Carnaval e
problemas
sociais
Dentre os muitos
assuntos que o
espírita
comprometido com
a Doutrina que
abraça deve
estudar com
afinco, o
carnaval é, sem
dúvida, temática
de grande
importância, por
ser, devido às
muitas
imperfeições que
carregamos em
nosso íntimo,
combustível que
facilita o
processo de
desequilíbrio
daqueles que
ainda não
conseguem se
desviar de seu
chamado sedutor.
Não nos
demoraremos em
relatos sobre as
origens da
festividade, por
já ter sido
comentada em
artigo anterior
[Obsessões
Carnavalescas,
2009] de nossa
autoria.
Desejamos, no
entanto, lançar
um olhar
diferente, com a
intenção de
proporcionar
alguma reflexão
ao caro leitor.
Você consegue se
imaginar
encarnado em
outro planeta,
de ordem
superior, onde o
padrão fosse
talvez mais
elevado que o de
Nosso Lar, a
famosa cidade
que recepcionou
o Espírito André
Luiz? O que acha
que veria por
lá? Com um
rápido exercício
da razão,
podemos imaginar
que neste local,
onde se reúnem
Espíritos
amorosos,
preocupados com
o bem, com o
equilíbrio, em
fazer acontecer
o Reino do Pai
junto às
criaturas,
inexista
qualquer
manifestação do
mal. Quando
falamos em mal,
leia-se
"pensamentos ou
ações que
promovam o
desequilíbrio de
outros e de si
mesmo". Podemos
ainda supor que,
sendo este local
um campo de
trabalho e de
harmonia, seus
habitantes são,
por
consequência,
exemplos a serem
seguidos por
todos nós,
Espíritos ainda
imperfeitos.
Em O
Evangelho
segundo o
Espiritismo
aprendemos que
"nos mundos
felizes, (...) o
homem não
procura
elevar-se sobre
o seu
semelhante, mas
sobre si mesmo,
aperfeiçoando-se.
Seu objetivo é
atingir a classe
dos Espíritos
puros, e esse
desejo
incessante não
constitui um
tormento, mas
uma nobre
ambição, que o
faz estudar com
ardor para
igualá-los.
(...) Em uma
palavra, o mal
não existe".
Tais mundos são
detalhados, por
exemplo, na
Revista
Espírita,
organizada por
Allan Kardec.
Espíritos que
foram pessoas
voltadas ao bem
na Terra e que
agora estão
encarnadas
nestes lugares
retornaram de
tais planetas
para, através de
seus relatos,
darem mostras
das alegrias que
estão reservadas
àqueles que
buscam seguir
por estas
trilhas.
Agora, imagine
uma festa
popular em
planetas como
este. Como
seria? Se
imaginou anjos
tocando harpas
enquanto as
pessoas seguem
em contemplação
da natureza,
sentados ao lado
de um trono
dourado, creio
que sua mente
ainda guarda
muito do
imaginário
bíblico. Se
fosse assim,
certamente não
seria festa
popular, mas
evento voltado
ao tédio. Por
outro lado,
também não
veríamos a
escola de samba
"Unidos do
Planeta
Superior", com
carro abre-alas
recheado de
mulheres
seminuas e
homens batendo
tambores,
ajoelhados
enquanto elas
rebolam.
Certamente não.
Quanto mais
moralizada uma
população, mais
voltada às
festividades
saudáveis, com
confraternizações
legítimas,
regadas de amor,
sem ferramentas
que alterem o
estado de
consciência,
muito ao
contrário.
Lúcidos, a
alegria está no
encontro entre
as almas irmãs,
que enxergam
beleza na música
elevada, na arte
legítima, nos
contos que
retratam o bem,
o amor, Deus.
Se alguma pessoa
apresenta
determinada
necessidade, a
alegria estará
em vê-la melhor.
E o que vemos
por aqui?
O carnaval traz
gastos enormes
para os cofres
públicos no
Brasil inteiro.
Claro que em SP
e RJ os valores
são maiores.
Somente na
região de
Ribeirão Preto
(SP) são gastos
R$ 1, 5 milhão
de reais (!).
Aqui cabem
algumas
perguntas: E a
fome das
pessoas? E a
educação? A
saúde? A
segurança? O
Carnaval acaso
está em primeiro
lugar? Seria ele
mais importante
que tudo isso?
No Maranhão, se
somarmos apenas
oito anos de
gastos com esta
festa,
chegaremos ao
valor de R$
59.902.831,00 –
dinheiro
suficiente para
se construir 4
hospitais com
100 leitos! E,
tenho certeza,
não há ser
humano nesta
Terra que possa
negar a
necessidade de
hospitais por
lá.
Certo é que
exemplos
fantásticos
estão surgindo
no cenário, como
é o caso da
prefeitura de
Petrópolis, que
decidiu cancelar
a festividade,
“desviando” a
verba para a
saúde. Ótima
iniciativa!
Claro que seria
ainda melhor
[ideal, eu
diria] se
decidissem
abdicar da festa
para sempre,
priorizando
outras
necessidades,
muito mais
urgentes e
reais. Porém,
tamanha lucidez
exige coragem e
determinação,
além, é claro,
de apoio
popular, o que
nem sempre se
vê.
Se carnaval
fosse bom, a
literatura
Espírita traria
esta informação.
Mas o que vemos
é o contrário.
Não, carnaval
não é bom. Nesta
época,
verdadeiras
falanges das
trevas surgem no
cenário,
atraídas pela
sintonia com
aqueles que
creem seja
lícito
enlouquecer em
determinados
dias. Junto
desta catástrofe
mental, vem a
catástrofe
material, uma
vez que os
hospitais
trabalham
dobrado,
atendendo os
acidentados, os
alcoolizados, os
drogados etc.
Lembremos ainda
que a quantidade
de abortos
criminosos
aumenta
consideravelmente
após este
período.
Famílias sofrem,
profissionais da
saúde se
desdobram, a
Espiritualidade
Superior
trabalha,
incansável. E
tudo isso por
quê? Porque
existe um acordo
social que
permite, segundo
os olhos do
mundo, que as
pessoas saiam de
seu cotidiano,
em nome da
descontração,
entrando em
verdadeiros
turbilhões dos
sentidos,
causando enormes
prejuízos a si e
a muitos outros.
Acordemos! Mesmo
aqueles que
relatam brincar
nestas festas de
forma saudável,
saibam que só
pelo fato de
estarem nela é o
mesmo que
compactuar para
que continue
existindo,
embora seja
preciso sanar
tantas outras
necessidades
sociais antes de
gastarmos com
brilhos,
serpentinas e
holofotes!
Divertimento
responsável só
ocorre quando o
mal não está
envolvido. O
resto é problema
que mais adiante
terá de ser
resolvido.