas bico calado. Cláudio lhe passou duas cédulas de quinhentos cruzeiros, e Fafá, menos inquieto, indagou pelo horário exato. Nogueira aclarou, afirmando que faltavam dez minutos e que aguardaria a luz apagada, às oito em ponto. Quando a conversa cessou, André teve a surpresa de receber a visita, ali, do irmão Félix. Em segundos, o benfeitor foi inteirado de todos os fatos. Sem detença, am­bos rumaram para a vivenda coletiva, cujas lâmpadas se apagaram, de chofre, quando transpunham a entrada. O acontecimento parecia comum, visto que a escuridão não estabeleceu o menor alarme. Velas bruxulean­tes piscavam, aqui e ali. Félix e André dirigiram-se, então, ao apar­tamento número quatro. (Cap. XIII, pp. 151 e 152) (Continua no próximo número.)


(1)
Descascado: um dos pejorativos utilizados nos planos inferiores para designar os Espíritos desencarnados.

(2)  Osmose: passagem do solvente de uma solução através de membrana impermeável ao soluto.



 


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 Revista Semanal de Divulgação Espírita