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Clássicos do Espiritismo
Ano 7 - N° 312 - 19 de Maio de 2013
ANGÉLICA REIS
a_reis_imortal@yahoo.com.br
Londrina, Paraná (Brasil)
 


A Personalidade Humana

Fredrich Myers

(Parte 37)
 

Damos sequência ao estudo metódico e sequencial do livro A Personalidade Humana, de Fredrich W. H. Myers, cujo título no original inglês é Human Personality and Its Survival of Bodily Death. 

Questões preliminares 

A. A explicação dada por Faraday relativamente aos movimentos das mesas giratórias resolve todos os casos observados?

Não. Segundo Faraday, os movimentos das mesas giratórias seriam o resultado de uma soma de diversos movimentos inconscientes. A explicação, correta para os casos mais simples, deixa em aberto a questão mais difícil, concernente à origem dessas mensagens inteligíveis transmitidas pelos movimentos diversificados e repetidos de objetos facilmente movíveis. (A Personalidade Humana, capítulo VIII – O automatismo motor.)

B. Existem percepções causadoras de inibição motora que têm natureza telestésica, mais parecidas com a intervenção de um anjo da guarda?

Sim. Parece ser esse o caso do Dr. Parsons, que, no momento de entrar num dos cômodos de sua casa, sentiu uma sensação de estupor que o deixou estático no lugar, obrigando-o, em seguida, a virar-se. Nem bem dera alguns passos para afastar-se da porta que dava àquele cômodo, quando ouviu um disparo e uma bala que entrou nesse cômodo pela janela que dava para a rua; soube, mais tarde, que a bala fora disparada por um indivíduo que se acreditava, há muito, ter ressentimentos contra Parsons, mas que este não acreditava ser capaz de semelhante ato. (Obra citada. Capítulo VIII – O automatismo motor.)

C. Outras percepções podem levar o indivíduo a adotar um impulso motor?

Sim. Há um grupo de casos caracterizados por impulso motor maciço, completamente independente de um elemento sensorial qualquer. Exemplo disso é o caso de Thomas Garrison, que, assistindo com sua mulher a um ofício religioso, levantou-se, de repente, durante o sermão, saiu do templo e, como que impulsionado irresistivelmente, percorreu dezoito milhas a pé para ver sua mãe, e ao chegar encontrou-a morta. Ora, sua mãe era relativamente jovem (58 anos) e não revelava nenhum indício que permitisse suspeitar sua morte iminente. (Obra citada. Capítulo VIII – O automatismo motor.)

Texto para leitura 

899. A explicação bastante conhecida de Faraday, segundo a qual os movimentos das mesas giratórias seriam o resultado de uma soma de diversos movimentos inconscientes, correta para os casos mais simples, deixa em aberto a questão mais difícil concernente à origem dessas mensagens inteligíveis transmitidas pelos movimentos diversificados e repetidos de objetos facilmente movíveis.

900. Quando dizemos que os movimentos possuem a forma da palavra desejada e aguardada, só levamos em consideração a minoria dos casos, porque com maior frequência, as respostas que as mesas propiciam são muito caprichosas e nunca relacionadas com o que delas se espera. A explicação mais verossímil, a meu ver, é a que admite que essas respostas são ditadas não pelo eu consciente, antes pela região profunda e oculta onde se elaboram os sonhos fragmentados e incoerentes.

901. Mas os movimentos das mesas constituem, numa determinada medida, a forma mais simples, a menos diferenciada, da resposta motriz. São simplesmente um gênero de gesto, ainda que o gesto implique o conhecimento do alfabeto, e como o gesto, o movimento de resposta é suscetível de desenvolver-se em duas direções: o desenho automático e a palavra. Ocupamo-nos já, em parte, do primeiro, no capítulo III, e no capítulo IX trataremos, em especial, da palavra automática. Neste ponto, indicaremos brevemente o lugar que ocupa cada uma dessas formas de movimento, relacionada a outras manifestações análogas de automatismo.

