Sexo e Destino
André Luiz
(Parte
34 e final)
Concluímos nesta edição
o
estudo da obra
Sexo e Destino,
de André Luiz,
psicografada pelos médiuns
Waldo Vieira e
Francisco Cândido Xavier
e
publicada em 1963 pela
Federação Espírita
Brasileira.
Questões preliminares
A. Como foi a despedida
de Félix do instituto
“Almas Irmãs”?
A despedida foi,
obviamente, muito
emocionante. No
auditório onde ocorreu a
transmissão do cargo de
direção do instituto
para o irmão Régis,
duzentos enfermos,
previamente
selecionados, foram
acomodados na primeira
fila. Ao chegar ao
local, Félix instalou-se
entre o Ministro da
Regeneração, que
representava o
Governador da colônia
"Nosso Lar", e o irmão
Régis, que o
substituiria. Quinhentas
vozes infantis cantaram
em coro dois hinos que
tocaram o coração de
todos. O primeiro se
intitulava "Deus te
abençoe"; o segundo,
"Volta breve, amado
amigo!". Terminados os
derradeiros acordes da
orquestra, os duzentos
enfermos desfilaram
diante de Félix, em nome
do instituto, que
delegava a eles o júbilo
de apertar-lhe as mãos,
ofertando-lhe flores. A
transmissão de cargo foi
simples, com a leitura
de um termo referente à
modificação. Cumprido o
preceito, o Ministro da
Regeneração abraçou o
irmão que partia e
empossou Régis, que
ficava. O novo diretor,
com a voz de quem
chorava por dentro,
expressou-se, breve,
suplicando ao Senhor
abençoasse o companheiro
de regresso à
reencarnação,
hipotecando-lhe,
simultaneamente, votos
de triunfo nas lides que
esposava. Em seguida,
convidou Félix a usar a
palavra.
(Sexo e Destino, 2ª
parte, capítulo XIV, pp.
348 e 349.)
B. Que idade tinha o
menino Félix reencarnado
quando André Luiz teve
permissão de visitá-lo?
Filho do casal Marina e
Gilberto, Félix, que
agora se chamava Sérgio
Cláudio, contava quatro
anos de idade, mas já
entremostrava serenidade
e lucidez nos
pensamentos e nas
palavras. Ao vê-lo,
André quedou-se
impressionado, ignorando
como externar sua
alegria... Era ele
mesmo, com a chama
daqueles olhos
inesquecíveis, conquanto
brilhasse num corpo de
criança despreocupada.
Nemésio desencarnara um
ano antes, em seguida a
escabrosos padecimentos
que duraram três anos.
Segundo André,
verdadeiras maltas de
obsessores ameaçavam o
apartamento de Botafogo,
quando o pobre
companheiro se achava
prestes a partir. Ele
foi, então, assim que
desencarnou, internado
num manicômio
respeitável, mantido
pelo "Almas Irmãs" em
região purgatorial de
trabalho restaurativo,
onde continuava em
tratamento vagaroso.
(Obra citada, 2ª parte,
capítulo XIV, pp. 352 e
353.)
C. Como foi o encontro
de Márcia com o neto
Sérgio Cláudio, que foi
seu grande amor em
existência passada?
O menino, assim que viu
a avó, atirou-se a ela,
gritando,
comovedoramente: "Ah!
vovó! Vovozinha!...
Vovozinha!..." Márcia
estendeu maquinalmente
os braços para acolher
aqueles braços diminutos
que a enlaçavam... O
minúsculo coração, que
passou a bater de
encontro ao dela,
figurou-se-lhe um
pássaro de luz que
descia dos céus a
pousar-lhe no tórax
abatido. Ela fez menção
de beijar o pequenino,
mas recônditas
impressões de felicidade
e de angústia lhe
infundiam sensações de
amor e medo. Por que o
netinho lhe despertava
tão contraditórios
pensamentos? Sérgio
Cláudio, porém, antes
que ela se decidisse a
acariciá-lo, levantou a
cabeça e cobriu-lhe o
rosto de beijos, e não
houve mecha de cabelos
que não alisasse com
dedos ternos, nem ruga
que não afagasse com os
lábios enternecidos. O
neto querido
prendera-lhe,
firmemente, o coração.
