Jesus e a Samaritana
“Qualquer que beber
desta água tornará a ter
sede; mas aquele que
beber da água que eu lhe
der nunca terá sede...”
– Jesus (3)
Foi na cidade de Sicar,
na Samaria, que
aconteceu o inesquecível
diálogo de Jesus com a
mulher samaritana.
Registrado em o
Evangelho de João, esse
diálogo transformou-se
em uma das mais belas
lições legadas à
humanidade.
Estava Jesus cansado, e
assentou-se junto ao
poço de Jacó, quando uma
mulher aproximou-se,
para abastecer seu
cântaro.
“Dá-me de beber”,
Disse Jesus. Assim
procedeu, nem tanto pela
necessidade de saciar
sua sede material, mas,
sim, para ter
oportunidade de saciar a
sede que aquela mulher
tinha da água viva – a
verdade.
A mulher, surpreendida
com aquele pedido,
respondeu-lhe: “Como,
sendo tu judeu, me pedes
de beber a mim, que sou
mulher samaritana?
(porque os judeus não se
comunicam com os
samaritanos)”. (1)
Esta resposta retrata
muito bem a barreira
existente entre judeus e
samaritanos. Barreira
essa fruto do orgulho
que prevalecia em
detrimento do amor
registrado em os dez
mandamentos legados à
humanidade através de
Moisés.
Segundo o entendimento
da samaritana, um judeu
era simplesmente um
adversário, não
importava sua
necessidade; poderia até
morrer de sede; mas, o
que deveria prevalecer
era a tradição.
Até então, Jesus não
fora identificado como o
Cristo; seria necessário
criar uma situação
favorável. Para isso,
como educador incomum,
aplicou um recurso
indispensável, utilizado
até hoje pelos
experientes educadores –
despertou o interesse da
samaritana,
transformando-a em terra
fértil, para que a
semente da verdade
pudesse florescer: “Se
tu conheceras o dom de
Deus, e quem é que te
diz: ‘Dá-me de beber’,
tu lhe pedirias e ele
lhe daria água viva”.
(2)
A lição é bela e
profunda; e teria
provavelmente um efeito
positivo em outro aluno;
mas não foi suficiente
para a mulher, que
certamente trazia os
sentidos entorpecidos
pelos interesses
materiais. Ela pensava
apenas na água do poço
para saciar a sede
material, embora sua
sede maior fosse a
espiritual.
O comportamento da
samaritana retrata
perfeitamente o aluno
negligente que,
preocupado apenas com o
lazer ou outras
necessidades imediatas,
despreza a lição que lhe
proporcionaria
conhecimento e segurança
para o futuro.
Apesar dessa
característica em alguns
alunos, o educador
experiente não desiste;
porque sabe muito bem
que para se obter êxito
no processo educativo é
preciso persistência.
Jesus pacientemente
persistiu: “Qualquer que
beber desta água tornará
a ter sede; mas aquele
que beber da água que eu
lhe der nunca terá sede,
porque a água que eu lhe
der se fará nele uma
fonte de água que salte
para a vida eterna”. (3)
A samaritana, ainda sem
entender, disse-lhe:
“Senhor, dá-me dessa
água, para que não mais
tenha sede, e não venha
aqui tirá-la”. (4)
Provavelmente o leitor
estará pensando: que
mulher de mente obtusa!
Mas não há por que nos
admirarmos da
dificuldade da mulher
samaritana para
apreender tão profundas
e belas lições. A
atitude da samaritana é
a mesma da maioria que
constitui a humanidade,
quando convidada a optar
entre os bens
transitórios da Terra e
os bens permanentes da
espiritualidade.
O interesse pela porta
larga das facilidades é
uma característica
humana, e a samaritana
refletia isso muito bem,
desejando até mesmo
saciar a sede sem pelo
menos ir ao poço colher
a água.
Antes de qualquer
julgamento sem uma
prévia avaliação do
estágio evolutivo que a
samaritana alcançara e
da influência cultural,
façamos uma reflexão:
Quantas pessoas leem
obras maravilhosas, se
deliciam com as
mensagens e reconhecem
sua importância, no
entanto, não assumem o
compromisso da
transformação interior
incentivada por essas
obras; esperam soluções
prontas, vindas
diretamente de Deus ou
do plano espiritual!
Semelhantes à
samaritana, desejam
matar a sede sem o
esforço de caminhar até
o poço. Por isso, o
Mestre Divino,
identificando essa
característica na sua
interlocutora, como bom
pescador de almas,
ofereceu a isca
apropriada para
despertar-lhe o
interesse; provocou-a,
de forma que ela o
identificasse como o
Cristo: “Vai, chama o
teu marido, e vem cá. A
mulher respondeu e
disse: Não tenho marido.
Disse-lhe Jesus:
Disseste bem: Não tenho
marido; porque tiveste
cinco maridos, e o que
agora tens não é teu
marido; isso disseste
com verdade”. (5)
Somente depois dessa
revelação a mulher
compreendeu que Jesus
era um profeta. Esta foi
uma revelação de impacto
para ela, que associava
a condição de profeta à
arte de adivinhação.
Tanto assim que seu
interesse não foi em
relação às maravilhosas
lições transmitidas pelo
Mestre, mas pela
revelação sobre a sua
vida, como veremos a
seguir:
”Deixou pois a mulher o
seu cântaro, e foi à
cidade, e disse àqueles
homens: Vinde, vede um
homem que me disse tudo
quanto tenho feito.
Porventura não é este o
Cristo?” (6)
Há mais de 2.000 anos,
aconteceu esse
maravilhoso diálogo; no
entanto, a humanidade
ainda continua sedenta,
porque vive na ilusão de
saciar sua sede como a
samaritana, tomando da
água do poço de Jacó,
quando sua sede real é a
da verdade que liberta.
Por isso, paciente e
generoso, Jesus
enfatizou não apenas
para a samaritana e para
aquele momento, mas para
toda a humanidade em
todos os tempos:
“Qualquer que beber
desta água tornará a ter
sede; mas aquele que
beber da água que eu lhe
der nunca terá sede,
porque a água que eu lhe
der se fará nele uma
fonte de água que salte
para a vida eterna”.
Referências:
1 – (João 4; 9)
2 –
(João 4; 10).
3 -
João 4: 13-14
4 -
(João 4:15)
5 -
(João 4 16-18)
6 -
(João 4 28-29)