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Estudando a série André Luiz
Ano 7 - N° 315 - 9 de Junho de 2013
MARCELO BORELA DE OLIVEIRA
mbo_imortal@yahoo.com.br
Londrina, Paraná (Brasil)
 


Sexo e Destino

André Luiz

(Parte 34 e final)

Concluímos nesta edição o estudo da obra Sexo e Destino, de André Luiz, psicografada pelos médiuns Waldo Vieira e Francisco Cândido Xavier e publicada em 1963 pela Federação Espírita Brasileira.

Questões preliminares 

A. Como foi a despedida de Félix do instituto “Almas Irmãs”?

A despedida foi, obviamente, muito emocionante. No auditório onde ocorreu a transmissão do cargo de direção do instituto para o irmão Régis, duzentos enfermos, previamente selecionados, foram acomodados na primeira fila. Ao chegar ao local, Félix instalou-se entre o Ministro da Regeneração, que representava o Governador da colônia "Nosso Lar", e o irmão Régis, que o substituiria. Quinhentas vozes infantis cantaram em coro dois hinos que tocaram o coração de todos. O primeiro se intitulava "Deus te abençoe"; o segundo, "Volta breve, amado amigo!". Terminados os derradeiros acordes da orquestra, os duzentos enfermos desfilaram diante de Félix, em nome do instituto, que delegava a eles o júbilo de apertar-lhe as mãos, ofertando-lhe flores. A transmissão de cargo foi simples, com a leitura de um termo refe­rente à modificação. Cumprido o preceito, o Ministro da Regeneração abraçou o irmão que partia e empossou Régis, que ficava. O novo diretor, com a voz de quem chorava por dentro, expressou-se, breve, suplicando ao Senhor abençoasse o companheiro de regresso à reencarnação, hipotecando-lhe, simultaneamente, votos de triunfo nas lides que esposava. Em seguida, convidou Félix a usar a palavra. (Sexo e Destino, 2ª parte, capítulo XIV, pp. 348 e 349.)

B. Que idade tinha o menino Félix reencarnado quando André Luiz teve permissão de visitá-lo?

Filho do casal Marina e Gilberto, Félix, que agora se chamava Sérgio Cláudio, contava quatro anos de idade, mas já entremostrava serenidade e lucidez nos pensamentos e nas palavras. Ao vê-lo, André quedou-se impressionado, ignorando como externar sua alegria... Era ele mesmo, com a chama daqueles olhos inesquecíveis, conquanto brilhasse num corpo de criança despreocupada. Nemésio desencarnara um ano antes, em seguida a escabrosos padecimentos que duraram três anos. Segundo André, verdadeiras maltas de obsessores ameaçavam o apartamento de Botafogo, quando o pobre companheiro se achava prestes a partir. Ele foi, então, assim que desencarnou, internado num manicômio respeitável, mantido pelo "Almas Irmãs" em região purgatorial de trabalho restaurativo, onde continuava em tratamento vagaroso. (Obra citada, 2ª parte, capítulo XIV, pp. 352 e 353.)

C. Como foi o encontro de Márcia com o neto Sérgio Cláudio, que foi seu grande amor em existência passada?

O menino, assim que viu a avó, atirou-se a ela, gritando, comovedoramente: "Ah! vovó! Vovozinha!... Vovozinha!..." Márcia estendeu maquinalmente os braços para acolher aqueles braços diminutos que a enlaçavam... O minúsculo coração, que passou a bater de encontro ao dela, figurou-se-lhe um pássaro de luz que descia dos céus a pousar-lhe no tórax abatido. Ela fez menção de beijar o pequenino, mas recônditas impressões de felicidade e de angústia lhe infundiam sensações de amor e medo. Por que o netinho lhe despertava tão contraditórios pensamentos? Sérgio Cláudio, porém, antes que ela se decidisse a acariciá-lo, levantou a cabeça e cobriu-lhe o rosto de beijos, e não houve mecha de cabelos que não alisasse com dedos ternos, nem ruga que não afagasse com os lábios enternecidos. O neto querido prendera-lhe, firmemente, o coração. (Obra citada, 2ª parte, capítulo XIV, pp. 356 e 357.) 