902. Alguns leitores viram, sem dúvida, esses desenhos, às vezes em cores, cujos autores afirmam tê-los desenhado sem qualquer plano, sem ter consciência do que sua mão realizava. Essa afirmação podia ser perfeitamente válida e as pessoas que a formulavam totalmente sãs.

903. Os desenhos feitos dessa forma estão de acordo com o que a opinião formulada nos autoriza a esperar; porque apresentam uma mistura de arabescos e ideografias, isto é, parecem-se, em parte, a essas formas de ornamentação que traça a mão do artista quando rabisca o papel sem um plano definido e, por outro lado, lembram as primeiras tentativas de expressão simbólica que se observam entre os selvagens que, todavia, não possuem o alfabeto. Como a escrita do selvagem, apresentam mudanças insensíveis do simbolismo pictórico direto, a uma ideografia abreviada.

904. Antes de abordar o estudo da escrita automática propriamente dita, seria interessante ilustrar com alguns exemplos essa influência que exerce o eu subliminar sobre o organismo inteiro que consideramos como o principal fator das manifestações automáticas. Os exemplos mais notáveis e conhecidos são os de Sócrates e Joana d’Arc: o demônio do primeiro atuava principalmente no sentido da inibição, enquanto que na segunda as vozes que dizia ouvir determinavam um impulso a trabalhar de acordo com as ordens que formulavam.

905. Tanto num caso como noutro, tratava-se, em última análise, de manifestações motrizes automáticas, ainda que à primeira vista o elemento sensorial, consistente em alucinações auditivas, parece desempenhar o principal papel. Na maioria dos outros casos desse gênero, o elemento motor e o elemento sensorial se encontram reunidos de um modo deveras íntimo e sua separação é frequentemente muito difícil, se não de todo impossível.

906. Seja lá como for, a inibição, que consiste na separação brusca da ação ou numa incapacidade repentina de agir, constitui a forma mais simples e rudimentar de automatismo motor; constitui o caminho natural pelo qual uma impressão forte, mas obscura, se manifesta ao exterior. Assim, por exemplo, a impressão de alarme sugerida por algum som ou algum cheiro percebidos só pelo eu subliminar; o automatismo motor se apresenta então como determinado por uma lembrança subliminar, por um estado de hiperestesia subliminar.

907. Uma ação realizada de maneira vacilante e incerta, por motivo de certas objeções que despertara em outros tempos e que desapareceram totalmente da memória supraliminar: os empregados de estrada de ferro que, bruscamente, freiam um trem, porque foram avisados por alguma coisa que desconhecem, e que nada mais, talvez, que a percepção subliminar de um som ou de um cheiro, que outro trem se dirige a toda velocidade em sentido contrário e que a catástrofe é inevitável; as pessoas que evitam os obstáculos e os perigos em meio à escuridão, graças, talvez, à percepção subliminar de uma diferença na pressão atmosférica, na resistência do ar, percepção que, em alguns casos, pode atingir um elevado grau de acuidade; estas são as principais formas de inibição motora, determinada pela lembrança subliminar ou a hiperestesia subliminar.

908. Paralelamente a essas formas, existem outras em que é impossível descobrir a menor sensação hiperestésica, e onde o aviso recebido pelo sujeito é de natureza telestésica, como se fosse devido à intervenção de um verdadeiro anjo da guarda. Este é o caso do Dr. Parsons, que, no momento de entrar num dos cômodos de sua casa, sentiu uma sensação de estupor que o deixou estático no lugar, obrigando-o, em seguida, a virar-se; nem bem dera alguns passos para afastar-se da porta que dava àquele cômodo, quando ouviu um disparo e uma bala que entrou nesse cômodo pela janela que dava para a rua; soube, mais tarde, que a bala fora disparada por um indivíduo que se acreditava, há muito, ter ressentimentos contra Parsons, mas que este não acreditava ser capaz de semelhante ato (Proceedings of the S. P. R., XI, pág. 459).

