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O Espiritismo responde
Ano 6 - N° 296 - 27 de Janeiro de 2013
ASTOLFO O. DE OLIVEIRA FILHO
aoofilho@oconsolador.com.br
Londrina, Paraná (Brasil)
 
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ESPIRITISMO SÉCULO XXI
 



A leitora Filomena Branco, que reside em Portugal, pergunta-nos, relativamente à chamada psicofonia inconsciente, se nesse tipo de fenômeno há ou não há ligação do comunicante ao cérebro físico ou espiritual do médium.

Para entender bem o que ocorre na psicofonia inconsciente, é conveniente que vejamos primeiro o que André Luiz chama de psicofonia consciente. O assunto é tratado por ele no cap. 6, pp. 55 a 58, do livro Nos Domínios da Mediunidade, única obra que trata do fenômeno em suas minúcias.

Na psicofonia consciente, André Luiz compara a associação entre o Espírito sofredor e o corpo do médium a um sutil processo de enxertia neuropsíquica. Descrevendo um desses casos, em que atuou a médium Eugênia, André informou que leves fios brilhantes ligavam a fronte da alma da médium, desligada do seu veículo físico, ao cérebro da entidade comunicante. Embora senhoreando as forças da médium, o hóspede desencarnado permanecia controlado por ela, a quem então ele se imanava pela corrente nervosa, através da qual a médium estaria informada de todas as palavras que ele mentalizasse e pretendesse dizer.

Eis como o instrutor Aulus explicou o que acontecia: "Efetivamente, apossa-se ele temporaria­mente do órgão vocal de nossa amiga, apropriando-se de seu mundo sen­sório, conseguindo enxergar, ouvir e raciocinar com algum equilíbrio, por intermédio das energias dela, mas Eugênia comanda, firme, as ré­deas da própria vontade, agindo qual se fosse enfermeira concordando com os caprichos de um doente, no objetivo de auxiliá-lo".

Aulus disse ainda que, consciente de todas as intenções do Espírito infortunado, a médium reservava-se o direito de corrigi-lo em qualquer inconveniência. "Pela corrente nervosa, conhecer-lhe-á as palavras na formação, apreciando-as previamente, de vez que os impulsos mentais dele lhe percutem sobre o pensamento como verdadeiras marteladas. Pode, assim, frustrar-lhe qualquer abuso, fiscalizando-lhe os propósitos e expressões, porque se trata de uma entidade que lhe é inferior, pela perturbação e pelo sofrimento em que se encontra, e a cujo nível não deve arremessar-se, se quiser ser-lhe útil. O Espírito em turvação é um alienado mental, requisitando auxí­lio”.

Outro fato importante é que a alma de Eugênia, a médium, se conservara bem próxima de seu corpo denso. É que nesse tipo de fenômeno, sempre que o esforço se refira a entidades em desajuste, o me­dianeiro não deve ausentar-se demasiado. Com um demente em casa, o afastamento é perigoso. 

Na chamada psicofonia inconsciente, os fatos se processam de forma um pouco diferente, como André Luiz nos informa no cap. 8, pp. 71 a 76 da mesma obra.

Descrevendo o fenômeno, André nos diz que, assim que viu o Espírito sofredor, a alma da médium Celina desvencilhou-se do corpo físico, como alguém que se entregasse a sono profundo, e conduziu consigo a aura brilhante de que se coroava. Fitando o desesperado visitante com sim­patia, abriu-lhe os braços, auxiliando-o a senhorear o veículo físico, então em sombra. Como se fora atraído por vigoroso ímã, o so­fredor arrojou-se sobre a organização física de Celina, colando-se a ela, instintivamente. Auxiliado por uma entidade, ele sentou-se com difi­culdade, afigurando-se a André Luiz intensivamente ligado ao cére­bro físico da médium.

No caso anterior, a médium Eugênia revelara-se benemérita enfermeira. Neste, Celina surgia como abnegada mãezinha, tal a devoção afetiva para com o hóspede infortunado. Partiam dela fios brilhantes a envolvê-lo intei­ramente e o recém-chegado, em vista disso, não obstante senhor de si, demons­trava-se criteriosamente controlado, assemelhando-se a um peixe furioso entre os estreitos limites de um recipiente. O comunicante projetava de si estiletes de treva, que se fundiam na luz com que a alma de Ce­lina o rodeava, dedicada. Ele tentava gritar impropérios, mas em vão. Celina era um instrumento passivo no exterior, entretanto, nas profundezas do ser, mostrava as qualidades morais positivas que lhe eram conquista inalienável, impedindo aquele irmão de qualquer manifestação menos digna.

O Espírito começou mencionando seu nome: José Maria, enfileirando outros nomes com o evidente intuito de mostrar a importância sobre sua origem. Irritadíssimo, amontoava reclamações, deitava reprimendas e revoltava-se exasperado, mas não usava palavras semelhantes às que proferira antes. Achava-se como que manietado, vencido, embora rude e áspero. Aparecera tão completamente implantado na organização fisiológica da médium, tão espon­tâneo e natural, que André não conseguiu sopitar as perguntas.

A mediunidade de Celina era diferente da de Eugênia? Por que esta se mantivera preocupada, como enfermeira inquieta, enquanto Celina parecia devotada tutora do irmão dementado? Por que numa se vira a expectação atormentada e na outra, a serena confiança?

O instrutor Aulus informou que Celina constituía um exemplo de sonâmbula perfeita e explicou: "A psicofonia, em seu caso, se processa sem necessidade de ligação da corrente nervosa do cérebro mediúnico à mente do hóspede que o ocupa". A espontaneidade dela é tamanha na cessão de seus recursos, que não tem qualquer dificuldade para desligar-se de maneira automática do campo sensório, perdendo provisoriamente o contacto com os centros motores da vida cerebral. Sua posição medianímica era de extrema passividade. Por isso mesmo, re­velava-se o Espírito comunicante mais seguro de si na exteriorização da própria personalidade. Esse fato não significa, contudo, que a médium estivesse ausente ou irresponsável. Junto de seu corpo, agia como mãe generosa, auxiliando o sofredor que por ela se exprimia, qual se fora frágil protegido de sua bondade.

Concluindo as observações sobre o caso, Aulus informou: "O sonambulismo puro, quando em mãos desavisadas, pode produzir belos fenômenos, mas é menos útil na construção espiritual do bem. A psicofonia inconsciente, naqueles que não possuem méritos morais suficientes à própria defesa, pode levar à possessão, sempre nociva, e que, por isso, apenas se evidencia integral nos obsessos que se renderam às forças vampirizantes".
 


 


 
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