Texto para leitura 

166. Félix prepara-se para reencarnar - Obtendo a dilação de prazo para mais amplos estudos no "Almas Irmãs", André acompanhou o irmão Félix até que este se retirasse da chefia para entregar-se à prepara­ção das novas tarefas. O instrutor escolheu a Casa da Providência para despedir-se da comunidade. Na data prefixada, as portas do edifício se abriram para todos quantos quiseram dizer adeus ao querido orientador, que todos os residentes no instituto consideravam herói. Ministros, admiradores, comissões de vários órgãos em serviço, autoridades, ami­gos, discípulos, beneficiários e companheiros outros ali se reuniram, irmanados numa só vibração de agradecimento e de amor. Como Félix que­ria rever os doentes, em suas últimas horas de ação administrativa, e isso não era possível, por escassez de tempo, Régis incumbiu André de selecionar, entre os hospitalizados, aqueles que estivessem em con­dições de comparecer à reunião, sem dano para as atividades em curso. Foram, então, selecionados duzentos enfermos, que Régis determinou fossem acomodados na primeira fila do auditório, como homenagem silen­ciosa àquele que os amava tanto. Ao chegar, Félix instalou-se entre o Ministro da Regeneração, que representava o Governador da colônia "Nosso Lar", e o irmão Régis, que o substituiria. Quinhentas vozes in­fantis cantaram em coro dois hinos que tocaram o coração de todos. O primeiro se intitulava "Deus te abençoe"; o segundo, "Volta breve, amado amigo!". Terminados os derradeiros acordes da orquestra, os du­zentos enfermos desfilaram diante de Félix, em nome do instituto, que delegava a eles o júbilo de apertar-lhe as mãos, ofertando-lhe flores. A transmissão de cargo foi simples, com a leitura de um termo refe­rente à modificação. Cumprido o preceito, o Ministro da Regeneração abraçou o irmão que partia e empossou Régis, que ficava. O novo dire­tor, com a voz de quem chorava por dentro, expressou-se, breve, supli­cando ao Senhor abençoasse o companheiro de regresso à reencarnação, hipotecando-lhe, simultaneamente, votos de triunfo nas lides que espo­sava. Em seguida, convidou Félix a usar a palavra. (Cap. XIV, pp. 348 e 349)

167. Irmã Damiana despede-se de Félix - Intensamente comovido com as homenagens, Félix levantou-se e alçou a fala em prece, pedindo a Jesus, em sua oração, que o auxiliasse para que ele fosse digno do de­votamento e da confiança daquela Casa, onde por mais de meio século recebera a magnanimidade e a tolerância de todos. Em resposta à prece do venerável benfeitor, entidades das esferas superiores ali presen­tes, conquanto invisíveis ao olhar de André, materializaram farta chuva de pétalas luminosas que desciam do teto e se desfaziam ao toca­rem os presentes, em vagas de perfume inesquecível. De repente, um car­ro estacou à porta do foro repleto e, logo após, certa mulher pene­trou o recinto, revestida de luz. Num átimo, todos os circunstantes, inclusive o Ministro da Regeneração, se levantaram, envolvendo a visi­tante num olhar de profundo respeito. Era a Irmã Damiana, que integra em "Nosso Lar" o quadro de campeões da caridade, nas regiões das tre­vas. A benfeitora, que revelava imensa modéstia, trajara-se de es­plendor, tão-só para mostrar o regozijo com que vinha receber e apron­tar para novo renascimento aquele a quem amava por filho do cora­ção!

Quatro anos se passaram. Embora nunca se esquecesse de Félix, os instrutores haviam recomendado a André o afastamento temporário do amigo, para não prejudicá-lo por excesso de mimos. Um dia, quando me­nos esperava, André recebeu fraterna mensagem de Régis, avisando que cessara o impedimento. Félix vencera todas as lutas no ajustamento ao veículo físico. Alguns dias depois, Cláudio, Percília e Moreira, em serviço no Rio, o convidaram a rever o inolvidável amigo, que o insti­tuto "Almas Irmãs" até hoje cerca de infatigável carinho. No Flamengo, tudo se alterara. Para atenderem a questões de inventário, Gilberto e Marina se viram na contingência de vender a moradia. A família residia então em Botafogo. (Cap. XIV, pp. 350 a 352)

168. André revê Félix reencarnado - Não há frase terrestre capaz de descrever a ventura do reencontro. Cláudio e Percília estavam lá. Moreira chegaria mais tarde. Marita era uma menina bonita e chorona e Félix, que então se chamava Sérgio Cláudio, na rósea ternura dos qua­tro anos, já entremostrava serenidade e lucidez nos pensamentos e nas palavras. André quedou-se impressionado, ignorando como externar sua alegria... Era ele mesmo, com a chama daqueles olhos inesquecíveis, conquanto brilhasse num corpo de criança despreocupada. Nemésio de­sencarnara um ano antes, em seguida a escabrosos padecimentos. Verda­deiras maltas de obsessores ameaçavam o apartamento de Botafogo, quando o pobre companheiro se achava prestes a partir. Percília, po­rém, acompanhara o movimento intercessório que se levantara em favor dele, no "Almas Irmãs". Amigos devotados interpuseram recursos, ro­gando caridade e misericórdia, quando se soube que a Justiça, no Ins­tituto, o considerava incurso em definitivo banimento. Companheiros antigos, em apelos clamorosos, mencionaram seus gestos de beneficência ao tempo de dona Beatriz, somados ao triênio de enfermidade e parali­sia que suportara, resignado. Diante de tantos empenhos, o processo foi reaberto e, reposto o assunto em exame e verificando que Nemésio enlouquecera ao descobrir em torno do refúgio doméstico a presença das companhias infelizes que cultivara, os juízes recomendaram se lhe con­servasse a demência por benefício, porque essa era a única fórmula pela qual se lhe poderia dar uma guarda conveniente, de modo a sub­traí-lo à sanha de malfeitores desencarnados, que anelavam utilizá-lo em vilezas, tão logo deixasse o corpo. Em vista disso, Nemésio foi in­ternado num manicômio respeitável, mantido pelo "Almas Irmãs" em re­gião purgatorial de trabalho restaurativo, onde continuava em trata­mento vagaroso, incapaz de assumir compromissos novos com as Inteli­gências das trevas. Márcia, por sua vez, andava doente, mas arredia. Nunca mais retornara ao convívio familiar, apesar do interesse de Gil­berto e Marina de reaver-lhe a confiança. Dizia detestar parentes e, apesar de doente, bebia e jogava com desatino. Cláudio informou, con­tudo, que os filhos aguardavam ensejo para apresentar-lhe os netos, o que deveria acontecer naqueles dias. (Cap. XIV, pp. 352 e 353)

