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Crônicas e Artigos

Ano 7 - N° 307 - 14 de Abril de 2013

JANE MARTINS VILELA
jane.m.v.imortal@gmail.com
Cambé, PR (Brasil)   

 
 


Clamores por socorro


Sementes de amor não se perdem. Ficam nos terrenos férteis dos corações até que possam germinar. Um dia elas explodem em luz e cores, alegria e paz.

Estivemos em Minas Gerais em janeiro. Há um médico lá que nós amamos. Já tivemos oportunidade de mencioná-lo nas páginas do nosso jornal, pelo exemplo de luta e coragem que revela, com um câncer de próstata, idoso, dores e trabalhando. Tem 82 anos atualmente. Continua trabalhando, sentindo uma grande misericórdia pelos sofrimentos humanos. Não tem religião, mas se as pessoas fossem caridosas como ele o Cristianismo já seria vencedor na Terra.

Fomos com ele à secretaria de saúde da cidade, tinha um encontro com o secretário lá. Enquanto aguardávamos, quem lá comparecia e o via, aproximava-se com um imenso carinho por ele, com grande respeito, cada um lembrando algo que ele fez como médico para eles. Foi emocionante ver aquele respeito e zelo. Um deles particularmente nos emocionou. Sabendo que ele está com câncer, um senhor muito simples, cerca de 45 anos de idade, aproximou-se e muito gentilmente perguntou: - Doutor, como está passando? Está bem de saúde? Ele respondeu tranquilo: - Estou sim. O outro levantou a voz, emocionado e disse: - O senhor fez muito, tem feito muito. Agora é sua vez de pedir. Peça a Deus a sua parte. Deus  vai te atender Doutor! Deus vai te ajudar!O que o senhor fez por mim, só Deus para pagar!

Vimos a imensa gratidão. Ser grato é uma virtude, Nem todos sabem ser gratos. E todos os que passavam por ele mostravam sua gratidão. As lágrimas vieram aos nossos olhos. Pensávamos: as pessoas estão bondosas, afinal. É bom vermos isso. Esse homem simples deu um exemplo de fé. Em outras palavras, era um chamamento à confiança em Deus.

Jesus nos diz: “Pedi e se vos dará; buscai e achareis; batei à porta e se vos abrirá; porque todo aquele que pede recebe, quem procura acha e se abrirá àquele que bater à porta”.

O que pedimos? Cura dos corpos? Mas eles são transitórios e mortais, são nossa indumentária humana, respondendo ao que nós neles provocamos. São reflexos de nossos sofrimentos, nossas mágoas, nossas tristezas, nossas culpas, nossos excessos. São as dores de nossas almas reveladas na nossa matéria orgânica. Quem pode dizer que não tem dor? Que é só alegria? Quem nunca sentiu saudade? A dor está em toda parte; e as doenças parecem estar intensas, campeando em todo lugar.

 Quando chegamos aqui, após um mês lá, deparamos com doenças acometendo amigos queridos, trabalhadores do bem. Horas de testemunho.

Pedir cura do corpo? Isso é o que temos feito sempre. Jesus era cercado pela multidão que tinha essa esperança: cura de corpos. Temos que lutar sim, para curar o corpo, pois a doença incomoda muito, incomoda muito mais aos que amam o doente.

Se não tiver fé para se manter, corre o risco, esse que ama, de adoecer pelo sofrimento que vê no ser amado; por isso, chorar nesse momento é uma bênção, pois alivia, descomprime a dor da alma aflita. Precisamos curar o corpo sim, mas precisamos nos perguntar por que adoecemos. Qual é a grande lição que esse sofrimento veio nos proporcionar? O que preciso aprender com ele? Humildade? Resignação? Paciência? Fé? Perdão? O que preciso aprender? Compaixão? Certeza da imortalidade da alma? Vencer os medos? Cada um que passa pela dor, faça essa pergunta interna.

Por certo, o médico que citamos, que é um exemplo para os médicos de sua cidade, não precisa aprender compaixão, já a tem. Disciplina também, já tem. Mesmo com 82 anos e sem precisar trabalhar, trabalha porque quer e não se atrasa nos compromissos. Pontualíssimo. Atende a todos. Levanta de manhã com dores pelo corpo e vai. O que ele precisa aprender? Fé? Ele saberá em seu cerne.

Cada um de nós, no nosso trabalho de melhorar o ser que somos, cristianizando nossas almas, deve buscar esse saber. Pedir a cura do corpo sim, lutar por ela, mas antes, seguir a orientação dada no Evangelho segundo o Espiritismo, no capítulo XXV, Buscai e Achareis., item 5.

“Sob o ponto de vista moral, aquelas palavras de Jesus significam: Pedi a luz que deve clarear o vosso caminho e ela vos será dada; pedi a força de resistir ao mal, e a tereis; pedi a assistência dos bons Espíritos, e eles virão vos acompanhar e, como o anjo de Tobias, vos servirão de guias; pedi bons conselhos, e não vos serão jamais recusados; batei à nossa porta e ela  vos será aberta, mas pedi sinceramente, com fé, fervor e confiança; apresentai-vos com humildade e não com arrogância; sem isso, sereis abandonados às vossas próprias forças, e as quedas que tereis serão a punição do vosso orgulho.”

 Que tenhamos a sabedoria e a humildade de melhorar com as dores que nos chegam e, para aqueles que clamam por socorro divino, diremos que jamais estão esquecidos, o amor os socorre incessantemente e a felicidade os aguarda. Tenham paciência, orem, fortaleçam a fé e confiem que tudo passa. As dores passam. Fica a maturidade que ela pode proporcionar, o crescimento moral, uma fortaleza interior, bravura da alma.

Tenhamos coragem e continuemos a semear amor aonde formos, porque as sementes hão de florescer. Como o médico que citamos, cercado de gratidão pelos que ajudou, estaremos cercados pela própria paz e pelos amigos espirituais que, por certo, estarão nos ajudando.

Lutemos em paz, por nossa paz. Tenhamos confiança em Deus, que vela por todos nós e sigamos sempre, sem medo. Vençamos os medos, tenhamos amor e fé.



 


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O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita