O pensamento
Formações fluídicas,
forças ideoplásticas,
formas-pensamento
são expressões que
compõem a literatura
espírita clássica, que
inclui, além da obra
basilar de Allan Kardec,
psicografias de
Francisco Cândido Xavier
pelo Espírito de André
Luiz, estudos
desenvolvidos por
Ernesto Bozzano e muitos
outros. O aspecto
essencial dessas
expressões fixa-se na
capacidade própria do
pensamento de interferir
nas realidades físicas e
psíquicas do próprio
indivíduo e do ambiente
que o cerca. Essa
interferência pode
manifestar-se, por
exemplo, sob a forma de
cura, refazimento físico
e psíquico, além da
transmissão de eflúvios
balsâmicos
tranquilizantes e
reanimadores para almas
debilitadas ou, ainda,
como manipulação da
matéria bruta, própria
da crosta terrestre, ou,
então, da matéria sutil,
comum no plano
espiritual, sempre de
acordo com objetivos
específicos.
Kardec demonstra com
maestria o alcance e as
consequências do
pensamento:
“Um pensamento superior,
bem pensado, se me é
permitido servir-me
desta expressão, pode,
segundo a sua força e
elevação, impressionar
mais ou menos a homens
que nenhuma consciência
tenham de se achar sob a
sua influência; e
também, muitas vezes,
aquele que o emite não
tem consciência do
efeito que o seu
pensamento vai produzir.
É um jogo constante das
inteligências humanas,
resultante da ação
recíproca de uma sobre
as outras. Juntai a isto
a ação dos desencarnados
e calculai, se puderdes,
a alta potência desta
força composta de tantas
forças reunidas”.
“Se fosse possível pôr
em evidência o imenso
mecanismo que o
pensamento põe em
atividade, e os efeitos
que produz, de um para
outro grupo e, enfim, a
ação universal dos
pensamentos dos homens,
uns sobre os outros, o
homem ficaria
deslumbrado,
sentir-se-ia
amesquinhado diante
desta infinidade de
circunstâncias, diante
dessa rede infinita;
tudo ligado por uma
poderosa vontade e
agindo harmonicamente
para um único fim: o
progresso universal.”
(Do livro “Obras
Póstumas”, no
capítulo: “Introdução
ao Estudo da Fotografia
e da Telegrafia do
Pensamento”.)
Ainda a esse respeito,
André Luiz nos traz,
através da psicografia
de Francisco Cândido
Xavier, informações de
seu instrutor no plano
espiritual:
“O pensamento é, sem
dúvida, força criadora
de nossa própria alma e,
por isto mesmo, é a
continuação de nós
mesmos. Através dele,
atuamos no meio em que
vivemos e agimos,
estabelecendo o padrão
de nossa influência, no
bem ou no mal”.
(Do livro “Libertação”,
no capítulo XVII: “Assistência
Fraternal”.)
O próprio André Luiz, em
psicografia de Francisco
Cândido Xavier e Waldo
Vieira, aprofunda as
reflexões sobre o tema:
“A partícula de
pensamento, pois, como
corpúsculo fluídico,
tanto quanto o átomo, é
uma unidade na essência,
a subdividir-se, porém,
em diversos tipos,
conforme a quantidade,
qualidade, comportamento
e trajetórias dos
componentes que a
integram”.
“E assim como o átomo é
uma força viva e
poderosa na própria
contextura, passiva,
entretanto, diante da
inteligência que a
mobiliza para o bem ou
para o mal, a partícula
de pensamento, embora
viva e poderosa na
composição em que se
derrama do Espírito que
a produz, é igualmente
passiva perante o
sentimento que lhe dá
forma e natureza para o
bem ou para o mal,
convertendo-se, por
acumulação, em fluido
gravitante ou
libertador, ácido ou
balsâmico, doce ou
amargo, alimentício ou
esgotante, vivificador
ou mortífero, segundo a
força do sentimento que
o tipifica e configura,
nomeável, à falta de
terminologia
equivalente, como “raio
da emoção” ou “raio do
desejo”, força essa que
lhe opera a
diferenciação de massa e
trajeto, impacto e
estrutura.”
