Durante
o ano
guardei
no
porquinho
de
porcelana
todas as
moedinhas
de valor
muito
pequeno,
para
quando
meu neto
Nicolas
viesse a
Londres
pudesse
contar,
se
organizar
para ir
depositar
no Banco
NatWest.
Os dias
passaram,
entre
uma
coisa e
outra,
entre um
passeio
na neve
e
viagem,
enfim,
passaram-se
os 40
dias e o
porquinho
pesadinho
nos
olhando
na
prateleira,
já
prontinho
para ir
ao
banco.
Continha
o
montante
de
£10-80
(dez
libras e
80
centavos)
que hoje
em reais
vale R$
32,97.
Saímos
uma
tarde e
ele
decidiu
usar o
valor
que
estava
no
porquinho,
para
inteirar
o valor
a pagar
de um
brinquedo
em que
ele
estava
interessado.
Disse-me:
Vovó,
você
pode
ficar
com o
porquinho
e me dar
o meu
dinheiro
agora?
Já que
não vai
dar para
ir ao
Banco,
você me
dá o
dinheiro
e fica
com as
moedas...
Claro
que eu o
ajudei a
comprar
o que
ele
queria,
afinal o
dinheiro
era
dele.
Bem...
Nicolas
voltou
ao
Brasil e
o
porquinho
continua
me
olhando
todos os
dias.
Decidi
aproveitar
as
moedas
para
doar...
Consegui
colocar
as
moedas
em
pequeninos
envelopes,
preparei
uma
pequena
mensagem
em
inglês,
e ainda
escrevi
com
minha
letra
num
papel
stick o
seguinte:
“Você é
muito
importante
para
todos
nós. Se
você
precisar
conversar,
venha
até nós,
temos
reunião
no dia
tal, e
tal, e
tal...”
- enfim,
dei
detalhes
na
escrita.
Naquela
noite,
uma
amiga da
Seicho-No-Ie
veio à
sede da
BUSS
buscar
livros,
e saímos
juntas.
Lembrei-me
de pegar
um dos
envelopes
já
pronto,
e saímos
em
direção
à
estação
de
Bethnal
Green,
onde
sempre
se
sentam
alguns
homeless
(pedintes
sem
casa), a
pedir
esmola.
Ficam
por ali
sempre e
trazem
um
cachorro
com
eles,
até
mesmo
por
proteção.
Lá
estava
ele.
Dei-lhe
o
envelope
e
conversamos
um
pouco.
Minha
amiga
ficou me
olhando,
e não se
conteve,
também
doou
algo, e
prosseguimos.
Ela
achou a
ideia
fantástica
e disse
que iria
fazer a
mesma
coisa.
Fica tão
frio
você dar
uma
esmola,
jogando
a moeda
na
caixinha
no chão,
sem
parar
para
conversar
nem que
seja por
alguns
minutinhos
apenas.
Dar algo
mais
além de
conversar,
quem
sabe a
oportunidade
de a
pessoa
vir até
você, no
seu
grupo
espírita,
e quem
sabe,
meu
Deus,
quem
sabe...
mudar o
curso de
uma
existência...
Agora,
sempre
que
passo
ali, ao
lado do
McDonalds
de
Bethnal
Green,
ao lado
da
Providence
Row,
quando o
nosso “beggar”,
que pede
a
esmola,
ali se
encontra,
paro e
conversamos
um
pouco.
O tempo
me dará
a
oportunidade
de lhe
dar um
livro e
eu o
farei.
Não
temos
pressa,
mas a
certeza
de que,
dia após
dia,
temos
oportunidades
incríveis
de
usarmos
as
moedinhas
da
caridade
e do
amor,
dando o
que
temos,
oferecendo
o que
nos
ensina a
nossa
doutrina,
pela
presença
DELES,
os
Benfeitores
em
nossas
vidas,
nos
inspirando
a agir
da
melhor
forma
possível,
em todas
as
terras
daqui e
de
além-mar.
Elsa
Rossi
é membro
da
Comissão
Executiva
do
Conselho
Espírita
Internacional,
diretora
do
Departamento
de
Unificação
para os
Países
da
Europa,
organismo
do
Conselho
Espírita
Internacional,
e
atual presidente
da British
Union of
Spiritist
Societies
(BUSS).