Crianças e nós
Muitos setores das
ciências psicológicas
asseveram que é
indispensável preservar
a criança contra a
mínima coação, a fim de
que venha a se
desenvolver sem traumas
que lhe prejudicariam o
futuro. Isso, no
entanto, não significa
que deva crescer sem
orientação.
Independência desregrada
gera violência, tanto
quanto violência gera
independência
desregrada. Releguemos
determinada obra
arquitetônica ao
descontrole e teremos
para breve a caricatura
do edifício que nos
propúnhamos construir.
Abandonemos a sementeira
a si própria e a
colheita se nos fará
desencanto.
Exigimos a instituição
de um mundo melhor.
Solicitamos a
concretização da
felicidade comum.
Sonhamos com o
levantamento da paz de
todos. Esperamos o reino
da fraternidade.
Como atingir, porém,
semelhantes conquistas
sem a criança no esquema
do trabalho a realizar?
Não mergulharás teu
filho nas ondas revoltas
da ira quando a
dificuldade sobrevenha,
e sim não te omitirás no
socorro preciso, sem
deixá-lo à feição de
barco desarvorado ao
sabor do vento.
Não erguerás contra ele
a palavra condenatória,
nos dias de desacerto, a
insuflar-lhe, talvez,
ódio e rebeldia nos
recessos da alma, e sim
procurarás sustentá-lo
com a frase compreensiva
e afetuosa que
desejarias ter recebido
em outro tempo, nas
horas da infância,
quando te identificavas
nas sombras da
indecisão.
Sabes conduzir a criança
ao concurso da escola, à
assistência do pediatra,
ao auxílio do costureiro
ou ao refazimento
espiritual nos
espetáculos recreativos.
Por isto mesmo não lhe
sonegues apoio ao
sentimento para que o
sentimento se lhe faça
correto.
Concordamos todos em que
a criança necessita de
amor para crescer
patenteando mente clara
e corpo sadio,
entretanto é impossível
efetuar o trabalho do
amor – realmente amor –
sem bases na educação.
Do cap. 7 do livro Na
Era do Espírito,
obra de autoria de Chico
Xavier, J. Herculano
Pires e Espíritos
diversos.