909. Paralelamente a esse caso de inibição motora, de natureza talvez telestésica, temos um grupo de casos caracterizados por impulso motor maciço, completamente independente de um elemento sensorial qualquer. Mencionaremos, sucintamente, entre numerosos, o caso de Thomas Garrison, que, assistindo com sua mulher a um ofício religioso, levanta-se, de repente, durante o sermão, sai do templo e, como que impulsionado irresistivelmente, percorre dezoito milhas a pé para ver sua mãe, e ao chegar encontra-a morta. Ora, sua mãe era relativamente jovem (58 anos) e não só não possuía qualquer indício que permitisse suspeitar sua morte iminente, como também sequer sabia estar doente (Journal of the S. P. R., VIII, pág. 125).

910. Essa sensibilidade particular do elemento motor de um impulso lembra as especiais suscetibilidades às diversas formas de alucinações ou de sugestões manifestadas por diferentes indivíduos hipnotizados. Podem alguns ser capazes de ver, outros de ouvir, outros ainda de trabalhar de acordo com os conceitos que se lhes sugerir.

911. O Dr. Berillon demonstrou que determinados indivíduos que, à primeira vista, pareciam totalmente refratários ao hipnotismo, não eram capazes de obedecer, durante a vigília, a uma sugestão motora. Exemplo disso são os casos de um homem robusto, de homens e mulheres débeis e de um homem portador de ataxia locomotora. Dessa forma, a volição do controle supraliminar sobre certas combinações musculares não exclui a sugestibilidade motora, com relação a essas combinações; da mesma forma que a volição da sensibilidade supraliminar numa camada de anestesia não exclui a sensibilidade subliminar ao nível da mesma camada.

912. Por outro lado, um controle supraliminar, especialmente bem desenvolvido, favorece a sugestibilidade motora; por exemplo, os indivíduos que sabem cantar obedecem com maior facilidade às sugestões relacionadas ao canto. Portanto, devemos esperar novas observações antes de poder dizer antecipadamente se, no caso de um sujeito determinado, a mensagem afetará a forma motora ou a forma sensorial. E menos ainda podemos explicar a predisposição especial desse indivíduo a uma ou várias dessas formas comuns de automatismo motor: palavra automática, escrita automática, movimentos de mesas, etc.

913. Essas formas de mensagens podem apresentar as mais diversas combinações; e o conteúdo de qualquer dessas mensagens pode ser fantástico ou caprichoso, ou verídico de alguma forma.

914. Vamos enumerar as diferentes formas de mensagens motoras subliminares, de conformidade, o mais possível, com sua crescente especialização:

1)      Temos, primeiramente, os impulsos motores maciços (o caso de Garrison) intermediários das afecções cinestésicas e dos impulsos motores propriamente ditos. Nos casos deste gênero não existe um impulso especial para o movimento de um membro, senão o de atingir um certo lugar pelos meios comuns.

2)      Vêm, a seguir, por ordem de especialização, os impulsos musculares subliminares simples, que originam os movimentos de mesas e os fenômenos semelhantes.

3)      Pode-se citar, em terceiro lugar, a execução musical iniciada subliminarmente; os casos desta categoria apresentam uma dificuldade especial, pois o umbral da consciência dos intérpretes musicais é muito vago e indefinido (“Na dúvida, deve-se tocar com os dedos, não com a cabeça”).

4)      O quarto grupo está formado pelos casos de desenho e pintura automáticos. Este curioso grupo de mensagens raras vezes possui um conteúdo telepático e se aproxima mais dos casos de gênio e outras formas não telepáticas de capacidade subliminar.

5)      A escrita automática, à qual dedicaremos o restante deste capítulo, constitui o quinto grupo.