(Do livro “Evolução
em Dois Mundos”,
capítulo XIII: “Alma
e Fluidos”, item
referente à “Reflexão
das Ideias”.)
Já para os Espíritos
libertos do invólucro
carnal, o pensamento age
de uma forma própria
desse estado, o que é
descrito com clareza em
“A Gênese”,
capítulo XIV, item14:
“Os Espíritos agem sobre
os fluidos espirituais,
não que os manipulem
como os homens manipulam
os gases, mas com o
auxílio do pensamento e
da vontade. O pensamento
e a vontade são para os
Espíritos aquilo que a
mão é para o homem. Pelo
pensamento, eles
imprimem a tais fluidos
esta ou aquela direção;
eles os aglomeram, os
combinam ou os
dispersam; formam, com
esses materiais,
conjuntos que tenham uma
aparência, uma forma,
uma cor determinadas;
mudam suas propriedades
como um químico altera
as propriedades dos
gases ou de outros
corpos, combinando-os
segundo determinadas
leis. É a grande oficina
ou laboratório da vida
espiritual”.
“Algumas vezes, essas
transformações são
resultado de uma
intenção;
frequentemente, são o
produto de um pensamento
inconsciente; basta ao
Espírito pensar numa
coisa para que tal coisa
se produza, assim como
basta modular uma ária
para que a música
repercuta na atmosfera.”
Inferem-se de tais
ensinamentos, o
extraordinário poder e
abrangência do
pensamento e, se tal
ocorre com os meios
físicos e psíquicos
externos ao indivíduo,
quão decisiva será a
influência do mesmo nas
resoluções nobres e
elevadas, tomadas com
firmeza e determinação
pelo mesmo, e quão
exposto estará o
incauto, que não tome a
rédea dos próprios
pensamentos, abrindo-se,
dessa forma, ao assédio
de forças nocivas
criadas e acalentadas
por ele próprio e por
terceiros?
Enfim, o pensamento é
dádiva divina a ser
administrada com
dedicação suprema. Sobre
isso o nobre Espírito
Joanna de Ângelis
esclarece:
“Por motivos óbvios,
somente o ser humano
pensa, é capaz de
compreender abstrações,
de conceber e antever o
que lhe ocorre nos
painéis da mente, e que
pode materializar
posteriormente através
do empenho e da
dedicação na construção
das ideias”.
“Mediante o pensamento
bem ordenado, todo o
constructo do ser humano
avança pelas vias
formosas da saúde e da
edificação interior,
alcançando o elevado
patamar da
individuação.”
(Do livro “Em Busca
da Verdade”, pelo
Espírito Joanna de
Ângelis, psicografado
por Divaldo P. Franco.)
Assim sendo, o
pensamento, esse
poderoso dom divino, que
é parte da própria
essência do espírito
humano, está presente de
forma ininterrupta em
nosso cotidiano. Não
estarmos atentos e
vigilantes quanto a isso
pode ser desastroso!
Sentimentos negativos de
raiva, tristeza e
frustração, dentre
outros, aos quais muitas
vezes somos levados de
forma quase
inconsciente, são fontes
de dispersão de energias
poderosas, que afetam de
maneira significativa,
não somente os que nos
rodeiam, como também e,
sobretudo, aqueles que
os mantêm. Da mesma
forma, disposições
internas edificantes de
honestidade e de bondade
são invariavelmente
respaldadas e ampliadas
por forças provenientes,
não somente desses
pensamentos, mas também
pela contribuição de
Espíritos afins, que nos
secundam de forma pronta
e eficaz.
Mais uma vez, os
alertas do Mestre Jesus
mostram-se
indispensáveis ao longo
de nossa caminhada
evolutiva. Orar e
vigiar são
providências essenciais
para que possamos
utilizar de forma livre,
consciente e construtiva
esse magnífico poder que
recebemos gratuita e
amorosamente do Pai
Criador, caso contrário
seremos vítimas incautas
de nossa própria
displicência.