A FEB vive um
problema,
digamos, muito
complexo, pois
há obras
bastante
duvidosas e
muito divulgadas
no meio
espírita. Se de
um lado a FEB
apontar os
deslizes
doutrinários,
vão dizer que a
instituição vai
passar ideias do
Index Librorum Prohibitorum.
Até mesmo na
internet surgem
informações
afirmando que a
FEB fez essa
proibição, o que
não é verdade.
Então, o
procedimento que
adotamos é o
seguinte:
evitamos, como
instituição,
fazer críticas a
qualquer obra,
mas sugerimos a
leitura das boas
obras já
consagradas,
razão pela qual
estamos
difundindo cada
vez mais a
necessidade da
leitura das
obras de Kardec.
Recentemente,
foi aprovada a
inserção de uma
antiga campanha
da USE “Comece
pelo Começo”, ou
seja, comece
pelas obras de
Kardec. Nós
vamos
introduzi-la
também dentro da
FEB, junto a
vários cursos,
inclusive o ESDE.
Optamos por esse
caminho para
fazer a
divulgação da
Doutrina
Espírita.
Nos Estados mais
pobres da
Federação,
muitas casas
espíritas
refletem a
carência
material e estão
à margem dos
conteúdos
veiculados pela
internet. A
inclusão digital
apresenta-se
como meio
propício para
que os conteúdos
das obras
básicas, obras
complementares,
a par dos demais
conteúdos
veiculados pela
internet,
cheguem aos
irmãos
vinculados a
essas casas, com
evidentes
benefícios.
Compreende-se
que o
equacionamento
passa pelos
recursos
monetários para
a aquisição de
equipamentos
informáticos e
acesso à
internet, a par
do necessário
treinamento.
Como a FEB
poderia auxiliar
esses Centros
Espíritas nessa
direção?
Dentro da ideia
da inclusão
digital, a FEB
criou o curso à
distância. Já
mantemos há dois
anos dois cursos
à distância. Um
sobre
“Orientação e
funcionamento do
centro
espírita”, e o
outro sobre o
“Movimento
Espírita”. E
temos um
terceiro, que é
a preparação do
tutor para
ministrar um
curso, porque
não queremos um
curso
centralizado só
com a equipe da
FEB.
Presentemente,
com esses
cursos, usamos
tutores de
várias regiões
do país e que
somam esforços.
Este ano nós
vamos soltar
mais cursos pela
FEB. Essa é uma
vertente. Na
outra, que vai
depender de
equipamentos,
alguns
colaboradores do
trabalho
espírita podem
ajudar na
distribuição de
DVD’s contendo
vídeo-aulas, e
ainda a
modalidade de
conversa à
distância,
através de
vídeoconferência.
Recentemente,
estabelecemos um
diálogo muito
interessante:
daqui das
instalações da
FEB conversamos
com uma cidade
do interior do
Piauí. Um líder
espírita do
local teve a
iniciativa de
utilizar o
computador com
webcam e reunir
todos os
dirigentes
espíritas da
cidade e, em
torno de uma
mesa, eles
conversaram
comigo, trocaram
ideias e foi
muito
interessante.
Portanto, é uma
experiência que
está se
iniciando.
Sobre seus
ombros pesam
enormes
responsabilidades.
O irmão pretende
partilhar com a
comunidade
espírita, na
forma de
consultas,
audiências ou
outros canais de
comunicação, com
o intuito de
colher subsídios
para tratar de
matérias e temas
importantes para
o Movimento
Espírita, além,
obviamente, dos
canais e
mecanismos
formais já
existentes?
Sim, nós temos
ampliado esse
ideal. Começamos
a disponibilizar
certos assuntos
que eram
decididos, por
exemplo, só no
âmbito da
reunião do
Conselho
Federativo
Nacional. Hoje
mesmo colocamos
assuntos a
decidir pela
internet para
dirigentes de
várias regiões,
pedindo opinião
para analisar,
juntar e chegar
a uma visão
melhor e mais
participativa em
torno de um
assunto dentro
do Movimento
Espírita.