(Obra citada, 2ª parte,
capítulo XIV, pp. 356 e
357.)
Texto para leitura
166. Félix
prepara-se para
reencarnar -
Obtendo a dilação de
prazo para mais amplos
estudos no "Almas
Irmãs", André acompanhou
o irmão Félix até que
este se retirasse da
chefia para entregar-se
à preparação das novas
tarefas. O instrutor
escolheu a Casa da
Providência para
despedir-se da
comunidade. Na data
prefixada, as portas do
edifício se abriram para
todos quantos quiseram
dizer adeus ao querido
orientador, que todos os
residentes no instituto
consideravam herói.
Ministros, admiradores,
comissões de vários
órgãos em serviço,
autoridades, amigos,
discípulos,
beneficiários e
companheiros outros ali
se reuniram, irmanados
numa só vibração de
agradecimento e de amor.
Como Félix queria rever
os doentes, em suas
últimas horas de ação
administrativa, e isso
não era possível, por
escassez de tempo, Régis
incumbiu André de
selecionar, entre os
hospitalizados, aqueles
que estivessem em
condições de comparecer
à reunião, sem dano para
as atividades em curso.
Foram, então,
selecionados duzentos
enfermos, que Régis
determinou fossem
acomodados na primeira
fila do auditório, como
homenagem silenciosa
àquele que os amava
tanto. Ao chegar, Félix
instalou-se entre o
Ministro da Regeneração,
que representava o
Governador da colônia
"Nosso Lar", e o irmão
Régis, que o
substituiria. Quinhentas
vozes infantis cantaram
em coro dois hinos que
tocaram o coração de
todos. O primeiro se
intitulava "Deus te
abençoe"; o segundo,
"Volta breve, amado
amigo!". Terminados os
derradeiros acordes da
orquestra, os duzentos
enfermos desfilaram
diante de Félix, em nome
do instituto, que
delegava a eles o júbilo
de apertar-lhe as mãos,
ofertando-lhe flores. A
transmissão de cargo foi
simples, com a leitura
de um termo referente à
modificação. Cumprido o
preceito, o Ministro da
Regeneração abraçou o
irmão que partia e
empossou Régis, que
ficava. O novo diretor,
com a voz de quem
chorava por dentro,
expressou-se, breve,
suplicando ao Senhor
abençoasse o companheiro
de regresso à
reencarnação,
hipotecando-lhe,
simultaneamente, votos
de triunfo nas lides que
esposava. Em seguida,
convidou Félix a usar a
palavra. (Cap. XIV, pp.
348 e 349)
167. Irmã Damiana
despede-se de Félix
- Intensamente comovido
com as homenagens, Félix
levantou-se e alçou a
fala em prece, pedindo a
Jesus, em sua oração,
que o auxiliasse para
que ele fosse digno do
devotamento e da
confiança daquela Casa,
onde por mais de meio
século recebera a
magnanimidade e a
tolerância de todos. Em
resposta à prece do
venerável benfeitor,
entidades das esferas
superiores ali
presentes, conquanto
invisíveis ao olhar de
André, materializaram
farta chuva de pétalas
luminosas que desciam do
teto e se desfaziam ao
tocarem os presentes,
em vagas de perfume
inesquecível. De
repente, um carro
estacou à porta do foro
repleto e, logo após,
certa mulher penetrou o
recinto, revestida de
luz. Num átimo, todos os
circunstantes, inclusive
o Ministro da
Regeneração, se
levantaram, envolvendo a
visitante num olhar de
profundo respeito. Era a
Irmã Damiana, que
integra em "Nosso Lar" o
quadro de campeões da
caridade, nas regiões
das trevas. A
benfeitora, que revelava
imensa modéstia,
trajara-se de
esplendor, tão-só para
mostrar o regozijo com
que vinha receber e
aprontar para novo
renascimento aquele a
quem amava por filho do
coração!
Quatro anos se passaram.
