Os animais no mundo
espiritual
Gratificante que esse
tema, até pouco tempo
tão deslembrado, esteja
agora visitando e
instigando a mente de
tantas pessoas, não
necessariamente
espíritas, senão sim,
todas, ao menos,
espiritualistas,
querendo saber o que
acontece com animais,
depois que morrem...
De minha parte e com o
que conheço do
Espiritismo, respondo a
esse questionamento em
etapas, retrocedendo no
tempo, iniciando com a
criação dos primeiros
seres vivos que surgiram
na Terra...
Criação dos seres vivos
Deus, “a inteligência
suprema e a causa
primária de todas as
coisas”,
cria sem cessar — uma
das criações da
Providência Divina é o
Princípio Espiritual,
ou Princípio
Inteligente (PI),
que verte do “Princípio
Inteligente Universal”.
As primeiras
manifestações desse
Princípio Inteligente
são as mônadas
celestes, que
trabalhadas no
transcurso dos milênios,
por operários
espirituais, exprimem-se
no mundo através da rede
filamentosa do
protoplasma, daí
derivando-se em
existência organizada no
Globo constituído;
mônada celeste, assim,
seria a célula
espiritual
manifestando-se no PI,
na primeira fase de
evolução do ser vivo.
(...) “O Princípio
Espiritual (ou PI) é o
gérmen do Espírito, a
protoconsciência. Uma
vez nascido, jamais se
desfará, jamais morrerá.
Filho de Deus Altíssimo
inicia então a sua lenta
evolução, no espaço e no
tempo, rumo ao
principado celeste, à
infinita grandeza
crística. Durante
milênios vai residir nos
cristais, em longuíssimo
processo de autofixação,
ensaiando aos poucos os
primeiros movimentos
internos de organização
e crescimento
volumétrico, até que
surja, no grande relógio
da existência, o
instante sublime em que
será liberado para a
glória orgânica da Vida,
na forma de mônadas
espirituais, que
destacadas dos cristais
pelos prepostos
crísticos completaram
seu estágio de
individuação!”.
O Espírito Emmanuel,
pela psicografia de F.
C. Xavier, oferta-nos
sublime informação,
altamente científica
quanto poética, sobre o
início da vida, a partir
do protoplasma, após a
criação do planeta
Terra:
Daí a algum tempo, na
crosta solidificada do
planeta, como no fundo
dos oceanos, podia-se
observar a existência de
um elemento viscoso que
cobria toda a Terra.
Estavam dados os
primeiros passos no
caminho da vida
organizada. Com essa
massa gelatinosa, nascia
no orbe o
protoplasma e, com
ele, lançara Jesus à
superfície do mundo o
germe sagrado dos
primeiros homens.
O Espírito André Luiz
informa no citado livro
“Evolução em Dois
Mundos”, 1ª Parte, Cap.
VI, quanto ao tempo
relativo a contar da
criação do ser vivo (PI)
até alcançar a condição
humana (nossa
condição...):
Genealogia do Espírito:
(...) Com a Supervisão
Celeste, o princípio
inteligente gastou,
desde os vírus e as
bactérias das primeiras
horas do protoplasma na
Terra, mais ou menos
quinze milhões de
séculos, a fim de que
pudesse, como ser
pensante, embora em fase
embrionária da razão,
lançar as suas primeiras
emissões de pensamento
contínuo para os Espaços
Cósmicos.
(Sim: essa é nossa idade
relativa: um bilhão e
meio de anos!...).
Cito reflexões de outro
autor, Gabriel Delanne
(1857-1926), em seu
livro “A Evolução
Anímica”, publicado
inicialmente em 1895(!):
(...) A alma, ou
Espírito, é o princípio
inteligente do Universo.
(...) É mediante uma
evolução ininterrupta, a
partir das formas de
vida mais rudimentares,
até à condição humana,
que o princípio pensante
conquista, lentamente, a
sua individualidade.
Para poder
atuar sobre a matéria,
cada Princípio
Inteligente utiliza o
concurso de uma força, a
que se conveio em chamar
“fluido vital” e todos
estarão revestidos de
“invólucro invisível,
intangível e
imponderável”. Esse
invólucro denomina-se
Perispírito (apesar de
sua materialidade é
bastante eterizado). É
formado de matéria
cósmica primitiva — o
fluido universal
.
A pouco e pouco todos os
PI percorrerão infinitos
ciclos evolutivos, num e
noutro plano da vida (o
espiritual e o
material), durante os
quais serão mantidos,
monitorados e guiados
por Inteligências
Siderais, responsáveis
pela Vida, por delegação
divina.
Sobre particularidades
da vida nos reinos
mineral, vegetal e
animal, Kardec perguntou
e obteve respostas
claras, não passíveis de
segunda interpretação.
Resumindo-as:
– Minerais: só
têm força mecânica (não
têm vitalidade);
NOTA: Quer-me parecer
que essa força é a que
mantém a agregação dos
átomos, uns aos outros,
formando toda a matéria
existente, inclusive a
que acompanhará as
várias vestimentas
físicas do PI na sua
longa trajetória
evolutiva de
experiências terrenas; o
reino mineral, assim,
seria uma espécie de
estágio precursor da
eclosão do PI na vida
orgânica, após o que,
então, este já estará
equipado de agregação
atômica (a força
mecânica citada por
Kardec) nos
diversificados corpos
que utilizará na sua
marcha evolutiva.
(Reconheço que esta é
uma reflexão ousada, não
passando, pois, de
opinião pessoal. Minha
opinião — humilde
ensaio.)
– Vegetais: são
dotados de vitalidade e
têm vida orgânica
(nascem, crescem,
reproduzem e morrem),
além de serem dotados de
instinto rudimentar;
– Animais: têm
instinto apurado e
inteligência
fragmentária, além de
linguagem própria de
cada espécie; têm um
princípio independente,
que sobrevive após a
morte; esse princípio
independente,
individualizado, algo
semelhante a uma alma
rudimentar, inferior à
humana, dá-lhes limitada
liberdade de ação
(apenas nos atos da vida
material); assim, pois,
não têm livre-arbítrio;
essa “alma”, não sendo
humana, não é um
Espírito errante
(aquele que pensa e age
pelo livre-arbítrio).
Promoção do animal ao
hominal
Os milênios escorrem e o
PI chega ao reino
animal, do qual um dia,
também distante, será
transferido, segundo
estatuto da Providência
Divina, para um degrau
acima... O reino
hominal, o da
inteligência contínua!
Sobre essa fantástica
transição do animal à
humanização, eis o que
encontrei na literatura
espírita:
Em “Evolução em Dois
Mundos”:
a. À maneira de
crianças tenras,
internadas em jardim de
infância para
aprendizados
rudimentares, animais
nobres desencarnados, a
se destacarem dos
núcleos de evolução
fisiopsíquica em que se
agrupam por simbiose,
acolhem a intervenção de
instrutores celestes, em
regiões especiais,
exercitando os centros
nervosos.
Obs.: Vejo aqui, salvo
melhor juízo, pista para
entendimento sobre o
chamado “elo perdido”
dos biólogos e
naturalistas: ele não se
processa na Terra e sim
no mundo espiritual...
b. A girencefalia
(característica dos
cérebros com
circunvoluções, o que
possibilita uma maior
área cortical – de
córtex. Ex: cérebro dos
primatas) e a
lissencefalia
(condição de cérebro sem
circunvoluções, o que
resulta em pequena área
cortical) obedecem a
tipificações traçadas
pelos Orientadores
Maiores, no extenso
domínio dos vertebrados,
preparando o cérebro
humano com a
estratificação de lentas
e múltiplas experiências
sobre a vasta classe dos
seres vivos.
(Cap. IX - Evolução e
Cérebro, p. 67-68);
c. (...) Nomearemos o
cão e o macaco, o gato e
o elefante, o muar e o
cavalo, como elementos
de vossa experiência
usual, mais amplamente
dotados de riqueza
mental, como introdução
ao pensamento contínuo.
(Cap.
XVIII – Evolução e
destino, p. 212).
Ainda sobre a
promoção do irracional à
racionalidade (de animal
a homem) — o chamado
“elo perdido” dos
naturalistas — encaminho
o leitor ao livro que já
citei — “A Caminho da
Luz” —, de Emmanuel/F.