Estamos
inicialmente
ouvindo as 27
federações
estaduais, mas
nós queremos
aumentar esse
vínculo, da
seguinte forma:
antigamente, o
Conselho
Federativo
Nacional tinha
seis
coordenadores de
áreas. Nós
replicamos isso
nas regiões. Há
quatro regiões
do Brasil, e nós
montamos seis
comissões em
nível regional
para chegar mais
perto da base,
mais perto das
unidades, de uma
maneira que a
decisão de um
coordenador de
área não será
mais uma decisão
individual, pois
ele tem que
ouvir os
coordenadores
das outras
regiões do país.
Isso nós já
começamos a
implementar,
desde o final de
2012 ao início
deste ano, e
começamos também
a estimular uma
integração maior
com as entidades
especializadas.
Um dos eixos da
Doutrina é a
ciência. Como a
FEB está
tratando esta
questão junto à
Academia e a
outras fontes de
conhecimento da
atualidade?
Veja, a FEB, por
si só, sendo uma
organização
religiosa, e
mesmo tendo nos
seus quadros
pessoas com
formação
acadêmica, eu
entendo que não
seria o caso de
ela tomar
posições de
natureza
científica,
divergindo dos
seus objetivos.
Então qual é o
caminho? Estamos
fazendo
parcerias com
entidades
especializadas.
Com o crescente
surgimento
dessas entidades
especializadas
(Associação de
Magistrados
Espíritas,
Associação
Médico-Espírita
do Brasil,
Associação de
Psicólogos
Espíritas,
Cruzada dos
Militares
Espíritas etc.),
como deve se
posicionar a FEB,
considerando o
aspecto
restritivo e até
elitista dessas
entidades?
Aceitar,
entendendo que é
um fenômeno
passageiro, ou
incentivar,
acreditando que
se trata de um
evento positivo?
Nem a FEB e nem
o Conselho
Federativo
Nacional
estimulam a
formação de
entidades
especializadas.
No início, essas
instituições
estavam sendo
convidadas para
integrar o CFN,
porém, chegou-se
à conclusão de
que não era o
caminho
adequado, porque
temos 27 estados
e, de repente,
essas
instituições
podem aumentar
muito e
comprometeriam a
natureza e o
objetivo do CFN.
Mas começamos a
discutir o tema.
Há um projeto
para criação do
Conselho
Nacional de
Entidades
Especializadas,
com a finalidade
de tratar
determinados
temas que um
centro espírita
ou as
instituições
federativas não
teriam condições
para discutir. A
exemplo das
questões
jurídicas, que
interessam ao
Movimento
Espírita,
assuntos da área
médica, ou mesmo
na interface da
própria
psicologia.
Então seriam
tratadas nesse
nível, e
trazidas como
uma cooperação e
apoio ao
Movimento
Espírita. O que
nós estamos
pretendendo? De
certa forma,
viabilizar um
objetivo
conjunto a essas
instituições,
para elas
assessorarem no
que for
possível. Já
tivemos uma
experiência
interessante. O
problema da
descriminalização
do aborto no
Brasil, em que
houve um momento
extremamente
delicado no ano
de 2005. O que a
FEB fez?
Elaborou um
documento
doutrinário e
distribuiu para
todo o meio
espírita, a
título de
esclarecimento.
Todavia, não
podemos
apresentar esse
documento aos
Ministros do STF
ou do STJ, ou
aos
parlamentares.
