César Burnier contou-me um
fato mediúnico acontecido
com ele e o Chico Xavier,
quando este ainda residia em
Pedro Leopoldo. Tudo se
passou durante o velório de
José Xavier, irmão do Chico.
Burnier me disse que estava
em Belo Horizonte quando
soube que o José Xavier
havia falecido em Pedro
Leopoldo, cidade bem
próxima. Pegou o carro e foi
para lá. A consternação era
geral. Havia muita gente,
espíritas conhecidos,
pessoas desconhecidas, mas
ele, como todos, ficou ali
na sala onde o corpo, já no
caixão, estava sendo velado.
Chico estava ao lado do
corpo. Burnier de capa de
chuva e com o chapéu na mão
permanecia próximo,
contrito, participando da
situação dolorosa da perda
de um amigo.
Lá pelas tantas, Burnier
começou a sentir um
mal-estar que o incomodava.
Parecia que seus músculos se
enrijeciam, sentia-se frio,
seus lábios pareciam
engrossar. Procurou então
afastar-se como pôde, de
costas, até que encontrou a
parede. Encostado nela, ele
pensou: – Meu Deus, parece
que estou morrendo. Estou
mal, muito mal. Ficarei aqui
encostado para não cair no
meio da sala...
Na sua nova posição, ficou
bem defronte ao Chico.
Inesperadamente, mesmo todo
enrijecido, quase
paralisado, seu braço, cuja
mão segurava o chapéu,
moveu-se e lançou o chapéu
no rosto do Chico. Acertou
em cheio.
– Oh! que é isso? – Gritaram
todos.
Começou um pequeno tumulto,
quando Chico interveio e
acalmou a todos, dizendo:
– Meu povo, amigos, não
fiquem assustados, eu
explico. Isso está muito
certo e foi para mim uma
confirmação da vida após a
morte. Há algum tempo eu
havia combinado com o José
que, para comprovar que
continuaríamos vivos depois
da morte, o primeiro que
morresse deveria
providenciar para que alguma
coisa fosse arremessada no
rosto do outro. Parece coisa
boba, não é? Mas combinamos
isso. E aqui, neste momento,
ele acaba de me dar essa
prova, essa confirmação,
pela mediunidade do nosso
caro César.
Burnier sentiu-se melhor e
entendeu tudo o que se
passou com ele. Ele foi
influenciado pelo espírito
do morto que estava ali, e,
como o espírito José Xavier
estava ainda com as
impressões dos instantes da
morte, foram captadas pelo
Burnier.
Pode-se considerar que tudo
ocorreu devido às poderosas
energias existentes naquele
ambiente de preces e de
serviços cristãos sinceros,
somadas à mediunidade
aprimorada dos irmãos. Houve
assim maior facilidade para
que o espírito pudesse
realizar o combinado.
(Fonte: Diário de um
espírita, de L. Palhano Jr.)
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