C. Xavier, Cap. II, item
A grande transição,
p. 31, onde, em síntese,
consta:
(...) As descobertas
da Paleontologia, quanto
ao homem fóssil, são um
atestado dos
experimentos biológicos
a que procederam os
prepostos de Jesus, até
fixarem no “primata” os
característicos
aproximados do homem
futuro. (...) As
hostes do invisível
operaram uma definitiva
transição no corpo
perispiritual
pré-existente, dos
homens primitivos...”.
Grifei.
A mim não padece dúvida
de que o “elo perdido”
não está na Terra...
À medida que ocorre a
sua individualização, na
extensa rota de
experiências, no reino
animal o PI já tem uma
alma, porém inferior à
do homem;
assim sendo, é lícito
deduzir que revestindo
essa alma há um corpo
astral — o perispírito
—, sutil, mas ainda
material (como já
registramos) e sempre
mais grosseiro do que o
do homem.
Estagiando
sucessivamente nos
reinos mineral, vegetal
e animal, os animais de
algumas das espécies que
irão se humanizar terão
seus respectivos PI
gradativamente equipados
pela Providência Divina
de instinto e
automatismos
fisiológicos
específicos.
Tais automatismos
representarão poderosos
equipamentos para
possibilitar-lhes a
existência e a
sobrevivência nos rudes
crivos que terão de
superar até a
humanização, quando
então, ainda com tais
condicionamentos
automáticos (que
possibilitam o
metabolismo), serão
equipados, pelos
Gestores Celestiais, de
três abençoadas e
incomparáveis
ferramentas morais, na
sequência do alcandorado
voo da Evolução:
livre-arbítrio,
inteligência contínua e
consciência!
Outros reinos naturais
Tratando-se da promoção
de seres vivos a
patamares mais
evoluídos, além das
espécies do reino animal
citadas, de minha parte
não encontrei
referências aos répteis,
insetos, aves, peixes,
ou sobre as demais
incontáveis espécies
zoológicas, incluindo-se
as extintas no planeta.
Não obstante, Allan
Kardec deixou registrada
importantíssima
informação no livro “A
Gênese”, no Cap. VI –
Uranografia Geral, item
A Criação universal, nº
18:
Esse fluido (Fluido
Cósmico) penetra os
corpos, como um oceano
imenso. É nele que
reside o princípio vital
que dá origem à vida dos
seres e a perpetua em
cada globo, conforme
a condição deste
princípio que, em estado
latente se conserva
adormecido onde a voz de
um ser não o chama. Toda
criatura, mineral,
vegetal, animal ou
qualquer outra —
porquanto há muitos
outros reinos naturais,
de cuja existência nem
sequer suspeitais —
sabe, em virtude desse
princípio vital e
universal, apropria as
condições de sua
existência e de sua
duração.
(Grifei)
De posse dessa
informação, apenas como
“hipótese de trabalho”,
sabendo que a divina Lei
do Progresso age
inexoravelmente em favor
de todos os filhos do
Supremo Criador, nada me
objeta supor — apenas
supor — que as
incontáveis espécies
animais que na Terra não
se humanizam talvez
sejam enquadradas em
outras rotas ou
processos evolutivos, em
outros mundos,
absolutamente
desconhecidos do homem.
Conclusão
Respeitáveis autores
espíritas,
desencarnados, aduziram
informações sobre os
animais no reino
espiritual:
1. Allan Kardec:
– sob orientação de
Inteligências Celestes,
registrou às questões
598 a 600, de “O Livro
dos Espíritos”, que os
animais, ao morrer,
mantêm sua
individualidade,
permanecendo em vida
latente sob cuidados de
Espíritos
especializados, que os
classificam e agrupam;
nos animais a
reencarnação não se
demora;
2. André Luiz:
– narra no Cap. XII do
livro que já citei —
“Evolução em Dois
Mundos” — que, após a
morte, os animais têm
dilatado o seu “período
de vida latente” no
Plano Espiritual, caindo
em pesada letargia, qual
hibernação, de onde
serão genesicamente
atraídos às famílias da
sua espécie, às quais se
ajustam.
Essa informação
considero-a fundamental
para o entendimento de
como os animais vivem no
Plano Espiritual,
aguardando a próxima
reencarnação. Kardec
registrou que após a
morte os animais são
classificados e
impedidos de se
relacionarem com outras
criaturas; André Luiz,
agora, diz a mesma
coisa, de outra forma,
ao mencionar que os
animais que não são
destacados para alguma
tarefa, entram em
hibernação e logo
reencarnam.
Depreendo, assim, que no
mundo espiritual os
animais não utilizados
em alguns serviços, não
têm vida consciente, mas
vegetativa, e isso
responde à pergunta de
como vivem lá: sem
qualquer relacionamento,
uns com os outros;
assim, não havendo ação
de predadores inexistem
presas; mantidos em
hibernação não se
alimentam, não brigam,
não reproduzem, não se
deslocam.
– reporta à presença de
alguns animais em
atividade no mundo
espiritual, como, por
exemplo, aves, cães,
cavalos, íbis viajores,
muares. Alguns são
“escalados” para tarefas
diversificadas (cães e
cavalos, na maioria das
vezes, como se vê,
respectivamente, em
“Nosso Lar”, Cap. 33, p.
183, 48ª Ed., 1998, e em
“Os Mensageiros”, Cap.
28, p. 149, 9ª Ed., 1975
– ambas as obras
psicografadas por F. C.
Xavier, Ed. FEB, RJ/RJ);
– menciona, ainda em
“Nosso Lar”, Cap. 33, p.
184, sobre a existência
no plano espiritual de
“Parques de estudo e
experimentação”,
referentes a animais,
sendo que sobre eles há
valiosas lições no
Ministério do
Esclarecimento. O autor
espiritual não deu
detalhes.
3. Marcel Benedeti,
médico veterinário,
desencarnado aos 47 anos
em 1º. Fev. 2010,
notabilizou-se como
escritor espírita e
dedicado defensor dos
animais. Dentre suas
inúmeras atividades em
prol dos animais,
destaco vários livros
nos quais, sob
inspiração de um
Protetor espiritual,
deixou registradas
inéditas, quanto
preciosas informações da
vida dos animais no
mundo espiritual. Nessas
obras Marcel narra a
existência de colônias
específicas para animais
no mundo espiritual,
constando que tal
narração é inédita. A
descrição e os detalhes
dessas colônias trazem
em seu bojo um panorama
de atividades zoófilas,
a cargo de Espíritos que
amam os animais. De
forma comovente são
narradas atividades de
atendimento e carinho
aos incontáveis animais
que aportam no mundo
espiritual, em estado de
necessidade, trazendo no
corpo perispiritual
dolorosas marcas da
insensatez e crueldade
humanas...
De antemão fica
explícito que as
narrações de Marcel, de
alguma forma, ampliam a
informação do Espírito
André Luiz referente a
animais no mundo
espiritual,
particularmente sobre os
“parques de estudo e
experimentação”, ambas
as fontes trazendo o
selo da Bondade da
Providência Divina para
com todos os seres da
criação.
Encerrando estas já não
breves reflexões, como
suposição, creio
firmemente que dentro do
quadro de animais
domésticos
desencarnados, que foram
amados por seus donos,
sabendo que por pouco
tempo permanecem no
plano espiritual, há a
probabilidade de àquele
convívio terreno
retornarem, a breve
tempo após a
desencarnação. Um sinal
disso seria a chegada de
novo animal no lar...
Embora com os
automatismos biológicos
específicos da espécie,
tem comportamento
individual diferenciado,
igualzinho ao daquele
que morava ali
anteriormente e há algum
tempo foi para a outra
margem do Rio da Vida...
O bondoso Chico Xavier,
consolando duas senhoras
aflitas que o
procuraram, lamentando a
morte do cachorrinho de
estimação, disse-lhes: “quando
nossos animais
domésticos morrem, é
comum eles ficarem em
nossas casas. Eles
também têm alma. Os
Espíritos que cuidam da
natureza costumam
deixá-los por algum
tempo na casa do dono,
até que possam nascer
novamente”.