Embora nunca se
esquecesse de Félix, os
instrutores haviam
recomendado a André o
afastamento temporário
do amigo, para não
prejudicá-lo por excesso
de mimos. Um dia, quando
menos esperava, André
recebeu fraterna
mensagem de Régis,
avisando que cessara o
impedimento. Félix
vencera todas as lutas
no ajustamento ao
veículo físico. Alguns
dias depois, Cláudio,
Percília e Moreira, em
serviço no Rio, o
convidaram a rever o
inolvidável amigo, que o
instituto "Almas Irmãs"
até hoje cerca de
infatigável carinho. No
Flamengo, tudo se
alterara. Para atenderem
a questões de
inventário, Gilberto e
Marina se viram na
contingência de vender a
moradia. A família
residia então em
Botafogo. (Cap. XIV, pp.
350 a 352)
168. André revê
Félix reencarnado
- Não há frase terrestre
capaz de descrever a
ventura do reencontro.
Cláudio e Percília
estavam lá. Moreira
chegaria mais tarde.
Marita era uma menina
bonita e chorona e
Félix, que então se
chamava Sérgio Cláudio,
na rósea ternura dos
quatro anos, já
entremostrava serenidade
e lucidez nos
pensamentos e nas
palavras. André
quedou-se impressionado,
ignorando como externar
sua alegria... Era ele
mesmo, com a chama
daqueles olhos
inesquecíveis, conquanto
brilhasse num corpo de
criança despreocupada.
Nemésio desencarnara um
ano antes, em seguida a
escabrosos padecimentos.
Verdadeiras maltas de
obsessores ameaçavam o
apartamento de Botafogo,
quando o pobre
companheiro se achava
prestes a partir.
Percília, porém,
acompanhara o movimento
intercessório que se
levantara em favor dele,
no "Almas Irmãs". Amigos
devotados interpuseram
recursos, rogando
caridade e misericórdia,
quando se soube que a
Justiça, no Instituto,
o considerava incurso em
definitivo banimento.
Companheiros antigos, em
apelos clamorosos,
mencionaram seus gestos
de beneficência ao tempo
de dona Beatriz, somados
ao triênio de
enfermidade e paralisia
que suportara,
resignado. Diante de
tantos empenhos, o
processo foi reaberto e,
reposto o assunto em
exame e verificando que
Nemésio enlouquecera ao
descobrir em torno do
refúgio doméstico a
presença das companhias
infelizes que cultivara,
os juízes recomendaram
se lhe conservasse a
demência por benefício,
porque essa era a única
fórmula pela qual se lhe
poderia dar uma guarda
conveniente, de modo a
subtraí-lo à sanha de
malfeitores
desencarnados, que
anelavam utilizá-lo em
vilezas, tão logo
deixasse o corpo. Em
vista disso, Nemésio foi
internado num manicômio
respeitável, mantido
pelo "Almas Irmãs" em
região purgatorial de
trabalho restaurativo,
onde continuava em
tratamento vagaroso,
incapaz de assumir
compromissos novos com
as Inteligências das
trevas. Márcia, por sua
vez, andava doente, mas
arredia. Nunca mais
retornara ao convívio
familiar, apesar do
interesse de Gilberto e
Marina de reaver-lhe a
confiança. Dizia
detestar parentes e,
apesar de doente, bebia
e jogava com desatino.
Cláudio informou,
contudo, que os filhos
aguardavam ensejo para
apresentar-lhe os netos,
o que deveria acontecer
naqueles dias. (Cap.
XIV, pp. 352 e 353)
169. Os netos veem
a avó pela primeira vez
- André e os amigos
conversaram largo tempo
em torno das maravilhas
da vida. Percília
comparou a experiência
terrestre a um tapete
precioso, de que o
Espírito encarnado,
tecelão do próprio
destino, só conhece o
lado avesso. De noite,
apareceu Moreira. De
manhã, estavam todos a
postos. Como a família
iria passar o dia na
praia, onde esperavam
encontrar dona Márcia,
o café da manhã estava
animado. Marita queria o
maiô verde e a lata de
bolo. Sérgio Cláudio
preferia sorvete. Antes
da saída, Marina,
pensando na missão que a
aguardava, lembrou-se de
Cláudio e, sentindo-se
espiritualmente
assistida por ele, pediu
às duas crianças que
orassem juntos. O
menino recitou a prece
dominical, seguido por
Marita. Em seguida,
Marina solicitou ao
pequerrucho recordasse
em voz alta a oração
que lhe havia ensinado.
