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Crônicas e Artigos

Ano 7 - N° 311 - 12 de Maio de 2013

JOSÉ REIS CHAVES
jreischaves@gmail.com
Belo Horizonte, MG (Brasil)
      

 
 


Outrora, ser papa era uma satisfação, hoje, pode ser uma aflição!

 
No passado, ser papa era bem mais fácil do que hoje. Isso porque as pessoas tinham um nível cultural baixo. E me arrisco a dizer que elas, em geral, até deveriam ser pouco inteligentes em relação às de hoje, considerando-se os fatores de evolução e tempo.

A função de papa surgiu aos poucos. No princípio do Cristianismo, havia 5 dioceses: Jerusalém, Antioquia, Alexandria, Constantinopla e Roma. O bispo de Roma tornou-se mais importante do que os outros, pois era da capital, vivendo próximo do imperador e da corte. Sua opinião tinha peso maior do que a dos outros bispos. Santo Agostinho, por exemplo, um dos criadores da Teologia Cristã, principalmente a da Santíssima Trindade, procurava desenvolver suas ideias filosófico-teológicas em consonância com as do bispo romano, contribuindo assim muito para com o seu poder e o seu prestígio. Com o tempo, o bispo romano acabou sendo chamado de Papa (pai) dos cristãos, ou seja, o maior líder e chefe da cristandade. Mais tarde, ganhou o título de Vigário de Cristo na Terra. Existe uma tradição, que respeito, a qual ensina que São Pedro foi o primeiro papa, pois que teria sido o primeiro bispo de Roma. Mas suspeita-se de que ela foi criada para engrandecer o papa como sendo sucessor do grande apóstolo São Pedro, que foi martirizado em Roma aonde chegou com São Paulo e foi preso no ano de 67. Pela Bíblia (Livro de Atos e a Carta de São Paulo aos Romanos), percebe-se que Pedro nem sequer morou em Roma.

O Vaticano é um Estado. Mas é também a sede da Igreja. Como Estado, ele tem seus segredos de Estado e, por extensão, a Igreja também tem os seus. Por serem ambos relacionados com uma religião, esses segredos têm também um caráter doutrinário. Isso é mais provável, principalmente, porque a Igreja tem suas doutrinas polêmicas. E ela acompanha a sua situação de crescimento e de decrescimento no mundo. Ademais, ela já está reconhecendo, por meio de pronunciamentos de várias de suas autoridades eclesiásticas, que ela tem que se adaptar às grandes transformações do mundo atual.

Bento XVI, embora, às vezes, se comporte de modo diferente, é um grande teólogo conservador. Ouso, pois, dizer que, além das razões apresentadas por ele para a sua renúncia, deve haver outras que ele tem todo o direito de conservá-las como segredo de Estado e da Igreja. E elas, por certo, devem envolver mudanças de questões doutrinárias sérias que estão provocando a imigração de católicos para outras religiões, colocando em declínio a chamada Barca de Pedro, e o pior, transformando também muitos católicos em pessoas sem religião, quando não, materialistas.

O fim do papado de Bento XVI, de qualquer jeito, está sendo menos triste com sua renúncia do que seria se fosse com sua morte! E ela pode ser devida também ao fato de que ele quis, ou não quis, tomar alguma importante decisão de caráter doutrinário e que, por pressão de outras autoridades importantes da Igreja, de dentro ou de fora do Vaticano, ele, então, preferiu essa renúncia, já que hoje não é mesmo mais tão fácil ser Papa como outrora o foi!  

  

 


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