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Crônicas e Artigos

Ano 6 - N° 298 - 10 de Fevereiro de 2013

ANSELMO FERREIRA VASCONCELOS
afv@uol.com.br
São Paulo, SP (Brasil)

 
 

Apenas alguns lembretes 


O ano de 2012 se foi e, felizmente, os profetas do apocalipse e catastrofistas de plantão erraram clamorosamente nas suas lúgubres previsões. Afinal de contas, a Terra continua singrando pela Via Láctea na sua trajetória consistente, serena e majestosa como sempre. É verdade que a casa terrena está seriamente abalada pela incúria humana, apesar dos insistentes e racionais apelos e argumentos verbalizados por figuras eminentemente responsáveis. Mesmo assim, a voracidade consumista e o irresponsável depauperamento dos recursos naturais não dão mostras de ter chegado ao fim. Em resumo, os seres humanos continuam com a sua conduta destruidora e inconsequente.

Não é por outra razão, aliás, que o Ano-Novo começou com os conhecidos transtornos de sempre como, por exemplo, as chuvas torrenciais e devastadoras nas regiões serranas do estado do Rio de Janeiro, a seca inclemente do Nordeste, sem falar da violência generalizada que assola os quatro cantos do país. São velhos problemas aguardando, basicamente, mudanças nos corações humanos, pelas vias do cultivo ao bom senso, empatia e a prática da sabedoria. Enquanto isso, o meio ambiente nos envia uma conta cada vez mais pesada, embora ela seja absolutamente justa.

Seja como for, não podemos e nem devemos esperar um Ano-Novo fácil. Sejamos realistas: as evidências apontam para anos cada vez mais difíceis. Por isso, não nos iludamos com devaneios sem sentido. Os macroproblemas estão e continuarão afetando a todos em maior ou menor intensidade. Na verdade, eles fazem parte do cenário da nossa encarnação atual e é nele que teremos de mostrar o nosso valor e progresso espiritual. Lembremos que a esmagadora maioria de nós não está aqui para a execução de missões especiais, mas para se depurar por meio de provas redentoras. Note, a propósito, quantas famílias (inclusive ricas) estão enfrentando situações altamente dolorosas na atualidade? Prova inconteste de que nas leis divinas não há exceções e nem privilégios. Vale recordar, a propósito, que companheiros respeitáveis da doutrina estão passando por experiências espinhosas com o seu testemunho de fé, paciência e resignação – como é, inegavelmente, o caso do nosso querido Raul Teixeira.

Assim sendo, se o quadro geral tende a permanecer, ao que tudo indica, inalterável a curto prazo, então só nos resta enfrentá-lo com disposição, determinação e confiança em Deus. E já que estamos no início de um novo período anual, algumas providências pessoais nos parecem indispensáveis. Partindo da premissa acima esboçada, seria de muito bom alvitre não nos descuidarmos de controlar as nossas emoções a fim de que elas externem, pelo menos na maior parte do tempo, vibrações positivas de tolerância e compaixão de nossa parte.

Não é novidade para ninguém que muitos estão perdendo o controle e, em decorrência, permitindo que reações violentas lhes invadam o ser. Pessoas aparentemente de bem, de um momento para o outro, praticam atos que beiram a animalidade mais hedionda. É evidente que existe uma série de coisas acontecendo à nossa volta nos estimulando, não raro, à perda da razão. Ou seja, o trânsito caótico das grandes cidades, o péssimo transporte coletivo oferecido sem qualquer noção de conforto, o custo de vida alto, a falta quase generalizada de empatia e respeito, o estresse no trabalho, o desamor, enfim. 

Todavia, a virtude da paciência é essencial no mundo moderno. Pois, então, procuremos respirar a longos haustos nos momentos mais críticos, mentalizando a entrada de substâncias benéficas e apaziguadoras em nosso organismo e, ao mesmo tempo, expelindo outras perniciosas. Em situações de altercação ou injustiça, se for o caso, é melhor fazer o papel de “bobo” do que chegar às vias de cometer um crime ou violência contra quem quer que seja. É melhor ser ele (a) o agressor do que nós... Tem muita gente perturbada andando pelo mundo disposta a causar dor e sofrimento por simples prazer. Por isso, o recurso da oração deve ser empregado constantemente.

Pelas razões expostas, portanto, devemos talvez mais do que nunca “vigiar e orar” de modo a evitar as tentações, conforme nos alerta o evangelho. Tal providência nos abastecerá de forças para não reagirmos em situações extremas, de inspiração para as nossas decisões e de calma para enfrentarmos todas as circunstâncias desfavoráveis. Por outro lado, como seres já iniciados nas coisas do Espírito e na continuidade da vida além-túmulo, o cultivo do dever e da responsabilidade deve ser visto como diretrizes de vida. Nesse sentido, como é fato que vivemos num país onde certos valores universais não estão ainda suficientemente entranhados, observa-se à exaustão graves deficiências na saúde, segurança pública, educação, legislação, gestão de serviços públicos e na vida em sociedade em geral. É triste admitir, mas a sensação é que pouca coisa funciona como deveria.

Por isso, torna-se extremamente relevante desenvolvermos a noção de busca da excelência. Não importa qual seja a nossa ocupação, procuremos fazer dela um meio de reluzir as nossas qualidades e habilidades servindo – na mais pura acepção do termo – com amor, e devoção e como autênticos colaboradores de Deus, os que dependem do nosso esforço. Há igualmente a questão da ética e da moral. Se já cogitamos sobre a vida espiritual e a paz de consciência, então precisamos estar completamente alinhados com tais imperativos. Às vezes, por razões desconhecidas somos arrastados para graves exames de coerência sobre tais pontos. Aliás, temos visto hodiernamente pessoas importantes falharem dramaticamente na execução dessas dimensões. E falhar, aqui, é falhar na perseguição do bem, isto é, o objetivo máximo e intransferível estabelecido pela divindade para todos nós. Cumpre ressaltar, por fim, que a Terra precisa de pessoas comprometidas de corpo e alma na implementação do bem, a fim de que as graves distorções e aberrações existentes sejam definitivamente banidas de suas paisagens. Portanto, nos empenhemos para fazer ao longo do ano a nossa parte para um mundo melhor, mas começando por nos aperfeiçoando. 

 

 


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O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita