O bem existe
“A ação do Bem é sempre
discreta e contínua, com
metas bem definidas. Não
se deixa entorpecer,
quando não compreendida,
nem estaciona diante dos
obstáculos. Porque não
almeja promoções
pessoais nem apoia
individualismos, sempre
se renova sem fugir às
bases, perseverando
tempo afora.” – Joanna
de Ângelis.
Estamos tão invadidos
pelo pessimismo das
notícias divulgadas
pelos vários setores da
imprensa de todo o
mundo, que ficamos com a
sensação de que o mal
tomou conta
definitivamente dos
homens e do planeta em
que vivemos. Crimes
hediondos, impunidade,
abandono de
recém-nascidos, morte
dos pais pelos próprios
filhos, fome como
instrumento da morte,
injustiça social de toda
a sorte despejam em
nosso interior, com a
nossa autorização, o
pessimismo que nos leva
ao desequilíbrio,
sorrateiramente. Mas,
felizmente, o Bem existe
em toda a parte do
mundo. Não merece a
divulgação porque não
gera audiência e, por
consequência, não
proporciona dinheiro.
Vamos divulgar uma
história empolgante de
um homem – Scott Neeson
– que deixou a fama, o
dinheiro e a celebridade
do cinema para cuidar de
crianças paupérrimas em
Phnom Penh, no Camboja.
O relato foi publicado
na revista Seleções
READER´S DIGEST, de
abril de 2013, de
autoria de Robert Kiener,
páginas 110 a 119.
Scott Neeson, em 2003,
ganhava um salário de um
milhão de dólares por
ano como principal
vice-presidente
executivo de marketing
da Sony Pictures. Antes
passara pela 20th
Century Fox, onde
supervisionara o
lançamento de Coração
valente, Titanic, Star
Wars e X-Men.
Apelidado de Sr.
Hollywood pela mídia,
trabalhava e se divertia
com Mel Gibson, Tom
Cruise e Harrison Ford.
Morava em uma mansão em
Beverly Hills, possuía
um iate de 12 metros e
andava num Porsche 911.
Nesse mesmo ano Neeson
resolveu pegar um avião
e partiu por cinco
semanas de mochila e
motocicleta para a Ásia.
Em Phnom Penh, pretendia
passar apenas alguns
dias antes de se deparar
com seres humanos que
viviam como ratos em
depósito de lixo daquela
cidade. O depósito de
lixo de Steung Meanchey
era o lar dos mais
pobres do país. Nesse
local Neeson viu uma
criança miúda tão
coberta de sujeira que
não dava para saber se
era menino ou menina. Ao
partir de Phnom Penh,
Neeson olhou pela janela
do seu jato particular
enquanto pensava como
tinha tanto e aqueles
seres humanos
confundidos com lixo não
tinham praticamente
nada! Retornou ao local
depois de dizer adeus a
Hollywood, ao Porsche,
ao iate, à mansão e ao
altíssimo salário. Ali
fundou o Cambodian
Children´s Fund (CFC)
com mais de cem mil
dólares do próprio
bolso. A princípio
planejava alimentar e
educar 45 crianças. No
final do primeiro ano,
trabalhava com quase
cem. Um ano depois, eram
200. Atualmente dá
moradia, alimentação,
roupas, assistência
médica, educação e
treinamento vocacional a
mais de 1.200 crianças e
emprega 445
funcionários. As
crianças frequentam a
escola pública e
complementam a educação
com escolas do próprio
CFC, onde aprendem
inglês e informática. A
instituição também tem
uma creche para os
pequenos e escolinha
para cerca de 200
crianças com histórico
de agressão e abandono.
O lixão foi oficialmente
fechado.
Como, então, o Bem não
existe? Esse homem, sem
ser espírita, talvez
sendo espiritualista ou
materialista, sentiu-se
tocado pelo sofrimento
alheio e optou por estar
ao lado desses seres
humanos que viviam
confundidos com o
próprio lixo da cidade.
Só que, notícias dessa
natureza não dão a
sintonia suficiente para
atrair interessados que
gerem lucros. Enquanto
um acidente de trânsito
ou um crime fixam diante
da notícia milhares de
pessoas, uma notícia
como essa que envolveu
Scott Neeson com
crianças abandonadas não
despertam interesse.
Diante de um exemplo
gigantesco desse na
prática do bem, as
atenções passam céleres,
talvez se sentindo
incomodadas pela própria
consciência de nada
fazer pelo outro em
necessidade imensa.
Ensina Joanna de Ângelis
que o Bem pode ser
personificado no amor,
enquanto o mal pode ser
apresentado como lhe
sendo a ausência. Tudo
aquilo que promove e
eleva o ser,
aumentando-lhe a
capacidade de viver em
harmonia com a vida,
prolongá-la, torná-la
edificante, é expressão
do Bem. Entretanto, tudo
quanto conspira contra a
sua elevação, o seu
crescimento e os valores
éticos já logrados pela
Humanidade, é o mal.
Em sendo assim,
entende-se por que num
planeta de provas e
expiações as notícias de
tragédias propiciam o
“prato preferido” pela
ausência do Bem que
ainda caracteriza os
corações encarnados no
educandário da Terra.
Entretanto, mesmo com a
nossa preferência pelas
notícias de catástrofes,
o Bem existe e não
interrompe a sua
caminhada por ser uma
determinação das Leis
maiores da Vida.