169. Os netos veem a avó pela primeira vez - André e os amigos conversaram largo tempo em torno das maravilhas da vida. Percília com­parou a experiência terrestre a um tapete precioso, de que o Espírito encarnado, tecelão do próprio destino, só conhece o lado avesso. De noite, apareceu Moreira. De manhã, estavam todos a postos. Como a fa­mília iria passar o dia na praia, onde esperavam encontrar dona Már­cia, o café da manhã estava animado. Marita queria o maiô verde e a lata de bolo. Sérgio Cláudio preferia sorvete. Antes da saída, Marina, pensando na missão que a aguardava, lembrou-se de Cláudio e, sentindo-se espiritualmente assistida por ele, pediu às duas crianças que oras­sem juntos. O menino recitou a prece dominical, seguido por Marita. Em seguida, Marina solicitou ao pequerrucho recordasse em voz alta a ora­ção que lhe havia ensinado. Como Sérgio Cláudio lhe dissesse haver es­quecido, ela orou e ele, erguendo a fronte para o Alto, na atitude re­verente que André conhecia, repetiu, uma a uma, as palavras que ouvia de sua mãe: "Amado Jesus... nós pedimos ao senhor trazer vovozinha... para morar... conosco..." Pouco depois, quando eram nove da manhã, a pequena caravana, acompanhada de André e seus amigos, descia do ônibus nas adjacências da praia. Eram quatro encarnados e quatro desencarna­dos. Gilberto e Marina procuraram em vários lugares da praia, até que viram dona Márcia, de maiô, estirada sob tenda acolhedora. Parecia cansada, triste, embora sorrisse para o bando álacre das amigas. Cláu­dio, emocionado, sugeriu a André a envolvesse em reminiscências edifi­cantes. Sob influência espiritual, Márcia começou a pensar na filha... Marina! Onde estaria Marina? Que saudades! Como lhe doía a separa­ção!... Rememorou, assim, o lar, Cláudio, Aracélia e as filhas... E indagava, de alma inquieta, se teria valido a pena existir para alcan­çar a velhice em tamanha solidão. Nisso, viu que a turma se avizi­nhava. Erguendo-se, assustada, reconheceu a filha e o genro e viu a jovem Marita; entretanto, ao esbarrar com os olhos de Sérgio Cláudio, quedou enlevada, monologando no íntimo: "Oh! Deus, que estranha e linda criança!..." (Cap. XIV, pp. 354 a 356)

170. Márcia se comove com o carinho do neto - O menino, após lhe haver Marina cochichado algo aos ouvidos, largou apressado a des­tra materna, e atirou-se a ela, gritando, comovedoramente: "Ah! vovó! Vo­vozinha!... Vovozinha!..." Márcia estendeu maquinalmente os braços para acolher aqueles braços diminutos que a enlaçavam... O minúsculo coração, que passou a bater de encontro ao dela, figurou-se-lhe um pássaro de luz que descia dos céus a pousar-lhe no tórax abatido. Fez menção de beijar o pequenino, mas recônditas impressões de felicidade e de angústia lhe infundiam sensações de amor e medo. Por que o ne­tinho lhe despertava tão contraditórios pensamentos? Sérgio Cláudio, porém, antes que ela se decidisse a acariciá-lo, levantou a cabeça e cobriu-lhe o rosto de beijos, e não houve mecha de cabelos que não alisasse com dedos ternos, nem ruga que não afagasse com os lábios en­ternecidos. Assim enleada, Márcia recolheu as saudações dos filhos, abraçou a menina, que via igualmente pela primeira vez, referiu-se à saúde e, quando entrou a comentar quanto à vivacidade dos netos, Ma­rina pediu ao filhinho declamasse a prece da vovozinha, que pronunciara em casa, antes de sair. O menino perfilou-se diante da avó e, cerrando os olhos, em laboriosa diligência de imaginação, repetiu, firme: "Amado Jesus, nós pedimos ao senhor trazer vovozinha para morar conosco..." Márcia prorrompeu em lágrimas copiosas. "Que é isso, ma­mãe? – perguntou Marina –  a senhora chorando?" "Ah! minha filha! –  respondeu Márcia, aconchegando o neto ao peito –  estou ficando velha!..." Logo depois, despediu-se das amigas, avisando que naquele domingo almoçaria em Botafogo, mas, intimamente, estava persuadida de que não mais largaria a residência da filha em Botafogo, nunca mais. Álvaro, a quem ela amou imensamente no passado, ora reencarnado como seu neto querido, prendera-lhe, firmemente, o coração. (Cap. XIV, pp. 356 e 357)

Fim


 


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 Revista Semanal de Divulgação Espírita