6)      A palavra automática que não apresenta em si uma forma mais desenvolvida de mensagem motora que a escrita automática, e frequentemente acompanhada de modificações profundas da memória ou da personalidade, que se aproximam à “inspiração” e à “possessão”, que significam, apesar da diferença de seu sentido teológico, o mesmo do ponto de vista da psicologia experimental.

7)      Posso encerrar esta enumeração com o grupo de fenômenos motores que só mencionarei de passagem, sem almejar explicá-los: trata-se destes movimentos telecinésicos cuja existência real está, ainda, sujeita a discussões. 

915. Comparando essa lista das manifestações automáticas motoras com a das manifestações automáticas sensoriais que apresentei no capítulo VI, encontraremos na base de cada uma delas uma certa tendência geral.

916. Os automatismos sensoriais se iniciam por sensações vagas, não especializadas, que a seguir se tornam mais definidas e se especializam segundo a ordem dos sentidos conhecidos, para, finalmente, superar as formas de especialização comuns e abranger num ato de percepção, na aparência não analisável, uma verdade mais ampla do que todas as que nossas formas especializadas de percepção são capazes de nos proporcionar.

917. As mensagens motoras mais elementares apresentam, por sua vez, um caráter dos mais vagos; igualmente, nascem das modificações do estado orgânico geral do sujeito ou cinestésico, e os primeiros impulsos telepáticos vagos, vacilam aparentemente entre diversas formas de expressão. A seguir, atravessam uma fase de especialização definida, para terminar, como na escrita automática, num ato de percepção não analisável, no qual desapareceu todo elemento motor.

918. Abordaremos agora o estudo da escrita automática. Com suas experiências sobre a escrita, obtidas durante as diferentes fases do sono hipnótico, Gurney iniciou esta larga série de investigações que, realizadas independentemente na França pelo Dr. Pierre Janet, adquiriram, a seguir, enorme importância psicológica e médica.

919. O interesse principal consiste no fato indiscutível da possibilidade de criar artificialmente novas personalidades temporais que escrevem coisas totalmente estranhas ao caráter da personalidade primitiva e que esta jamais conhecera. Note-se, além disto, que essas personalidades artificiais prendem-se obstinadamente a seus nomes fictícios e negam-se a reconhecer que só constituem aspectos e porções do sujeito tomado em seu todo.

920. Deve-se recordar este fato quando a pretensão insistente de alguma identidade espiritual, por exemplo, como Napoleão, oferece-se como argumento para atribuir uma série de mensagens a esta fonte especial. O estudo desses automatismos autossugestionados é rico em ensinamentos interessantes e as discussões que encerram meus capítulos anteriores se relacionam com um vasto número de pontos que deveriam ser familiares a todos os que almejam compreender os fenômenos motores mais avançados e difíceis.

921. Para que o estudo desses casos avançados dê resultados concludentes, devemos nos esforçar, sem cessar, em aumentar seu número, em enriquecer nossas coleções. Animado pelos escritos de Moses, investiguei durante 25 anos os casos desse gênero e creio encontrar-me, atualmente, de posse de 50 observações pessoais de escrita automática idiognomônica. Ainda que a maior parte dessas observações não tragam grande interesse e sejam pouco prováveis, porém, me parecem suficientes para reconhecer que os efeitos observados nas pessoas sadias se prestam a conclusões mais adequadas que as inferidas através da observação dos doentes, ou as que tantos autores formulam de orelhada.

922. Em dois casos, o costume da escrita automática, desenvolvida não obstante minha proibição, por pessoas sobre as quais não possuía qualquer influência, demonstrou que, até certo ponto, inspirava aos sujeitos a convicção obstinada de que as bobagens que escreviam eram tão verídicas como importantes. Em outros casos não ocorreu nada semelhante e não só os sujeitos referidos não apresentavam qualquer enfermidade nem perturbação que se pudesse considerar como a causa do automatismo, senão que diversos deles apresentavam uma saúde física e intelectual acima da média. (Continua no próximo número.) 



 


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 Revista Semanal de Divulgação Espírita