Cremos que a proposta do
Passe Virtual tenha sido
feita
com os melhores
propósitos pelos nossos
irmãos e
irmãs do
Instituto André Luiz
Está sendo veiculado
pela internet um site
onde as pessoas podem
receber o passe virtual.
Este tema vai gerar
muitas discussões,
aceitações, negações e
controvérsias. A
princípio deixamos claro
que nossa opinião é de
ajuda. Entendemos que o
Espiritismo traz em si
inúmeras possibilidades
de contatos com a
espiritualidade e que,
através delas, podemos
fortalecer nossos ideais
de promovermos um tempo
melhor para nós e para a
sociedade como um todo.
Como Consolador
prometido por Jesus, sem
dúvida traz ele para a
humanidade uma gama
infinita de ajuda e
esclarecimentos para a
perfeita adequação do
homem às Leis Divinas.
Sou, particularmente,
adepto a coisas novas.
Sou partidário da
evolução dos recursos
tanto técnicos,
científicos,
filosóficos, religiosos
quanto eletrônicos e
virtuais. Assim foi que
entrei no site do passe
virtual instituído pelo
Instituto André Luiz.
(1)
Permiti-me ler todo o
conteúdo explicativo dos
seus idealizadores.
Depois coloquei-me à
disposição das páginas
confortadoras que
ilustram o passe virtual
daquela organização.
Sim, é confortante. Faz
pensar e induz a uma
reflexão. A iniciativa
tem este grande mérito.
Como se lê no site:
“se a pessoa usa a
Internet para fins
sexuais, se busca salas
de encontros, se visita
páginas eróticas ou
pornográficas,
obviamente a Internet
para ela será um recanto
da mais baixa
sensualidade e não lugar
onde é possível receber
energia santificada”.
Certamente que a
internet oferece todo
tipo de opções para seus
visitadores. Assim
sendo, sites que
conduzam à paz, à busca
de si mesmo, que
diferencie de todas as
aberrações acima
citadas, são excelentes
para todos.
No mural de recados
daquele instituto, lemos
dezenas de opiniões de
pessoas que utilizaram
ou utilizam os recursos
do passe virtual, tais
como: “Fiz
o passe virtual e creio
que tudo já está se
resolvendo em minha
vida... Obrigada por
tudo, ó meu Deus... Tire
de mim, por favor, essa
ideia de suicídio...
Muito obrigada”.
Um outro que nos deixou
pensativo: “Pedi ao
Senhor que me guiasse no
dia de hoje e entrei na
pagina já salva nos meus
favoritos sem querer,
foi a mão do pai com
certeza. Terei uma tarde
difícil (divórcio), irei
com a proteção do pai e
com muita fé. Que a paz
esteja com vocês. Amém”.
Não se pode avaliar o
tamanho e o peso da dor
alheia
Notamos que as opiniões
acima são de pessoas
vivendo extremas crises
existenciais e
necessitando de ajuda
espiritual. Por isso
afirmamos a validade do
site. Claro, temos que
ajudar a todos que nos
buscam. Ninguém pode
avaliar a gama de
dificuldades que hoje
permeiam o viver humano,
sabendo-se ainda que
cada qual possui a sua
quota de resistência e,
portanto, não se pode
avaliar o tamanho e o
peso da dor alheia. É
bom quando podemos
contar com ajudas deste
tipo e que nos
confortam.
Li com atenção um outro
recado daquele mural:
“Recebi o passe pela
segunda vez. Tenho fé
que serei libertada
desta depressão.
Obrigado, Senhor,
continue iluminando
minha vida e da minha
família, em especial
Pedro Henrique, te amo,
Senhor...” Aqui
vemos uma pessoa
carecendo muito da
terapêutica tanto médica
quanto as exercidas nos
centros espíritas. Foi
então que me surgiu a
pergunta: - Será que
somente através dos
recursos daquele site
nossa irmã acima
conseguirá sair da
depressão, na qual se
diz envolvida? Então é
esta a dúvida quanto ao
passe virtual.
