Sexo e Destino
André Luiz
(Parte
24)
Damos continuidade ao
estudo da obra
Sexo e Destino,
de André Luiz,
psicografada pelos médiuns
Waldo Vieira e
Francisco Cândido Xavier
e
publicada em 1963 pela
Federação Espírita
Brasileira.
Questões preliminares
A. Que fenômeno ocorreu
quando, diante do corpo
morto de Marita, Félix
orou?
Minutos depois de finda
a oração, o
compartimento ainda se
demorava invadido pelo
clarão que se
exteriorizava do peito
de Félix. E não eram
apenas os comandados
dele que traziam, ali, o
espírito subjugado por
intensa emoção! Todas as
entidades desencarnadas
em serviço no hospital,
mesmo as que se
vinculavam a outros
cultos religiosos, se
perfilavam à frente do
acanhado recinto,
discretas e atenciosas.
Espíritos ignorantes e
vampirizadores, em
trânsito nos sítios
adjacentes, acorreram
também para o local,
atraídos pelos jorros de
luz solar que o aposento
irradiava em todas as
direções, e muitos deles
baixavam a fronte,
emocionados e
reverentes.
(Sexo e Destino, 2ª
parte, capítulo VII, pp.
246 e 247.)
B. Que disse André Luiz
em suas reflexões sobre
a eutanásia?
André Luiz manifestou-se
claramente contra a
eutanásia. Eis suas
palavras: "Felizes da
Terra! Quando passardes
ao pé dos leitos de
quantos atravessam
prolongada agonia,
afastai do pensamento a
ideia de lhes
acelerardes a morte!
Ladeando esses corpos
amarrotados e por trás
dessas bocas mudas,
benfeitores do plano
espiritual articulam
providências, executam
encargos nobilitantes,
pronunciam orações ou
estendem braços amigos!
Ignorais, por agora, o
valor de alguns minutos
de reconsideração para o
viajor que aspira a
examinar os caminhos
percorridos, antes do
regresso ao aconchego do
lar. Se não vos sentis
capacitados a
oferecer-lhes uma frase
de consolação ou o
socorro de uma prece,
afastai-vos e deixai-os
em paz!... As lágrimas
que derramam são pérolas
de esperança com que as
luzes de outras auroras
lhes rociam a face!"
(Obra citada, 2ª parte,
capítulo VII, pp. 248 e
249.)
C. Cláudio revelou à
esposa sua conversão ao
Espiritismo?
Sim. Em conversa com
Márcia, cujo principal
tema foi a saúde da
filha Marina, Cláudio
lhe disse sobre as novas
ideias que abraçara e,
levantando para ela os
olhos súplices,
convidou-a abraçar,
junto dele, uma
existência nova.
Falou-lhe então da
transformação que
experimentara nas
últimas semanas e
declarou-se
espírita-cristão.
Sentindo-se outro
homem, aspirava, agora,
à bênção do lar, à
tranquilidade da
família. Comprometia-se
a adotar conduta reta,
ser-lhe-ia companheiro
leal. Não a
constrangeria a
aceitar-lhe as ideias;
mas desejava mostrar-lhe
quanto a amava. (Obra
citada, 2ª parte,
capítulo VIII, pp. 255 e
256.)
Texto para leitura
116. A
prece emociona a todos
- A oração feita por
Félix abarcou, no seu
apelo de socorro e
amparo espiritual, todos
os que descambaram e
descambam nos desvios e
viciações do mundo, tais
como os estupradores e
as criaturas seviciadas;
os verdugos cruéis e
suas vítimas; os que não
respeitam os
compromissos de
fidelidade conjugal; os
que fazem da noite pasto
à demência; os que
exploram o lenocínio; os
que abusam da mocidade,
propinando-lhe
entorpecentes... Félix
lembrou também, em sua
rogativa, os corações
retos e enobrecidos, os
que respeitam os ajustes
legais, as mulheres
engrandecidas pelo
sacrifício e pelo
trabalho e os homens
honrados e puros,
pedindo a Jesus lhes
propicie sensibilidade
e clareza de raciocínio,
a fim de que não
desamparem os que se
transviam ao longo de
suas existências.
Encerrando, disse o
benfeitor: "Senhor, não
consintas que a virtude
se converta em fogo no
tormento dos caídos e
nem permitas que a
honestidade se faça gelo
nos corações!... Tu, que
desceste às vielas do
mundo para curar os
enfermos, sabes que
todos aqueles que
jornadeiam na Terra,
atormentados pela
carência de alimentação
afetiva ou alucinados
pelos distúrbios do
sexo, são doentes e
infelizes, filhos de
Deus, necessitados de
tuas mãos!...
Inspira-nos em nossas
relações uns com os
outros e clareia-nos o
entendimento para que
saibamos ser agradecidos
à tua bondade, para
sempre!..." Quando
Félix emudeceu, o
compartimento
demorava-se invadido
pelo clarão que se lhe
exteriorizava do peito;
mas não eram apenas os
comandados dele que
traziam, ali, o espírito
subjugado por intensa
emoção! Todas as
entidades desencarnadas
em serviço no hospital,
mesmo as que se
vinculavam a outros
cultos religiosos, se
perfilavam à frente do
acanhado recinto,
discretas e atenciosas.