Na época, houve
uma reunião com
a Associação
Brasileira dos
Magistrados
Espíritas e com
a Associação
Brasileira dos
Médicos
Espíritas e
ambas fizeram um
documento
cientifico – um
à luz da ciência
jurídica e outro
à luz da ciência
médica – e
apresentamos
esses
documentos. Os
apontamentos
foram bem
aceitos e eles
colaboraram para
que o aborto não
viesse a ser
aprovado naquele
momento no
Brasil. Então,
nós estamos
vivendo algumas
experiências
assim nessa
interface, sem
estimular
elitismos, que
jamais seria
nosso propósito,
e nem estimular
a criação de um
clã; entretanto,
aproveitar,
talvez em
conjunto com
espíritas que
têm determinada
formação para
trazer subsídios
ao Movimento
Espírita. É esse
o foco.
Diante da clara
divisão que
existe no
Movimento
Espírita, muitas
vezes
manifestada em
posturas
emocionalizadas
e radicais, como
a FEB deve
conduzir clara e
publicamente o
tema Roustaing?
Que iniciativas
faltam para
apaziguar
ânimos?
Nós já vivemos
momentos
bastante
delicados no
Movimento
Espírita, que eu
acompanhei muito
de perto.
Sobrevieram
momentos muito
complicados em
algumas gestões
Houve nessa
interconexão um
período em que o
presidente
Thiesen decidiu
junto com o CFN
que, conforme
estabelece o
Pacto Áureo, a
base dos
trabalhos
federativos é a
obra de Allan
Kardec, e isso
tem sido seguido
até hoje. Nessas
condições, fica
muito claro que
o CFN em termos
de movimento
nacional
trabalha com a
obra de Allan
Kardec. De modo
óbvio,
respeitamos
perfeitamente e
convivemos com
pessoas que
gostam e estudam
a obra de
Roustaing mas
não usamos isso
como ponto de
atrito ou
desunião;
procuramos
buscar hoje o
ponto de
convergência, e
esse eixo de
estabilização do
Movimento
Espírita é a
obra de Kardec.
As obras de
Roustaing
continuam sendo
republicadas?
A obra de
Roustaing consta
do catálogo da
FEB,e não há sua
divulgação, por
exemplo, nas
páginas da
Revista
Reformador e
essa foi uma
decisão adotada
em gestões
anteriores, mas
respeitamos
aqueles que
pensam ou que
adotam as obras
de Roustaing.
Numa sociedade
mercadológica/mercantil
em que eventos
espíritas pagos
em geral se
apresentam em
números cada vez
maiores, qual
deve ser a
postura da FEB?
Nós estamos
ultimamente
bastante
preocupados com
isso, inclusive
resolvemos
optar, por
exemplo, que o
4º Congresso
Espírita
Brasileiro não
seja realizado
em Brasília,
porque o custo
da realização de
um Congresso
Brasileiro em
Brasília é muito
alto.
Realizaremos
quatro
congressos
simultâneos, e
pela estimativa
que temos,
quatro eventos
terão um
dispêndio
financeiro
comparado a um
só realizado em
Brasília, então
a questão aí é
clara: temos que
pensar na
simplificação,
excluir qualquer
ostentação e
aplicar os
recursos ao
mínimo
necessário. Qual
o cenário atual?
Infelizmente,
ainda não temos
uma maneira
adequada de
angariar
recursos ou
forma de
investimento de
quem participa;
porém, o que
almejamos é
minimizar os
gastos. O
procedimento que
vamos adotar no
4º Congresso
Espírita
Brasileiro
seguirá os
moldes de uma
experiência
vivida em São
Paulo,
considerando os
atuais
congressos
espíritas
paulistas. O
inscrito, quando
paga a taxa de
participação,
está
simultaneamente
comprando um
“vale-livros.
Dessa forma, com
o valor do vale,
ele vai retirar
na livraria do
Congresso aquele
valor em livros.
Então, aí vai
ficar por conta
das editoras
trabalhar também
com um custo
baixo para que
as pessoas se
beneficiem com o
Congresso e com
a obra, levando
ainda um livro
ou mais de um
livro.
