A Bíblia é mesmo a
Palavra
de Deus?
Muitos dizem que “a
Bíblia é a palavra de
Deus", pois aprenderam
assim dos líderes
religiosos, que usaram
deste artifício para os
dominar. Entretanto,
mesmo não sendo no
sentido absoluto, nela
encontraremos coisas
que, sem dúvida alguma,
poderemos atribuir como
coisas emanadas do
Criador; claro, não
diretamente. Em “O Livro
dos Espíritos”, nas
questões 112 e 113, onde
se fala da “primeira
ordem”, mais
especificamente
referindo-se aos
“Espíritos puros”,
lemos:
“112. CARACTERES GERAIS.
- Nenhuma influência da
matéria. Superioridade
intelectual e moral
absoluta, com relação
aos Espíritos das outras
ordens.”
“113. Primeira classe.
Classe única. - Os
Espíritos que a compõem
percorreram todos os
graus da escala e se
despojaram de todas as
impurezas da matéria.
Tendo alcançado a soma
de perfeição de que é
suscetível a criatura,
não têm mais que sofrer
provas, nem expiações.
Não estando mais
sujeitos à reencarnação
em corpos perecíveis,
realizam a vida eterna
no seio de Deus.”
“Gozam de inalterável
felicidade, porque não
se acham submetidos às
necessidades, nem às
vicissitudes da vida
material. Essa
felicidade, porém, não é
a ociosidade monótona, a
transcorrer em perpétua
contemplação. Eles são
os mensageiros e os
ministros de Deus, cujas
ordens executam para
manutenção da harmonia
universal. Comandam a
todos os Espíritos que
lhes são inferiores,
auxiliam-nos na obra de
seu aperfeiçoamento e
lhes designam as suas
missões. Assistir os
homens nas suas
aflições, concitando-os
ao bem ou à expiação das
faltas que os conservem
distanciados da suprema
felicidade constitui
para eles ocupação
gratíssima. São
designados às vezes
pelos nomes de anjos,
arcanjos ou serafins.”
“Podem os homens se
colocar em comunicação
com eles, mas
extremamente presunçoso
seria aquele que
pretendesse tê-los
constantemente às suas
ordens.” (KARDEC, 1944,
pp. 94-95)
Como vimos na obra
inicial da Codificação
Espírita, “Eles (os
Espíritos puros) são os
mensageiros e os
ministros de Deus”
(KARDEC, 1944, p. 95).
Convenhamos: há coisas,
no entanto, que, se
raciocinarmos, a razão
nos impede de acreditar.
A existência do “céu e
inferno”, como sendo
lugares reais, é uma
delas. Não atentamos
para o fato de que “o
Sublime Nazareno nos
disse que o primeiro
está dentro de nós” (Lc,
17,21). Podemos concluir
que acontece o mesmo com
o segundo. Certo?
Ademais, ninguém
prova-nos que a pena aos
descumpridores do
Decálogo seja ir para o
báratro. Ainda vemos nas
Escrituras Jesus dizendo
aos sacerdotes que os
publicanos e as
meretrizes entrarão no
paraíso primeiro que
eles (Mateus 21,31). Mas
esses últimos não eram
tidos como pessoas más?
Não deveriam ir para o
“lago de fogo” ao invés
do outro? Será que o
Cristo se enganou ou
será que “os tormentos”
só existem em nossa
consciência? Penso ser
mais prudente
preferirmos a segunda
opção.
A diferença principal
entre o "castigo" em que
acreditamos e aquele em
que alguns indivíduos
creem é que, pelo nosso
entendimento, “se paga
até o último ceitil”
(Mt, 5,26), e uma vez
pago, ficamos livres da
dívida, e, com isso,
“nenhuma das ovelhas se
perderá” (Mt, 18,11-14).
Do contrário, não há
perdão algum,
contradizendo Jesus que
disse a Pedro que
“deveríamos perdoar
setenta vezes sete
vezes” (Mt, 18,21-22).
Será que o Divino Rabi
se equivocou e nos
passou ensinamentos
inverídicos?
Achamos que o "a cada um
segundo suas obras" (Mt,
16,27) é a maneira mais
concorde com a Justiça e
Bondade Divinas.
Portanto, uma das razões
pela qual acreditamos
mais nas palavras de
Kardec do que nas
Escrituras é que aquele
é lógico, não contraria
a ciência, não se
contradiz, não inventa
estórias alegóricas e
não é mau.
Assim sendo, é mais
prudente crer-se que a
Bíblia seja a palavra do
homem, do que o Verbo do
Altíssimo, pois ele (o
homem) está sujeito a
todo e qualquer tipo de
engano, ao contrário do
Supremo Arquiteto do
Universo, que não falha,
mente ou se contradiz.
Referências
bibliográficas:
KARDEC, A. O Livro dos
Espíritos. Rio de
Janeiro: FEB, 1944.
Arquivo PDF, link:
http://content.wuala.com/contents/hugonovaes
Bíblia Online, link:
http://www.bibliaonline.com.br.