Martins Peralva no livro
“Estudando a
Mediunidade”, no
capítulo 2, coloca que:
“O passe a distância
é uma alternativa que em
condições ideais pode
apresentar resultados
quase tão satisfatórios
quanto os que se obtêm
quando o paciente e
passista se encontram
fisicamente no mesmo
ambiente. Já que essas
condições ideais
dificilmente se
verificam, seus
resultados, na maioria
das vezes, são pouco
satisfatórios”.
Partindo da anotação do
notável Martins Peralva
é que nos pomos a pensar
sobre a validade do
passe virtual enquanto
terapêutica. Conversei
detidamente com uma
médium de cura aqui de
Juiz de Fora, D. Maria
Geny Barbosa, de 83 anos
de idade, sessenta deles
dedicados à mediunidade.
Aquela senhora atende
centenas de pessoas
semanalmente com
resultados
extraordinários a ponto
de o seu trabalho ter
sido motivo de tese de
doutorado de um
estudioso do assunto. D.
Geny nos disse
calmamente e após
instantes de reflexão:
“Sim, meu filho, este
trabalho é muito
confortador, contudo,
como terapia que possa
levar alguém à cura,
deixa a desejar. A
pessoa precisa estar
presente junto ao médium
para que os fluidos
combinados e dirigidos
pelas vontades do médium
e do Espírito que o
assiste possam de fato
ajudar a pessoa na
solução dos seus males”.
O passe a distância
necessita da ação dos
médiuns?
Provavelmente nossa irmã
nunca leu o livro de
Martins Peralva e disse
a mesma coisa que nosso
companheiro que viveu em
Belo Horizonte. Estes
confrontos de ideias e
opiniões capacitam-nos a
uma análise isenta de
qualquer peja de negação
ou sarcasmo. Estamos
apenas analisando.
Gostaríamos muito de
entender e concluir que
o passe virtual
realmente acalanta e
cura, mas os
especialistas, aqueles
que trabalham mais
diretamente com os
fluidos, não nos deixam
assim tão certos quanto
a uma aceitação plena.
O Dr. Cristóvão Panconi,
médico de família, é
antigo lidador em
centros espíritas, tendo
neles exercido cargos de
diretoria. O médico
acima é hoje responsável
por uma unidade de saúde
daqui de Juiz de Fora.
Procurei-o para
conversarmos sobre o
tema. Ele foi enfático
ao sugerir: “Por que
não pegar os pedidos via
Internet e fazer uma
irradiação a distância.
O agrupamento de médiuns
pode facilitar a ação
dos Espíritos condutores
dos fluidos”.
Vejamos que não estamos
contestando nada, apenas
buscando opiniões de
pessoas que lidam na
área da saúde física e
espiritual. Mais adiante
o médico ainda colocou
algo que a princípio
parece exagero, mas que,
se bem pensado, pode até
acontecer: “Será que,
daqui a pouco, não vão
inventar robôs
domésticos para
aplicação de passes?”
Conversei também com o
Dr. Ricardo Baesso,
médico ortopedista e
conhecido orador
espírita desta cidade e
região e fundador do
Instituto de Difusão
Espírita de Juiz de
Fora. Ele nos disse:
“O
passe a distância é o
que sempre chamamos de
Irradiação, cuja base
doutrinária encontra-se
em Kardec. Não me
recordo o mês/ano, mas
em certa passagem da
Revista Espírita Kardec
recebe uma orientação
assinada por São Luís
para que um grupo de
pessoas se reunisse
diariamente em horário
predefinido e orassem
por uma jovem
hospitalizada. A
consulta ao Espírito
fora feita por um
parente da jovem que
pedia ajuda aos bons
Espíritos. Isso é o que
nós chamamos de
Irradiação ou passe a
distância”.
Como vemos, as opiniões
se cruzam, tornando-se
unânimes. O passe a
distância necessita da
ação dos médiuns em
conjunto com a
espiritualidade. É
preciso muito cuidado
para não oferecermos
panaceias aos nossos
irmãos que estão
sofrendo. Não quero
dizer que o passe
virtual seja panaceia,
apenas não encontrei por
aqui alguém de juízo que
validasse veementemente
tal procedimento.