Como Sérgio Cláudio lhe
dissesse haver
esquecido, ela orou e
ele, erguendo a fronte
para o Alto, na atitude
reverente que André
conhecia, repetiu, uma a
uma, as palavras que
ouvia de sua mãe: "Amado
Jesus... nós pedimos ao
senhor trazer
vovozinha... para
morar... conosco..."
Pouco depois, quando
eram nove da manhã, a
pequena caravana,
acompanhada de André e
seus amigos, descia do
ônibus nas adjacências
da praia. Eram quatro
encarnados e quatro
desencarnados. Gilberto
e Marina procuraram em
vários lugares da praia,
até que viram dona
Márcia, de maiô,
estirada sob tenda
acolhedora. Parecia
cansada, triste, embora
sorrisse para o bando
álacre das amigas.
Cláudio, emocionado,
sugeriu a André a
envolvesse em
reminiscências
edificantes. Sob
influência espiritual,
Márcia começou a pensar
na filha... Marina! Onde
estaria Marina? Que
saudades! Como lhe doía
a separação!...
Rememorou, assim, o lar,
Cláudio, Aracélia e as
filhas... E indagava, de
alma inquieta, se teria
valido a pena existir
para alcançar a velhice
em tamanha solidão.
Nisso, viu que a turma
se avizinhava.
Erguendo-se, assustada,
reconheceu a filha e o
genro e viu a jovem
Marita; entretanto, ao
esbarrar com os olhos de
Sérgio Cláudio, quedou
enlevada, monologando no
íntimo: "Oh! Deus, que
estranha e linda
criança!..." (Cap. XIV,
pp. 354 a 356)
170. Márcia se
comove com o carinho do
neto - O menino,
após lhe haver Marina
cochichado algo aos
ouvidos, largou
apressado a destra
materna, e atirou-se a
ela, gritando,
comovedoramente: "Ah!
vovó! Vovozinha!...
Vovozinha!..." Márcia
estendeu maquinalmente
os braços para acolher
aqueles braços diminutos
que a enlaçavam... O
minúsculo coração, que
passou a bater de
encontro ao dela,
figurou-se-lhe um
pássaro de luz que
descia dos céus a
pousar-lhe no tórax
abatido. Fez menção de
beijar o pequenino, mas
recônditas impressões de
felicidade e de angústia
lhe infundiam sensações
de amor e medo. Por que
o netinho lhe
despertava tão
contraditórios
pensamentos? Sérgio
Cláudio, porém, antes
que ela se decidisse a
acariciá-lo, levantou a
cabeça e cobriu-lhe o
rosto de beijos, e não
houve mecha de cabelos
que não alisasse com
dedos ternos, nem ruga
que não afagasse com os
lábios enternecidos.
Assim enleada, Márcia
recolheu as saudações
dos filhos, abraçou a
menina, que via
igualmente pela primeira
vez, referiu-se à saúde
e, quando entrou a
comentar quanto à
vivacidade dos netos,
Marina pediu ao
filhinho declamasse a
prece da vovozinha, que
pronunciara em casa,
antes de sair. O menino
perfilou-se diante da
avó e, cerrando os
olhos, em laboriosa
diligência de
imaginação, repetiu,
firme: "Amado Jesus, nós
pedimos ao senhor trazer
vovozinha para morar
conosco..." Márcia
prorrompeu em lágrimas
copiosas. "Que é isso,
mamãe? – perguntou
Marina – a senhora
chorando?" "Ah! minha
filha! – respondeu
Márcia, aconchegando o
neto ao peito – estou
ficando velha!..." Logo
depois, despediu-se das
amigas, avisando que
naquele domingo
almoçaria em Botafogo,
mas, intimamente, estava
persuadida de que não
mais largaria a
residência da filha em
Botafogo, nunca mais.
Álvaro, a quem ela amou
imensamente no passado,
ora reencarnado como seu
neto querido,
prendera-lhe,
firmemente, o coração.
(Cap. XIV, pp. 356 e
357)
Fim