Outrora, ser papa era
uma satisfação, hoje,
pode ser uma aflição!
No passado, ser papa era
bem mais fácil do que
hoje. Isso porque as
pessoas tinham um nível
cultural baixo. E me
arrisco a dizer que
elas, em geral, até
deveriam ser pouco
inteligentes em relação
às de hoje,
considerando-se os
fatores de evolução e
tempo.
A função de papa surgiu
aos poucos. No princípio
do Cristianismo, havia 5
dioceses: Jerusalém,
Antioquia, Alexandria,
Constantinopla e Roma. O
bispo de Roma tornou-se
mais importante do que
os outros, pois era da
capital, vivendo próximo
do imperador e da corte.
Sua opinião tinha peso
maior do que a dos
outros bispos. Santo
Agostinho, por exemplo,
um dos criadores da
Teologia Cristã,
principalmente a da
Santíssima Trindade,
procurava desenvolver
suas ideias
filosófico-teológicas em
consonância com as do
bispo romano,
contribuindo assim muito
para com o seu poder e o
seu prestígio. Com o
tempo, o bispo romano
acabou sendo chamado de
Papa (pai) dos cristãos,
ou seja, o maior líder e
chefe da cristandade.
Mais tarde, ganhou o
título de Vigário de
Cristo na Terra. Existe
uma tradição, que
respeito, a qual ensina
que São Pedro foi o
primeiro papa, pois que
teria sido o primeiro
bispo de Roma. Mas
suspeita-se de que ela
foi criada para
engrandecer o papa como
sendo sucessor do grande
apóstolo São Pedro, que
foi martirizado em Roma
aonde chegou com São
Paulo e foi preso no ano
de 67. Pela Bíblia
(Livro de Atos e a Carta
de São Paulo aos
Romanos), percebe-se que
Pedro nem sequer morou
em Roma.
O Vaticano é um Estado.
Mas é também a sede da
Igreja. Como Estado, ele
tem seus segredos de
Estado e, por extensão,
a Igreja também tem os
seus. Por serem ambos
relacionados com uma
religião, esses segredos
têm também um caráter
doutrinário. Isso é mais
provável,
principalmente, porque a
Igreja tem suas
doutrinas polêmicas. E
ela acompanha a sua
situação de crescimento
e de decrescimento no
mundo. Ademais, ela já
está reconhecendo, por
meio de pronunciamentos
de várias de suas
autoridades
eclesiásticas, que ela
tem que se adaptar às
grandes transformações
do mundo atual.
Bento XVI, embora, às
vezes, se comporte de
modo diferente, é um
grande teólogo
conservador. Ouso, pois,
dizer que, além das
razões apresentadas por
ele para a sua renúncia,
deve haver outras que
ele tem todo o direito
de conservá-las como
segredo de Estado e da
Igreja. E elas, por
certo, devem envolver
mudanças de questões
doutrinárias sérias que
estão provocando a
imigração de católicos
para outras religiões,
colocando em declínio a
chamada Barca de Pedro,
e o pior, transformando
também muitos católicos
em pessoas sem religião,
quando não,
materialistas.
O fim do papado de Bento
XVI, de qualquer jeito,
está sendo menos triste
com sua renúncia do que
seria se fosse com sua
morte! E ela pode ser
devida também ao fato de
que ele quis, ou não
quis, tomar alguma
importante decisão de
caráter doutrinário e
que, por pressão de
outras autoridades
importantes da Igreja,
de dentro ou de fora do
Vaticano, ele, então,
preferiu essa renúncia,
já que hoje não é mesmo
mais tão fácil ser Papa
como outrora o foi!