Espíritos ignorantes e
vampirizadores, em
trânsito nos sítios
adjacentes, acorreram
também para o local,
atraídos pelos jorros de
luz solar que o aposento
irradiava em todas as
direções, e muitos deles
baixavam a fronte,
emocionados e
reverentes. Cláudio nada
ouvia, mas, empolgado
pelas vibrações
balsâmicas do ambiente,
chorava, de manso,
percebendo a mão gélida
que se colara à dele.
(Cap. VII, pp. 246 e
247)
117. Um apelo
contra a eutanásia
- Marita estava morta e
Moreira não continha os
soluços. Telmo aplicou à
jovem passes
anestesiantes e um
médico espiritual cortou
os últimos ligamentos
que ainda retinham a
alma cativa ao corpo
inerte. Quando viu
Marita liberta e
agasalhada nos braços de
Félix, Moreira indagou,
desolado: "Irmão Félix,
que farei doravante,
inútil como sou?"
"Moreira, – respondeu o
benfeitor – somos uma
família só. Muito em
breve, terás o
necessário, de modo a
retomar o convívio de
Marita, que pede agora
paz e refazimento; mas,
antes, somos nós os
companheiros que te
pedem auxílio! Marina
sofre... Precisamos
libertá-la. Contamos
contigo como quem tudo
espera de um amigo, de
um irmão!..." O
ex-obsessor de Cláudio
pôs-se genuflexo e
deixou pender a fronte,
confundido ao reconhecer
que o instrutor lhe
rogava sanar uma brecha
que ele, Moreira, havia
agravado, e prometeu, em
pranto, atender à
obrigação que se lhe
indicava. "Felizes da
Terra!", escreve-nos
André, numa reflexão
comovente acerca da
eutanásia. "Quando
passardes ao pé dos
leitos de quantos
atravessam prolongada
agonia – recomenda-nos
André –, afastai do
pensamento a ideia de
lhes acelerardes a
morte!... Ladeando esses
corpos amarrotados e por
trás dessas bocas mudas,
benfeitores do plano
espiritual articulam
providências, executam
encargos nobilitantes,
pronunciam orações ou
estendem braços amigos!
Ignorais, por agora, o
valor de alguns minutos
de reconsideração para o
viajor que aspira a
examinar os caminhos
percorridos, antes do
regresso ao aconchego do
lar. Se não vos sentis
capacitados a
oferecer-lhes uma frase
de consolação ou o
socorro de uma prece,
afastai-vos e deixai-os
em paz!... As lágrimas
que derramam são pérolas
de esperança com que as
luzes de outras auroras
lhes rociam a face!". De
tardinha, Agostinho e
Salomão acompanharam
Cláudio e os despojos da
filha até ao Caju, numa
cerimônia simples que a
prece consagrou, após o
que Cláudio,
acabrunhado, dirigiu-se
a seu lar, no Flamengo.
(Cap. VII, pp. 248 e
249)
118. Cláudio
inteira-se da doença de
Marina - A
pedido de Félix, André
continuou a prestar
assistência no lar de
Cláudio, que, apesar da
compreensão obtida com
os estudos espíritas,
conservava imensa
saudade da filha que
partira. Aquela quinzena
de hospital os unira em
espírito para sempre.
Como Márcia, já de
noite, não apareceu no
apartamento, Cláudio
informou-se com a
servidora da casa, dona
Justa, que lhe comunicou
ter Márcia viajado para
Petrópolis, sem precisar
o regresso. Cláudio
perguntou-lhe sobre o
hospital onde estava
internada Marina, mas
dona Justa não sabia.
Ele descobriu, então,
após telefonar para
diversos hospitais, onde
a filha se encontrava.
Era uma casa de saúde
localizada em Botafogo,
mas as visitas, mesmo
para os familiares,
estavam proibidas, visto
que a paciente andava em
crise, sob a atenção dos
médicos. Sozinho em
casa, Cláudio lembrou-se
de Gilberto, que seria
com certeza a pessoa
indicada para dar-lhe
notícias da filha.
Receoso e envergonhado,
vacilou em telefonar
para o genro, mas a
vontade de inteirar-se
dos fatos ligados à
filha foi mais forte que
a vergonha. Gilberto
atendeu-o, e o sogro
percebeu que o rapaz
encontrava-se
deprimido, torturado.
Após a troca dos pêsames
pelos falecimentos de
Beatriz e Marita,
Gilberto explicou que
Marina fora acometida
por acessos de fúria e
por isso internada. O
médico de confiança
admitira demência
precoce, mas desistira
de atendê-la,
confiando-a a
psiquiatras. O diálogo
prosseguiu e Gilberto –
antecipando
justificativas –
informou haver assumido
novas resoluções e
desistido do casamento
com Marina. Fora o pai,
Nemésio, quem o impelira
à mudança de rumo, ao
ver a moça doente,
porque não a considerava
suficientemente
preparada para as
responsabilidades do
matrimônio e, sendo
assim, não consentiria
no casamento. Nemésio
falara-lhe, ainda, de
"certas coisas" e, por
isso, lhe sugerira sair
do Rio, onde pudesse
recomeçar os estudos.
