Na contramão
“Qual é o verdadeiro
sentido da palavra
caridade, como a
entendia Jesus?”
–Resposta: Benevolência
para com todos,
indulgência para com as
imperfeições alheias,
perdão das ofensas. (O
Livro dos Espíritos,
questão 886.)
Entre a liberdade que
Deus nos proporcionou
está a de defendermos
determinados pontos de
vista quando agimos de
boa fé. E é exatamente
isso que vamos fazer
neste artigo, apesar de
sabermos que estaremos
indo na contramão de
tudo o que temos lido
recentemente após a
tragédia que vitimou os
jovens em Santa Maria.
Respeitamos o direito de
todos aqueles que se
manifestam trazendo as
explicações espíritas
para o fato, embora tudo
não passe de hipóteses,
já que a realidade
somente é conhecida de
Deus e dos Espíritos
superiores. Escrevemos
no território das
hipóteses. Pode ter
acontecido isso, ou pode
ter ocorrido aquilo, mas
a verdade, de fato, não
sabemos. Fizemos o
destaque na resposta dos
Espíritos à pergunta
886, exatamente por
entendermos que essas
hipóteses todas que
desfilam pela internet
ferem a indulgência para
com as imperfeições
alheias.
Vamos ser mais claro: o
que pensaria um pai ou
uma mãe que ouvisse de
um espírita, diante do
filho deficiente mental
no leito, a explicação
de que a criança é assim
porque cometeu suicídio
em reencarnações
anteriores? Em que
estaríamos ajudando
esses pais diante da dor
imensa que os visita
dizendo a eles que o
filho de hoje foi o
suicida de ontem?
Não me consta que Chico
Xavier que consolou
inúmeras mães tenha dito
a alguma delas o
seguinte: - Olha, minha
filha, seu filho morreu
afogado porque em outras
vidas ele afogava seus
desafetos em um
determinado rio.
Não me consta essa
atitude do Chico porque
ele entendia o sentido
da palavra “caridade”
como a entendia Jesus.
Não me consta que Chico
Xavier dissesse a alguma
mãe a quem consolou que
o filho morreu de
acidente porque em vidas
passadas atropelou
outras pessoas e agora
estava se redimindo
desencarnando através de
um acidente. Não me
consta essa atitude por
parte dele.
Não me consta que Chico
Xavier tivesse dito a
alguma mãe com quem
misturou suas próprias
lágrimas que o filho
tivesse sido assassinado
porque em outra vida
esse filho houvesse sido
um assassino que tirara
vida de outras pessoas.
Não me consta que,
diante de alguma mãe
desesperada porque um
ente querido tenha
cometido suicídio, Chico
Xavier dissesse que
assim ocorreu porque em
outras vidas essa pessoa
tivesse induzido a outra
a suicidar-se também.
Não me consta. Chico
sabia exercer a caridade
como a entendia Jesus,
com indulgência para com
as imperfeições alheias.
Quando ele revelou que
as pessoas que
desencarnaram no
incêndio de um circo em
Niterói no ano de 1961
eram Espíritos
comprometidos diante da
Lei porque haviam, no
ano de 177 d.C.,
queimado a mil pessoas
cristãs, entre mulheres
e crianças, assim o fez
porque o Espírito
Humberto de Campos
revelou a ele esse fato,
evidentemente com a
autorização dos planos
maiores da Vida.
Quando Chico revelou que
as pessoas vitimadas no
terrível incêndio do
edifício Andraus em São
Paulo, no ano de 1972 e,
posteriormente, aqueles
que desencarnaram no
incêndio do edifício
Joelma em 1974, eram
pessoas participantes
das antigas Cruzadas, no
século XI, que sob as
bênçãos da religião
dominante da época,
invadiam regiões
ocupadas pelos
mulçumanos com a
desculpa de reconquistar
a chamada “terra santa”,
matando a muitas
pessoas, incendiando,
fazendo órfãos, viúvas
desesperadas, saqueando,
deixando um rastro de
desespero em seus
caminhos, assim revelou
porque do plano
espiritual partiu a
explicação, jamais da
cabeça do Chico. Porque
ele, Chico, entendia a
caridade como a entendia
Jesus.
De que adianta nos
levantarmos em
“hipoteseologistas” da
dor alheia se não
sabemos sequer porque
sofremos? Queremos ser
professores na vida
alheia quando não
passamos de maus alunos
com as nossas próprias
vidas? De que adianta
dizermos aos pais
desesperados da tragédia
de Santa Maria que seus
filhos desencarnaram de
forma lamentável porque
fizeram isso ou aquilo
em outras vidas? Que
sabemos nós? Também nos
arrastamos por este
planeta de provas e
expiações e muitas vezes
necessitamos da caridade
alheia da forma como a
entendia Jesus!
Se desejamos consolar
aos que ficaram,
revelemos a eles que a
imortalidade de seus
filhos é uma realidade.
De que esses filhos
foram amparados por
entes queridos que
partiram antes. Que o
reencontro com esses
filhos acontecerá um dia
com a mais absoluta
certeza, mas nos
abstenhamos de levar aos
corações que ficaram e
emitir vibrações
negativas em relação
àqueles que se foram,
nos arvorando em
conhecedores das causas
do acidente.
Jesus revelava ao
paralítico, ao leproso,
ao surdo e mudo, aos
obsidiados, aos cegos,
os motivos de suas
provações ou apenas os
socorria e recomendava
que não voltassem a
reincidir no erro? Ele
tinha todas as condições
de saber da vida íntima
de cada um desses
Espíritos, entretanto,
praticava a caridade
para com as imperfeições
alheias! O Chico também.
Oremos pelos que se
foram no acontecimento
de Santa Maria. Oremos
pelos pais aflitos que
ficaram e pratiquemos a
indulgência para com as
imperfeições alheias da
mesma forma como
necessitamos dessa
caridade para com as
nossas mazelas...