Fora de
Cristo
não há
salvação
No
Evangelho
de João
há uma
passagem
que diz
ser
Jesus
Cristo
“caminho,
verdade
e vida”
(João,
14, 6).
Esta
ideia
sempre
me
estorvou.
Tema
contraditório,
por esse
motivo,
muito me
incomoda
citá-lo
escrevendo
ou
falando
sem ater
ao que
me
instiga
o
questionamento.
Da
máxima,
eu
sou o
caminho,
verdade
e vida,
saiu o
chavão:
“Só
Jesus
salva”.
Além do
mais,
Cristo
ainda
seria
chefe da
Igreja e
teria
dado a
Pedro o
cargo de
papa por
entregar-lhe
em
confiança
as
“chaves
do Reino
dos
Céus”
(Mateus,
16, 18 e
19). Eu
sou o
caminho,
a
verdade
e a vida
não
condiz
com o
conceito
de
Mestre
dos
Mestres,
de
arquétipo
da
figura
humana
sublimada
que
fazemos
de
Jesus.
E a
maioria
dos
habitantes
planetários
que
seguiram
e seguem
outras
crenças?
A ela o
Inferno?
Hinduístas,
jainistas,
sikhistas,
budistas,
taoístas,
confucionistas,
xintoístas,
judeus,
muçulmanos
e outros
estariam
excluídos
da
bondade
e
misericórdia
divina?
Por não
seguirem
a Jesus,
em
consequência
da ideia
de que
fora de
Cristo
não há
salvação
(parecida
com o
fora da
Igreja,
ou da
verdade,
não há
salvação),
estariam
isentos
das
chamadas
bem-aventuranças...
(É assim
que
pensam e
é por
isso que
trataram
de
eliminar
a
doutrina
da
reencarnação
no ano
553 d.C.
durante
o
Concílio
de
Constantinopla.)
Ofende e
põe em
dúvida a
inteligência
e
autoridade
moral de
Jesus
Grande
injustiça,
uma
incoerência
daquelas
que só a
intolerância
perpetra.
Tal
máxima
não pode
ter
saído da
boca do
Mestre,
exatamente
como se
pensa,
Ele,
acima de
tudo, um
pluralista.
Em nosso
modo de
ver, o
Cristianismo
de
Cristo,
universalizado,
genuína
e
eminentemente
espiritual,
não se
mescla a
catequeses
dogmáticas
nem se
restringe
a
deliberações
votadas
em
concílios.
Ofende a
honra do
Mestre
essa
interpretação
exclusivista
porque
estabelece
diferença
entre
religiões.
Trata-se
de um
grande
erro das
igrejas
ocidentais
em
detrimento
à
concórdia,
à
fraternidade.
Adicionado
ao
conclusivo:
ninguém
vai ao
Pai
(Deus),
se
não por
mim,
essa
doutrina
anula o
respeito
mútuo
que
deveria
prevalecer
entre
adeptos
de
diferentes
credos.
Ora!
tais
afirmativas
põem em
dúvida a
inteligência
e
autoridade
moral de
Jesus.
(Por
sinal,
não
acredito
em
“ecumenismo”;
o
diálogo
inter-religioso,
por ora,
é
utópico;
mas, o
respeito
entre as
religiões,
sim, é
possível,
haja
vista o
respeito
por
todas no
meio
espírita.)
Conforme
o
Cristianismo
dos
concílios,
há
apenas
um
caminho,
Jesus, e
uma
única fé
sobre a
qual não
se
permite
compreendê-la
à luz da
razão a
fim de
penetrá-la
com a
força do
raciocínio.
E por
terem
nomeado
Jesus
“Rei dos
reis”,
Ele, o
único
caminho,
quem não
Lhe
adota a
pretensa
“religião
cristã”,
logo
está
desencaminhado,
ou como
dizem,
“condenado”;
e sendo
Jesus a
verdade,
todos os
outros
caminhos
são
enganosos,
portanto,
detestáveis
e
malditos
seus
líderes
e todos
os que o
seguem;
Jesus é
a vida,
então
quem crê
diferentemente
da
doutrina
que O vê
como um
monarca
já
estaria
antecipadamente
“morto”.
Krishna
dizia-se
caminho,
verdade
e vida
Aquela
interpretação
de Jesus
discrimina
crenças
antigas
que,
aliás,
existiam
muito
antes do
que
consideram
Cristianismo.
O
preceito
a Ele
atribuído
vem de
longas
datas,
quatro
ou cinco
mil anos
antes.
Pelo
menos,
dois
líderes
da
antiguidade
declaravam-se
também
luz
do mundo,
o
caminho,
a
verdade
e a vida.
Um
deles,
Krishna,
além de
filho
de Deus,
segundo
as
sagradas
escrituras
hinduístas,
seria
também o
verbo
encarnado,
o
primeiro
salvador
da
humanidade.
O mais
curioso:
nascera
de uma
virgem,
isto
cerca
dez mil
anos
a.C.
No
Hinduísmo,
ele
é
o único
caminho,
vida e
luz da
verdade
― “Eu
sou o
caminho
[...];
eu sou a
vida
[...];
sou eu
mesmo
também a
luz da
Verdade
[...]”
Certa
divindade
egípcia,
Hórus,
quatro
mil anos
a.C.,
tinha-se
da mesma
forma
por luz
do
mundo, a
caminho
da
verdade
e a
vida.
Como
vimos,
Jesus
não foi
o único
a
dizer-se
um só
caminho,
uma só
verdade
e vida.
Veja, o
mencionado
preceito
é do
evangelista
João, e
não de
Jesus.
Quem
pode
garantir
que Ele
falara
exatamente
aquilo?
Se o
Mestre
referira-Se
a
caminho,
verdade
e vida,
talvez
quisesse
dar um
outro
sentido.
(Probabilidades!
E não é
para
menos,
haja
vista as
interpolações
no
Antigo e
Novo
Testamento,
meio
astucioso
de que
se
serviu e
serve-se
a Igreja
como
medida
necessária
para o
resguardo
e
permanência
do poder
temporal.)
Conclusão
No
Cristianismo
de
Jesus, o
“reino”
dEle é
em outro
lugar e
estar
salvo
significa
algo
mais bem
diverso...
O
reinado
de Jesus
encontrar-se-á
no
coração
daquele
que
procure
viver em
paz com
o seu
próximo,
com os
mais
próximos,
com
todos e,
deste
modo,
com
Deus.
Alcançou
a
salvação
aquele
que
assim se
mantenha
e faça
por onde
cada vez
mais
aperfeiçoar
o
caráter
remido
na
firmeza
e
coerência
de
atitudes
no
autoconhecimento
e no
domínio
de si
quanto à
humildade,
honestidade
e
bondade
para com
todos,
indistintamente.
A
Caridade-Amor
sim é
que é o
único
caminho
da
referida
salvação,
acima de
quaisquer
rótulos
religiosos
aos
quais
devemos
respeito
fraterno;
isto é o
que nos
aproxima
do único
“dono da
verdade”,
que é
Deus, e
dá
grande
proveito
à nossa
vida; se
houvesse
outro
caminho,
meu
amigo ou
minha
amiga,
Jesus o
teria
dito, e
um
famoso
apóstolo,
aquele
mesmo
que
escreveu
certa
carta,
realçar-lhe-ia
a
palavra.
(*)
* Paulo,
1.a
Carta
aos
Coríntios,
cap. 13,
versículos
de 1 a 7
e 13.
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