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Crônicas e Artigos

Ano 6 - N° 295 - 20 de Janeiro de 2013

ROGÉRIO COELHO
rcoelho47@yahoo.com.br
Muriaé, MG (Brasil)

 


Origens, evolução & progresso

O advento do Reino de Deus depende da união da razão
humana com a razão divina

"(...) Na planta, a inteligência dormita; no animal, sonha; só no homem acorda, conhece-se, possui-se e torna-se consciente."  - Léon Denis[1]


É inexplicável a ignorância e a má vontade de inúmeras criaturas defensoras ferrenhas do criacionismo e contrárias às teorias do evolucionismo darwinista.  É incrível em pleno século das luzes e dos mais sofisticados avanços tecnológicos existirem tendências tão ortodoxas e radicais, quão refratárias aos postulados lógicos do evolucionismo e favoráveis às ancilosadas e anticientíficas historietas do criacionismo que nos remete à lenda de Adão e Eva! Existem, (pasmem!) movimentos até bem-sucedidos que lograram alijar o evolucionismo da grade curricular das escolas, “desovando” em seu lugar o criacionismo bíblico, haja vista o que ocorre hoje nos Estados Unidos da América do Norte, onde existem as melhores Universidades do mundo. Lá, naquele país de gente orgulhosa de seus “super-homens”, leia-se: “cientistas laureados pelo Nobel”, apresenta a estranha estatística na qual está consignado que apenas
da população acredita ser o homem produto de milhões de anos de evolução.

O cepticismo de hoje é justamente o corolário fatal do abuso das lendas e ficções.

A revista “Veja” de 11.02.2009 publicou extensa matéria sobre o tema onde existem perguntas para essas perplexidades: “Como explicar a persistente má vontade para com as teorias evolucionistas em países campeões na produção científica como os Estados Unidos e Inglaterra?”.  “Por que tanta gente ainda reluta em aceitar que o homem é o resultado natural da evolução?”.  Ora, tais perguntas e o estranhamento são pertinentes porque não é segredo para ninguém que o criacionismo se nutre das superstições ancestrais da teologia primitiva, e não passa de uma hipótese que não resiste ao escrutínio da razão, bem ao contrário do evolucionismo baseado no método científico, portanto, pura ciência de observação e conhecimento.

Em que pese a onipresente teimosia dos criacionistas, as ideias revolucionárias do nobre naturalista inglês, são – atualmente – os pilares da biologia e da genética, incluindo-se aí a medicina e a biotecnologia, e estão presentes em muitas áreas da ciência moderna. Segundo a jornalista Gabriela Carelli, “o enigma reside na relutância, quase um mal-estar que as ideias de Darwin causam num vasto contingente de pessoas, algumas delas fervorosamente religiosas, outras nem tanto”.

Ah! Doutrina Espírita! Que beleza você é! Pois enquanto as religiões e inúmeros estabelecimentos de ensino até mesmo no dito “primeiro mundo” ainda patinam no terreno escorregadio e instável das tradições religiosas de antanho, você não só demonstra quão equivocados e injustos são os conceitos do criacionismo redutor para com a Inteligência Suprema, mas estadeia-se aquém e além das teorias darwinianas, quando nos mostra que o processo evolutivo transcende as fronteiras do aqui e agora da matéria e nos alça, por um lado, aos alcandorados patamares da evolução espiritual, descerrando-nos os painéis do Infinito incomensurável e, por outro lado, mostra-nos o período anterior ao que ele assinala, porque revela-nos o longo caminho percorrido pelo princípio inteligente (precursor do Espírito) através dos reinos mineral e vegetal antes de chegar ao reino animal que é o ponto de onde Darwin partiu.

Assim, enquanto testemunhamos – tristemente – mentalidades retrógradas acoroçoando o criacionismo irracional, já em 1857 com Kardec[2] e em 1897 com Léon Denis[3], as ideias espíritas revelavam a verdadeira trajetória do princípio inteligente/Espírito, mostrando-o a percorrer as variegadas veredas evolutivas. Esses e outros estudiosos da vida da alma desvelam de maneira exuberante tais proscênios evolutivos.  Avancemos nesse terreno na companhia de Léon Denis3:

EVOLUÇÃO  E  PLURALIDADE  DAS  EXISTÊNCIAS

“Sabemos que, em nosso globo, a vida aparece primei­ramente sob os mais simples, os mais elementares aspec­tos, para elevar-se, por uma progressão constante, de formas em formas, de espécies em espécies, até ao tipo humano, coroamento da criação terrestre. Pouco a pouco, desenvolvem-se e depuram-se os organismos, aumenta a sensibilidade. Lentamente, a vida liberta-se dos liames da matéria; o instinto cego dá lugar à inteligência e à razão. Teria cada alma percorrido esse caminho medonho, essa escala de evolução progressiva, cujos primeiros de­graus afundam-se num abismo tenebroso? Antes de adqui­rir a consciência e a liberdade, antes de se possuir na plenitude de sua vontade, teria ela animado os organis­mos rudimentares, revestido as formas inferiores da vida? Em uma palavra: teria passado pela animalidade? O es­tudo do caráter humano, ainda com o cunho da bestialidade, leva-nos a supor isso.

