Jesus na casa de Zaqueu
Na época de Jesus,
quando a Palestina era
dominada pelo Império
Romano, existiam, entre
as várias classes, a dos
publicanos, que eram os
cobradores de impostos e
de taxas.
Os judeus os detestavam,
pois pagavam pesados
impostos e, além do
mais, muitos publicanos
eram desonestos e
aproveitavam-se do cargo
para se locupletarem
financeiramente.
Entre os publicanos
havia um homem chamado
Zaqueu, que era o chefe
dos publicanos em
Jericó. Segundo o que
podemos deduzir do que
relata Humberto de
Campos no capítulo 23 (O
servo bom) do livro Boa
Nova (FEB), psicografado
por Francisco Cândido
Xavier, Zaqueu procurava
empregar o dinheiro de
modo que representasse
benefícios para todos e
organizava múltiplos
serviços de criação de
animais e de cultivo
permanente de terra,
sendo que até de
Jerusalém muitas
famílias iam buscar,
nesses trabalhos, o
recurso indispensável à
vida. Os servos de
Zaqueu nunca o
encontraram sem a
sincera disposição de
servi-los.
O Evangelho de Lucas,
19:1 a 10, relata que
tendo Jesus entrado em
Jericó, passava pela
cidade, quando Zaqueu
quis vê-lo. Contudo, por
ser de baixa estatura,
subiu a um pé de
sicômoro para ver o
Mestre, porquanto Jesus
tinha de passar por ali.
Chegando a esse lugar,
Jesus dirigiu para o
alto o olhar e, vendo-o,
disse-lhe: “Zaqueu,
dá-te pressa em descer,
porquanto preciso que me
hospedes hoje em tua
casa”. Zaqueu desceu
imediatamente e o
recebeu, jubiloso.
Diante de Jesus, Zaqueu
prontificou-se a dar a
metade de seus bens aos
pobres e, se porventura
tivesse causado dano a
alguém, no que fosse,
indenizaria o
prejudicado com quatro
tantos (a lei exigia o
montante e mais um
quinto), ao que Jesus
disse: “Esta casa
recebeu hoje a salvação,
porque também este é
filho de Abraão; visto
que o Filho do homem
veio para procurar e
salvar o que estava
perdido”.
Além da lição da
caridade e do
desprendimento, essa
passagem nos mostra a
importância do dividir.
Edgard Armond dizia que
o verdadeiro discípulo
de Jesus é aquele que
não apenas dá o que
sobra, mas divide o que
tem. É importante
dividir não apenas bens
materiais, mas tudo o
que pudermos
compartilhar com o
semelhante, no dia a
dia: nossas alegrias,
nossas expectativas,
enfim, tudo o que se
constitui em atributos
de caridade moral.
Outra lição é a do bom
aproveitamento da
riqueza, que, junto com
a miséria, são ambas
provas muito arriscadas.
Mas a riqueza constitui
uma prova ainda mais
perigosa do que a
miséria, “pelos
arrastamentos a que dá
causa, pelas tentações
que gera e pela
fascinação que exerce. É
o laço mais forte que
prende o homem à Terra e
lhe desvia do céu os
pensamentos. Produz tal
vertigem que, muitas
vezes, aquele que passa
da miséria à riqueza
esquece de pronto a sua
primeira condição, os
que com ele a
partilharam, os que o
ajudaram, e faz-se
insensível, egoísta e
vão. Mas, do fato de a
riqueza tornar difícil a
jornada, não se segue
que a torne impossível e
não possa vir a ser um
meio de salvação para o
que dela sabe servir-se,
como certos venenos
podem restituir a saúde,
se empregados a
propósito e com
discernimento”. É o que
explica o item 7
(Utilidade providencial
da riqueza. Provas da
riqueza e da miséria) de
O Evangelho segundo o
Espiritismo, capítulo
XVI (Não se pode servir
a Deus e a Mamon).
Foi na casa de Zaqueu
que Jesus contou a
parábola dos talentos,
em que ele compara o
Reino dos Céus a um
homem que, ao se
ausentar, confiou cinco
talentos a um de seus
servos; a outro, dois
talentos e ao terceiro,
um talento. O primeiro e
o segundo multiplicaram
os talentos recebidos,
mas o que recebeu um
talento ficou com medo
de perdê-lo e enterrou a
moeda.
Com um talento de prata,
podia-se adquirir um
rebanho de seis mil
ovelhas, ou 1.200 bois.
Comparando o talento
(moeda da época, na
Palestina) com os nossos
dons, compreende-se que,
por menos que os
tenhamos, convém agirmos
como os dois primeiros
servos e não
enterrá-los, pois têm
grande valor, diante do
trabalho grandioso que
temos a empreender, em
benefício próprio e do
próximo.