Clamores por socorro
Sementes de amor não se
perdem. Ficam nos
terrenos férteis dos
corações até que possam
germinar. Um dia elas
explodem em luz e cores,
alegria e paz.
Estivemos em Minas
Gerais em janeiro. Há um
médico lá que nós
amamos. Já tivemos
oportunidade de
mencioná-lo nas páginas
do nosso jornal, pelo
exemplo de luta e
coragem que revela, com
um câncer de próstata,
idoso, dores e
trabalhando. Tem 82 anos
atualmente. Continua
trabalhando, sentindo
uma grande misericórdia
pelos sofrimentos
humanos. Não tem
religião, mas se as
pessoas fossem caridosas
como ele o Cristianismo
já seria vencedor na
Terra.
Fomos com ele à
secretaria de saúde da
cidade, tinha um
encontro com o
secretário lá. Enquanto
aguardávamos, quem lá
comparecia e o via,
aproximava-se com um
imenso carinho por ele,
com grande respeito,
cada um lembrando algo
que ele fez como médico
para eles. Foi
emocionante ver aquele
respeito e zelo. Um
deles particularmente
nos emocionou. Sabendo
que ele está com câncer,
um senhor muito simples,
cerca de 45 anos de
idade, aproximou-se e
muito gentilmente
perguntou: - Doutor,
como está passando? Está
bem de saúde? Ele
respondeu tranquilo: -
Estou sim. O outro
levantou a voz,
emocionado e disse: - O
senhor fez muito, tem
feito muito. Agora é sua
vez de pedir. Peça a
Deus a sua parte. Deus
vai te atender Doutor!
Deus vai te ajudar!O que
o senhor fez por mim, só
Deus para pagar!
Vimos a imensa gratidão.
Ser grato é uma virtude,
Nem todos sabem ser
gratos. E todos os que
passavam por ele
mostravam sua gratidão.
As lágrimas vieram aos
nossos olhos.
Pensávamos: as pessoas
estão bondosas, afinal.
É bom vermos isso. Esse
homem simples deu um
exemplo de fé. Em outras
palavras, era um
chamamento à confiança
em Deus.
Jesus nos diz: “Pedi e
se vos dará; buscai e
achareis; batei à porta
e se vos abrirá; porque
todo aquele que pede
recebe, quem procura
acha e se abrirá àquele
que bater à porta”.
O que pedimos? Cura dos
corpos? Mas eles são
transitórios e mortais,
são nossa indumentária
humana, respondendo ao
que nós neles
provocamos. São reflexos
de nossos sofrimentos,
nossas mágoas, nossas
tristezas, nossas
culpas, nossos excessos.
São as dores de nossas
almas reveladas na nossa
matéria orgânica. Quem
pode dizer que não tem
dor? Que é só alegria?
Quem nunca sentiu
saudade? A dor está em
toda parte; e as doenças
parecem estar intensas,
campeando em todo lugar.
Quando chegamos aqui,
após um mês lá,
deparamos com doenças
acometendo amigos
queridos, trabalhadores
do bem. Horas de
testemunho.
Pedir cura do corpo?
Isso é o que temos feito
sempre. Jesus era
cercado pela multidão
que tinha essa
esperança: cura de
corpos. Temos que lutar
sim, para curar o corpo,
pois a doença incomoda
muito, incomoda muito
mais aos que amam o
doente.
Se não tiver fé para se
manter, corre o risco,
esse que ama, de adoecer
pelo sofrimento que vê
no ser amado; por isso,
chorar nesse momento é
uma bênção, pois alivia,
descomprime a dor da
alma aflita. Precisamos
curar o corpo sim, mas
precisamos nos perguntar
por que adoecemos. Qual
é a grande lição que
esse sofrimento veio nos
proporcionar? O que
preciso aprender com
ele? Humildade?
Resignação? Paciência?
Fé? Perdão? O que
preciso aprender?
Compaixão? Certeza da
imortalidade da alma?
Vencer os medos? Cada um
que passa pela dor, faça
essa pergunta interna.
Por certo, o médico que
citamos, que é um
exemplo para os médicos
de sua cidade, não
precisa aprender
compaixão, já a tem.
Disciplina também, já
tem. Mesmo com 82 anos e
sem precisar trabalhar,
trabalha porque quer e
não se atrasa nos
compromissos.
Pontualíssimo. Atende a
todos. Levanta de manhã
com dores pelo corpo e
vai. O que ele precisa
aprender? Fé? Ele saberá
em seu cerne.
Cada um de nós, no nosso
trabalho de melhorar o
ser que somos,
cristianizando nossas
almas, deve buscar esse
saber. Pedir a cura do
corpo sim, lutar por
ela, mas antes, seguir a
orientação dada no
Evangelho segundo o
Espiritismo, no capítulo
XXV, Buscai e Achareis.,
item 5.
“Sob o ponto de vista
moral, aquelas palavras
de Jesus significam:
Pedi a luz que deve
clarear o vosso caminho
e ela vos será dada;
pedi a força de resistir
ao mal, e a tereis; pedi
a assistência dos bons
Espíritos, e eles virão
vos acompanhar e, como o
anjo de Tobias, vos
servirão de guias; pedi
bons conselhos, e não
vos serão jamais
recusados; batei à nossa
porta e ela vos será
aberta, mas pedi
sinceramente, com fé,
fervor e confiança;
apresentai-vos com
humildade e não com
arrogância; sem isso,
sereis abandonados às
vossas próprias forças,
e as quedas que tereis
serão a punição do vosso
orgulho.”
Que tenhamos a
sabedoria e a humildade
de melhorar com as dores
que nos chegam e, para
aqueles que clamam por
socorro divino, diremos
que jamais estão
esquecidos, o amor os
socorre incessantemente
e a felicidade os
aguarda. Tenham
paciência, orem,
fortaleçam a fé e
confiem que tudo passa.
As dores passam. Fica a
maturidade que ela pode
proporcionar, o
crescimento moral, uma
fortaleza interior,
bravura da alma.
Tenhamos coragem e
continuemos a semear
amor aonde formos,
porque as sementes hão
de florescer. Como o
médico que citamos,
cercado de gratidão
pelos que ajudou,
estaremos cercados pela
própria paz e pelos
amigos espirituais que,
por certo, estarão nos
ajudando.
Lutemos em paz, por
nossa paz. Tenhamos
confiança em Deus, que
vela por todos nós e
sigamos sempre, sem
medo. Vençamos os medos,
tenhamos amor e fé.