Ele, porém,
compreendendo a vida de
outro modo, sentia-se, à
face das imposições
paternas, acabrunhado,
vencido. Cláudio
aceitou as
justificativas do rapaz
com humildade,
acentuando que, sendo
ele ainda muito jovem,
não devia opor
contradita aos conselhos
do pai, de vez que
casamento, em qualquer
pessoa, reclama
liberdade, consciência.
(2a parte, cap.
VIII, pp. 250 a 253)
119. A
conversa com Gilberto
deixa Cláudio intrigado
- Gilberto se modificou
perante a brandura
inesperada com que
Cláudio o tratou.
Parecia-lhe ouvir um
outro Nogueira, mais
velho, mais amigo. E
percebeu que Cláudio
lhe falava em tom de
lágrimas,
agradecendo-lhe o
apreço. Terminada a
conversa ao telefone,
Cláudio pediu ao rapaz o
número do telefone de
Márcia e confiou-se à
meditação. Pelo tom da
conversa, notara que
Gilberto se alterara de
todo e em tudo o que
falara media as frases.
Sem dúvida, o rapaz
estava desencantado.
Mas, que teria ele
desejado dizer com
aquelas duas palavras
"certas coisas"? Com
certeza, algo de muito
grave ocorrera. Deduziu
então que Marina fora
apanhada em algum
flagrante desagradável,
baqueando e caindo em
abatimento devido a
isso. Pensou, assim, na
filha e compadeceu-se,
porque sabia agora que a
obsessão provocava
tragédias. Depois de
muito pensar, telefonou
para Márcia, que lhe
comunicou estar
descansando junto de
pessoas amigas, em
Petrópolis. Ciente da
morte de Marita, ela
confessou-se aliviada,
pois não a desejava
sobrevivendo ao
desastre, deformada
como a vira. Cláudio
percebeu, pela inflexão
de voz da esposa, que
ela se encontrava num
dia amargo. Sarcasmo e
irritação eram
evidentes em sua fala.
Cláudio esclareceu que
não queria
interromper-lhe a
excursão, mas estava
preocupado com Marina.
Se possível,
ensinasse-lhe o melhor
meio de visitá-la com
urgência, informando o
nome do médico que a
assistia. Márcia pediu
um tempo e, passados
alguns minutos, retornou
dizendo que estaria no
Rio, na manhã seguinte,
para conversarem. (2a
parte, cap. VIII, pp.
253 e 254)
120. Cláudio
convida Márcia à
renovação - O
encontro ocorreu no dia
seguinte, logo de manhã.
Márcia estava sorridente
e muito bem vestida. A
aparência física não
escondia, porém, as
larvas que a carcomiam,
visto que Márcia jazia
assessorada por pequena
corte de vampirizadores
desencarnados que lhe
alteravam a cabeça. A
mãe de Marina estava
irreconhecível.
Metalizara-se-lhe a voz.
Seu olhar fizera-se mais
frio. Cláudio
assustou-se. Afinal,
padeciam em casa a
provação de uma filha
morta e outra enferma.
De que maneira Márcia se
amoldava a uma excursão
assim festiva? Recordou,
então, Gilberto e a
alusão a "certas coisas"
e ficou a cismar. Márcia
sentou-se e, indagada
sobre Marina, sintetizou
– evidentemente
interessada em outros
problemas – a história
da enfermidade,
indicando o médico que
respondia pelo caso. Em
seguida, relatou que a
filha estava tendo todo
o conforto necessário,
enfatizando a
generosidade de Nemésio
Torres, que não
calculava sacrifícios
para que lhe sobejasse
assistência. Sugeriu,
por fim, a ideia de
transferir Marina para
um sanatório em São
Paulo, onde estagiasse,
no tratamento devido,
por alguns meses.
Bastava que ele,
Cláudio, concordasse.
Nemésio, em sinal de
gratidão pelos serviços
prestados pela moça,
custearia todas as
despesas. Cláudio não
recusou a ajuda,
mormente agora que os
cuidados com Marita lhe
haviam esgotado as
reservas, mas
argumentou que não lhes
seria lícito abandonar a
filha conturbada, que
reclamava deles carinho,
dedicação. E, após
enfileirar judiciosos
apontamentos, que Márcia
recebia, contrafeita,
levantou para ela os
olhos súplices,
convidando-a a abraçar,
junto dele, uma
existência nova.
Falou-lhe então da
transformação que
experimentara nas
últimas semanas.
Declarou-se
espírita-cristão.
Sentia-se outro homem.
Aspirava, agora, à
bênção do lar, à
tranquilidade da
família. Comprometia-se
a adotar conduta reta,
ser-lhe-ia companheiro
leal. Não a
constrangeria a
aceitar-lhe as ideias;
mas desejava mostrar-lhe
quanto a amava... (2a
parte, cap. VIII, pp.
255 e 256)
(Continua no próximo
número.)