Com o advento
dos tablet`s,
PDA`s, leitores
digitais e o
grandioso espaço
que a internet
propicia –
vislumbrando um
futuro próximo
em que as novas
gerações
deixarão o papel
de lado, não
seria oportuno a
FEB estabelecer
um programa
permanente de
disponibilização
de novos livros
e obras
espíritas para
download, a
preços módicos,
em seu site,
instituindo
inclusive uma
nova fonte de
renda?
Começamos
agora, no
segundo semestre
de 2012, a
disponibilizar
para download
livre, na
internet, as
antigas
apostilas da FEB
e as obras da
Codificação. O
que está sendo
estudado pela
editora FEB hoje
é disponibilizar
para download,
por um preço
acessível e com
um selo de
garantia da FEB,
os demais
livros. O que
está ocorrendo?
Há uma
constatação de
que quase todos
os livros
espíritas que
estão
disponíveis na
internet para
downloads não
são autorizados.
Já verificamos
inclusive livros
da FEB
disponíveis para
download com
várias
incorreções. São
incompletos, com
parágrafos e
capítulos
suprimidos, ou
seja, a pessoa
que acessa essas
obras está
sujeita a ser
enganada; então
o único caminho
hoje, e não
adianta a gente
ficar brigando,
é
disponibilizá-los
para download
com o preço
acessível e com
o selo febiano
de garantia.
Temos obras
espíritas
incompletas e
antigas sem
revisão na rede
mundial e,
ainda,
considerando as
centenas de
sites que
liberam inúmeras
obras espíritas
para download
gratuito, a FEB
(respeitando a
lei de direitos
autorais), em
relação às suas
publicações, não
poderia
disponibilizar
os mesmo títulos
em seu site de
maneira segura?
Eu acho que esse
é o caminho do
futuro, porque
nós estamos
trabalhando
também com os
e-books. Já
começamos, é
tanto que a FEB
já tem alguns
disponíveis,
como também o
Conselho
Espírita
Internacional. E
em algum momento
eles estão
disponibilizados
no site Amazon,
quer dizer,
sediados nos
EUA, mas nós
estamos
trabalhando a
ideia de
aumentar isso e
disponibilizar
aqui no Brasil,
inclusive é um
fato bastante
interessante,
porque no caso
do Amazon, uma
pessoa adquire
um livro da FEB
e do CEI, na
Europa ou nos
EUA, pelo mesmo
preço do livro
que seria
editado aqui no
Brasil, pelo
mesmo preço.
Será que livros
gratuitos na
internet
gerariam impacto
financeiro, em
se tratando de
uma prática
comum
atualmente? Será
que os livros
virtuais não
dariam maior
visibilidade ao
portal da FEB,
ou seja, não
tornaria o site
uma robusta
ferramenta de
divulgação da
Nova Luz para o
mundo?
Considerando os
livros virtuais,
bem como as
assinaturas de
revistas – a FEB
já tem a
assinatura
digital do
Reformador,
então a pessoa
pode fazer a
opção entre
assinatura
digital e
assinatura
digital e
impressa. No
caso dos livros,
é o caminho do
futuro, e pelas
tendências que a
gente tem
escutado de
mercado, isso
não inviabiliza
a impressão.
Termos um livro,
por exemplo,
para ser lido ou
acessado em
algum momento
pelo tablet.
Fica às vezes
muito complicado
você ter esse
livro inteiro,
disponível o
tempo todo para
você, e fica
caro se você
fizer impressão
caseira. É muito
comum as pessoas
utilizarem o
recurso de
pesquisa do
livro digital
para consulta
rápida, mas ela
quer muitas
vezes saborear o
livro impresso
também, por isso
creio que é um
mercado novo no
Brasil (nos EUA
é muito
desenvolvido o
aspecto do livro
digital).
Entendo que a
vida virtual é o
presente e o
futuro, e que
nós temos que
passar por uma
transição.
(Continua na
próxima edição
desta revista.)