É preciso uma discussão
fraterna sobre o tema
O assunto gera
discussões e seus
idealizadores devem
estar preparados para
elas. No site está
escrito que “ironias,
zombarias e ameaças
caíram sobre nós como
raios demolidores”.
Dizem ainda: “Mas se
não esperávamos uma
resposta tão grande e
tão positiva por parte
dos internautas,
tampouco esperávamos a
fúria de alguns
espíritas ortodoxos, que
mais parecem oriundos
das falanges trevosas de
Gregório que do seio de
uma sociedade dita
civilizada”.
Sinceramente achei o tom
muito agressivo. Achei o
ataque como processo de
defesa. Não dá para ali
perceber se nossos
irmãos de fato querem
uma discussão aberta
sobre o assunto ou se
estão impondo seu
trabalho como
absolutamente certo,
dentro das suas
convicções. Isto não é
bom. Quero utilizar o
passe virtual, contudo
quero que representantes
legais opinem sobre ele
numa grande mesa de
discussões. Assim Jesus
nos orientou quando
disse: “Se teu irmão
pecar, vai corrigi-lo a
sós. Se ele te ouvir,
ganhaste o teu irmão. Se
não te ouvir, porém,
toma contigo mais uma ou
duas pessoas, para que
toda questão seja
decidida pela palavra de
duas ou três
testemunhas”. (Citado
em Mateus, cap. 15 – Vv.
15 e 16.)
Concluímos assim que
nossos irmãos
idealizadores da ajuda a
distância devem estar
prontos para uma
discussão fraterna sobre
o tema, por si só muito
polêmica e disto, com
certeza, eles têm
conhecimento.
Kardec em A Gênese,
cap. 14, item 32, e
citado no site, diz que
“O fluido espiritual,
combinado com o fluido
humano, dá a este as
qualidades que lhe
faltam”. Nossos
irmãos comentam sobre a
impossibilidade de
locomoção de pessoas em
irem aos centros
espíritas, ou por
morarem no exterior,
onde não existem centros
para tratamento com
passes, ou ainda que nem
todas as cidades os
possuem e que nas
grandes capitais talvez
não os encontrem em
todos os bairros. Com
efeito, tudo isto é
verdade e daí que
voltamos à hipótese
oferecida pelo Dr.
Cristóvão Panconi quando
falou sobre as
irradiações feitas
através de médiuns e
Espíritos desencarnados
em torno de uma mesa, à
luz da oração e da
vontade sincera de
ajudar.
Toda ação
positiva gera conforto e
pode até curar
Há ainda uma colocação
jocosa e infeliz, em
nossa opinião, naquele
site, referindo-se a uma
médium passista
indignada que, segundo
consta, teria dito:
“O povo já é
naturalmente preguiçoso,
agora com passe virtual
é que a coisa vai
desandar de vez”.
Isso foi catalogado como
possível brincadeira,
afirmando serem palavras
preconceituosas. Creio
que o assunto é por
demais grandioso para
ser tratado desta forma.
Ainda colocam,
contrariando a
possibilidade de uma
discussão aberta, que:
“E se alguém ousa
algo novo neste meio,
que contraria o que
pensam ou que foge à
futilidade ou à
vulgaridade que enxergam
nela, a contenda está
formada”. Admitem
ainda que pessoas
“não veem como sublime
veículo de intercâmbio,
conhecimento, amizade e
união entre povos e
raças, mas sim como
estúpido parque de
diversões onde bobalhões
e mal-intencionados se
refestelam”. O
nível, de fato está
muito aquém do que nos
prega a fraternidade
cristã, necessitando,
assim, de uma
reformulação em seus
conteúdos.
Nosso irmão Luiz Carlos
M. Gurgel, no livro “O
Passe Espírita”, edição
da FEB de 2006, diz com
absoluta propriedade: “O
passe é uma doação, e só
pode dar o que se
possui; portanto, é
fundamental que o
passista goze de boa
saúde, tanto do corpo
físico quanto da mente.
Verificado qualquer
desequilíbrio orgânico
ou psíquico, o serviço
do passe deve ser
interrompido de
imediato, principalmente
quando se tratar de
processo obsessivo de
qualquer natureza,
ocasião em que o
passista deve passar à
condição de paciente”.
É preciso serenar os
ânimos para conversarmos
com acerto sobre tão
profícuo processo de
cura, mormente quando
estamos adentrando um
novo tempo onde,
certamente, os passes
serão cada vez mais
difundidos e utilizados
pela medicina
convencional como já
vemos através do
trabalho desenvolvido
pelo Dr. Sérgio Felipe
de Oliveira, idealizador
da Uniespírito, em São
Paulo, entre outros. As
universidades
gradativamente aderem
aos estudos psíquicos e
aos processos mediúnicos
e suas possibilidades.
Nossas observações
servem apenas como uma
têmpera na acesa
discussão. Creio que
muitos dirão sim e
outros tantos haverão de
contrapor-se a tal
iniciativa. É muito
natural. E não devemos
nos ater apenas a
comentários de pessoas
que não possuem um
conhecimento mais
profundo do assunto.
Claro que toda ação
positiva gera um
conforto e pode até
curar pessoas. O que não
se deve apregoar é que
determinada ação isolada
pode substituir os
trabalhos milenares do
passe, que foi até mesmo
utilizado por Jesus
quando impunha suas
mãos.
É preciso receber as
críticas com atenção
No livro “Caminho,
Verdade e Vida”,
Emmanuel no cap. 153 nos
diz que “os passes,
como transfusões de
forças psíquicas, em que
preciosas energias
espirituais fluem dos
mensageiros do Cristo
para os doadores e
beneficiários,
representam a
continuidade do esforço
do Mestre para atenuar
os sofrimentos do
mundo”. Fica claro
que as presenças dos
doadores e beneficiários
são decisivas no
processo de ajuda
terapêutica. Volto a
lembrar D. Geny quando
disse que como conforto
é válido, como
terapêutica, contudo,
pode não atender. Assim,
nossos irmãos
idealizadores deveriam
receber as críticas com
atenção.
Há um depoimento no
Mural de Recados do site
que praticamente diz a
mesma coisa. Vejamos o
que escreveu a nossa
irmã que utilizou o
recurso do passe
virtual: “Esse site
foi indicado por grande
amigo. Ao acessar o
passe virtual senti-me
muito confortada e
aliviada, agradeço muito
pela bênção recebida.
DEUS continue abençoando
a todos nós sempre!”
Sim, com certeza, todo
conforto traz alívio.
Sabemos que o alívio é
uma diminuição de peso
ou carga, da fadiga,
ansiedade, promovendo um
descanso, um repouso e
uma folga dos processos
que trazem desconfortos
tanto físicos quanto
psíquicos. Isto é bom,
mas não é tudo, não
conduz. Sabemos que
normalmente os passes
são ministrados em salas
previamente preparadas,
higienizadas, onde
pairam o silêncio e o
recolhimento, salvo nas
visitas domiciliares e
hospitalares em
absolutos regimes de
exceções. Será que ao
ligarmos o computador,
entrarmos numa rede
virtual tão poluída,
quem sabe passando antes
pelos noticiários etc.,
conseguiremos mesmo a
predisposição necessária
para recebermos as
energias sublimes que
vêm do mais alto? É
apenas uma pergunta que
faço e não uma crítica.
Há coisas que precisam
ser esclarecidas e hoje
o movimento espírita
conta com inúmeros
estudiosos, nem sempre
ortodoxos, que desejam
sinceramente contribuir
para que toda iniciativa
seja de fato venturosa e
atinja os objetivos
propostos, como cremos
serem os melhores
objetivos que pairam nas
consciências dos nossos
irmãos e irmãs do
Instituto André Luiz.
(1)
Para visitar a sala de
passe virtual clique em
-
http://www.institutoandreluiz.org/passe_virtual.html