O sentimento da justiça absoluta diz-nos também que o animal, tanto quanto o homem, não deve viver e sofrer para o nada. Uma cadeia ascendente e contínua liga todas as criações, o mineral ao vegetal, o vegetal ao animal, e este ao ente humano. Liga-os duplamente, ao material como ao espiritual. Não sendo a vida mais que uma manifestação do espírito traduzida pelo movimento, essas duas formas de evolução são paralelas e soli­dárias.

A alma elabora-se no seio dos organismos rudimen­tares. No animal está apenas em estado embrionário; no homem, adquire o conhecimento, e não mais pode retro­gradar. Porém, em todos os graus ela prepara e conforma o seu invólucro. As formas sucessivas que reveste são a expressão do seu valor próprio.  A situação que ocupa na escala dos seres está em relação direta com o seu estado de adiantamento. Não se deve acusar Deus por ter criado formas horrendas e desproporcionadas. Os seres não po­dem ter outras aparências que não sejam as resultantes das suas tendências e dos hábitos contraídos. Acontece que almas, atingindo o estado humano, escolhem corpos débeis e sofredores para adquirirem as qualidades que devem favorecer a sua elevação; porém, na Natureza in­ferior nenhuma escolha poderiam praticar e o ser recai forçosamente sob o império das atrações que em si desen­volveu.

Nada há, aliás, maior, mais justo, mais confor­me à lei do progresso do que essa ascensão das almas operando-se por escalas inumeráveis, em cujo percurso elas próprias se formam: pouco a pouco se libertam dos instintos grosseiros e despedaçam a sua couraça de egoís­mo para penetrarem nos domínios da razão, do amor, da liberdade.

No dia em que a alma, libertando-se das formas ani­mais e chegando ao estado humano, conquistar a sua au­tonomia, a sua responsabilidade moral, e compreender o dever, nem por isso atinge o seu fim ou termina a sua evolução. Longe de acabar, agora é que começa a sua obra real; novas tarefas chamam-na. As lutas do passado nada são ao lado das que o futuro lhe reserva. Os seus renascimentos em corpos carnais suceder-se-ão. De cada vez, ela continuará, com órgãos rejuvenescidos, a obra do aperfeiçoamento interrompida pela morte, a fim de pros­seguir e mais avançar.  Eterna viajora, a alma deve subir, assim, de esfera em esfera, para o Bem, para a Razão infinita, alcançar novos níveis, aprimorar-se sem cessar em ciência, em critério, em virtude...

Cada uma das existências terrestres mais não é que um episódio da vida imortal. Alma nenhuma poderia em tão pouco tempo despir-se de todos os vícios, de todos os erros, de todos os apetites vulgares, que são outros tantos vestígios das suas vidas desaparecidas, outras tantas pro­vas da sua origem.  Calculando o tempo que foi preciso à Humanidade, desde a sua aparição no globo, para chegar ao estado da civilização, compreenderemos que, para realizar os seus destinos, para subir de claridades em claridades até ao absoluto, até ao divino, a alma necessita de períodos sem limites, de vidas sempre novas, sempre renascentes. Só a pluralidade das existências pode explicar a di­versidade dos caracteres, a variedade das aptidões, a des­proporção das qualidades morais, enfim, todas as desi­gualdades que ferem a nossa vista.

(...) Se para nós tudo começasse com a vida atual, como explicar tanta diversidade nas inteligências, tantos graus na virtude e no vício, tantas variedades nas situações humanas? Um mistério impenetrável pairaria sobre esses gênios precoces, sobre esses Espíritos prodigiosos que, des­de a infância, penetram com ardor as veredas da arte e das ciências, ao passo que tantos jovens empalidecem no estudo e ficam medíocres, apesar dos seus esforços.

Todas essas obscuridades se dissipam perante a dou­trina das existências múltiplas. As desigual­dades, resultantes dos feitos do passado, podem ser res­gatadas e niveladas nas vidas futuras. Em resumo, o ser se forma a si próprio pelo desenvolvimento gradual das forças que estão consigo. Inconsciente ao princípio, sua vida vai ganhando inteligência e torna-se consciente logo que chega à condição humana e entra na posse de si mesmo”.


 

[1] - DENIS, Léon. O Problema do Ser, do Destino e da Dor. 23. ed. Rio: FEB, 2000, 1ª parte, cap. IX, p. 123.

[2] - KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. 88. ed. Rio [de Janeiro]: FEB, 2006, questões 604 a 609.

[3] - DENIS, Léon. Depois da Morte. 23. ed. Rio [de Janeiro]: FEB, 2004, cap. XI, 2ª parte, p. p. 132-136.


 


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