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Correio Mediúnico
Ano 6 - N° 305 - 31 de Março de 2013
 
 

 

Provação

Hilário Silva

 

Heitor Pessoa e a esposa, D. Delminda, desde os primeiros dias na cidade eram assíduos frequentadores do templo espírita. Corretíssimos. Generosos. Entretanto, fora disso, pareciam fechados. Excelentes companheiros na instituição; contudo, na vida particular, eram francamente inacessíveis.

–  Muito bons, mas muito orgulhosos.

–  Sabem ensinar a fraternidade, mas escorregam mais que os peixes.

Observações como essas eram frequentes.

E como semelhante situação estivesse incomodando, o presidente imaginou um meio de sanar as impressões.

Em cada semana, o culto do Evangelho seria atendido em determinado lar. Assim, cada residência dos irmãos da agremiação seria aberta ao exercício da fraternidade.

Chegada a ocasião em que lhes caberia o testemunho efetivo, Heitor e senhora tentaram gentilmente esquivar-se, mas a diretoria insistiu e tiveram que abrir as portas.

Na noite indicada, o casal e o único filho, Marcelo, rapaz de nobres feições, atlético e bem posto, fizeram as honras.

A reunião correu encantadora e o texto do Evangelho, “não julgueis para não serdes julgados”, mereceu apontamentos lindos. O cafezinho foi servido carinhosamente, mas, às despedidas, veladas reclamações ouviam-se aqui e ali.

Mafra, o presidente, havia perdido a carteira; Antônio Silva sentia falta do relógio; Dona Carlinda ficara sem o broche de ouro e Dona Aurora não pudera localizar a pulseira.

No dia seguinte, porém, Heitor, muito desapontado, visitou os companheiros, um a um, restituindo-lhes os objetos perdidos e explicando que não costumava receber visitas porque o filho persistia ainda desajuizado, em vagaroso tratamento.

Boquiabertos, os amigos compreenderam que o distinto e esquivo casal trazia a provação de um filho, muito sadio de corpo, mas positivamente obsidiado.


Do cap. 11 do livro Almas em Desfile, de Hilário Silva, psicografado pelos médiuns Waldo Vieira e Francisco Cândido Xavier.



 


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O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita